Empreendedores de sorveterias em Belém apostam em inovação com a chegada da COP 30
Empreendedores do ramo comentam sobre como lidar com a sazonalidade e como se destacar
O mercado de sorvetes em Belém é um setor que mistura tradição e inovação, principalmente com o uso de ingredientes típicos da região. Em uma cidade marcada pelo calor intenso, as sorveterias não são apenas uma forma de negócio, mas também uma maneira de valorizar a cultura local, além de proporcionar aos consumidores experiências sensoriais únicas. Com a chegada de grandes eventos como a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP 30), as expectativas para o setor aumentam, principalmente no que diz respeito ao aumento do fluxo de turistas e à diversificação do público. Empreendedores locais apostam na inovação e na valorização dos ingredientes regionais para atrair um público diversificado e se destacar em meio à concorrência.
Jakeline Ramos, proprietária de uma sorveteria no bairro da Pedreira, entrou no ramo de sorveteria há dois anos, resgatando uma tradição familiar. "Meu marido aprendeu a fabricar sorvetes com o pai, e decidimos transformar esse conhecimento em um negócio", explica. A partir dessa base, a empresária se dedicou a inovar, criando sabores típicos do Pará, como pupunha com café e charque com açaí. "Essas inovações têm atraído muitos clientes, tanto locais quanto turistas", conta.
Além de resgatar receitas tradicionais, Jakeline também está focada em preparar a sorveteria para receber turistas, com a esperança de que a visibilidade da COP 30 aumente a demanda pelos seus produtos exclusivos. “Estamos investindo bastante, reformando nossa loja em Nazaré, por exemplo, para reabrir. Acreditamos que, com a visibilidade da COP e a presença de turistas, nossos produtos diferenciados terão ainda mais procura”, destaca.
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Sazonalidade e planejamento para o futuro
A sazonalidade é um dos grandes desafios enfrentados pelas sorveterias em Belém. Durante o inverno, as vendas podem cair drasticamente, exigindo estratégias criativas para atrair clientes. Jakeline explica que, enquanto no verão as vendas aumentam cerca de 60%, no inverno é preciso lançar promoções e diversificar os produtos para manter a clientela. "No verão, o calor favorece as vendas, mas no inverno, temos que trabalhar de forma estratégica para continuar com as vendas em alta. Por isso, criamos promoções e oferecemos novos sabores", conta.
Lorena, que também é empresária do ramo, tem uma visão semelhante sobre os desafios da sazonalidade. Dona de uma sorveteria na Praça Brasil, ela investiu em promoções e em opções diferenciadas para se destacar da concorrência. "A concorrência em Belém é alta, mas o mercado tem muito potencial. Para se destacar, criamos promoções, diversificamos as coberturas e oferecemos casquinhas recheadas", explica. Ela acredita que a chave para o sucesso está em criar novidades e ser criativo, mas também em ser persistente. “O retorno no setor não é imediato. É um bom mercado, mas o retorno vem a médio ou longo prazo”, afirma.
COP-30 e o turismo
A chegada da COP-30 a Belém trouxe consigo uma expectativa de aumento no número de turistas, o que representa uma grande oportunidade para os empreendedores locais, especialmente para os que estão no setor alimentício. A cidade, conhecida pela sua rica gastronomia e produtos locais, espera que o evento traga não apenas mais visitantes, mas também uma valorização das tradições e da cultura local.
Lorena também se mostrou otimista com as possibilidades que o evento pode gerar para o turismo local. “Espero que aumentem as vendas e o turismo seja fomentado não só durante esse período, mas que perdure. A COP-30 é uma excelente oportunidade para mostrar o que temos de melhor, e, com isso, as pessoas terão a chance de conhecer a nossa cultura por meio dos nossos produtos”, afirma.
Diferencial
A utilização de ingredientes regionais tem sido uma estratégia adotada por diversos empreendedores para criar diferenciais no mercado. Produtos como açaí, cupuaçu, taperebá, castanha-do-Pará e muitos outros são utilizados nas receitas de sorvetes, não apenas como forma de valorizar a cultura local, mas também como uma maneira de proporcionar aos consumidores uma experiência autêntica da região.
Jakeline acredita que a autenticidade é o que diferencia sua sorveteria. "Os sabores que oferecemos contam a história da nossa região. Quando o turista experimenta um sorvete de pupunha com café ou charque com açaí, ele não está apenas provando um doce, mas sim vivenciando um pedaço da nossa cultura", afirma. Ela vê a escolha por insumos regionais como uma forma de mostrar a verdadeira identidade da Amazônia, além de contribuir para a economia local.
Lorena, por sua vez, concorda com a importância dos ingredientes regionais. "Comprar diretamente dos fornecedores locais não só melhora a qualidade do produto, mas também fortalece a cadeia produtiva da região. Isso cria uma relação de ganha-ganha, onde todos saem ganhando", explica. A utilização desses insumos também ajuda a criar um produto diferenciado que atrai tanto os turistas quanto os consumidores locais, tornando os sorvetes mais autênticos e, consequentemente, mais desejáveis.
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