Setor gastronômico de Belém investe de olho na COP 30
Empreendedores buscam qualificação e valorização da culinária regional para aproveitar as oportunidades econômicas do evento internacional
Com a contagem regressiva para a COP 30 correndo, muitos setores de Belém se movimentam em busca de investimentos e qualificações para receber o evento. As comidas típicas de raiz amazônica, uma das principais marcas da capital do Pará, são consideradas algumas das melhores do país e chamam a atenção dos turistas. O setor culinário paraense também busca se qualificar para o evento que ocorre em Belém em novembro deste ano.
O restaurante Ver-O-Açaí é uma das casas que se preparam para a realização da conferência do clima. Esse evento deve impulsionar o setor turístico da região, exigindo preparação de diversos setores, especialmente o de alimentação.
“Olha, a gente começou a se preparar já desde o ano passado, então, no ano passado, a gente já projetou abrir uma nova unidade; já fizemos isso em junho. Toda a nossa equipe hoje está fazendo parte de um projeto de inglês, que a gente faz uma jornada do atendimento do cliente todo inglês, apresentando clientes desde a porta até colocá-los sentados. Nós já adaptamos todo o nosso cardápio para o formato bilíngue, então, a gente consegue receber a pessoa, entregar o cardápio para a pessoa ter acesso”, afirma Mauricio Façanha, proprietário do restaurante.
Focado em pratos típicos da região, o cardápio do restaurante oferece uma diversidade de alimentos regionais que buscam representar a culinária paraense. Segundo Mauricio Façanha, esse é o momento de restaurar Belém como a capital da gastronomia.
“Eu acredito muito que a gente está num excelente momento. A valorização da nossa comida nunca esteve tão alta. É hora de reavivar a ideia de que somo a capital da gastronomia, porque é uma verdade”, explica.
Qualificação profissional e investimento
As buscas por capacitação profissional voltadas para o evento climático da ONU são uma oportunidade de negócios para quem trabalha com a culinária regional. Foi pensando nisso que a chefe chocolatier Cristina Franco resolveu abrir uma capacitação voltada para a COP 30.
“Como professora, eu não trabalho com encomendas, eu capacito pessoas, não só para vender um simples bombom, mas para serem empreendedores dessa área que cresce cada vez mais, especialmente na nossa região. Agora, com a COP 30 e com todos esses países, com todos esses turistas e com toda essa área que vamos ter aqui no Pará, está mais do que na hora de mostrar o que temos aqui de forma qualificada e diferenciada”, afirma Cristina.
A chefe de cozinha afirma que, pensando na COP 30, deve realizar diversos cursos de especialização na área para explorar todas as riquezas possíveis da região.
“Sabe aquela música que diz que o que é bom é lá de fora? Não, eu não concordo com isso. O que é bom tá aqui, tá aqui no Pará. Somos o estado mais rico do Brasil em termos de produtos naturais. Temos ouro na nossa mão e nós não sabemos como trabalhar. E é isso que eu busco, quebrar essas barreiras de limitações para os meus alunos. Eu tento mostrar para eles da melhor maneira que temos aqui riquezas e que essas riquezas devem ser trabalhadas por nós, empreendedores locais”, ressalta.
Ações com foco na COP30
O Sebrae no Pará tem desempenhado um papel importante na preparação do setor gastronômico. De acordo com a analista do Sebrae no Pará Nayany Costa, houve um crescimento significativo na procura por capacitações voltadas para o setor de alimentos e bebidas. “A gastronomia paraense é um dos principais atrativos turísticos da COP 30. Nossa culinária, rica em sabores e ingredientes únicos, tem potencial para impulsionar o turismo e gerar emprego e renda para os pequenos negócios”, afirma Nayany.
Para apoiar os empreendedores, o Sebrae oferece consultorias personalizadas, tradução de cardápios, além de capacitações e oficinas focadas em culinária regional, gestão de negócios e atendimento ao cliente. A instituição também orienta sobre a identificação de oportunidades de mercado e incentiva práticas sustentáveis.
Com iniciativas que vão da qualificação profissional à inovação nos cardápios, a expectativa é que a COP 30 fortaleça a economia local e consolide a culinária paraense como referência internacional.
*(Iury Costa, estagiário de jornalismo sob supervisão de Hamilton Braga, coordenador do Núcleo de Política e Economia)