Produtos premium elevam expectativas de profissionais do chocolate para a Páscoa
Produções com chocolates finos, cacau paraense e opções saudáveis conquistam espaço entre os consumidores


Uma das principais datas comerciais do ano, a Páscoa é, além de um feriado religioso, uma ocasião importante para a economia e para o comércio regional e nacional. Dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) indicam que a Páscoa deste ano deve movimentar R$ 5,3 bilhões – um valor 26,8% superior ao registrado em 2024.
O estudo aponta ainda que o brasileiro pretende gastar, em média, R$ 146 (em comparação a R$ 156 em 2024) com produtos tradicionais da data.
Em Belém, apesar dos altos preços, o Sindicato dos Lojistas (Sindlojas) prevê um aumento de 11,5% nas vendas de chocolates em relação a 2024. Segundo pesquisa de mercado da Fecomércio/PA, o cartão de crédito deve liderar como meio de pagamento mais utilizado, seguido por dinheiro, Pix e cartão de débito.
Nesse cenário, empreendedores do ramo de chocolate podem aproveitar para aumentar os lucros com inovações gastronômicas de diversos tipos. Nos últimos anos, os ovos de colher tornaram-se uma sensação entre os consumidores.
“Hoje são inúmeros modelos, que variam dos pequeninos aos grandes, com sabores variados para todos os gostos. Mas, sem dúvida, um ovo recheado com muito chocolate é um dos mais pedidos”, afirma Cristina Franco, chefe chocolatier e professora. “A escolha de ingredientes de qualidade faz toda a diferença – dos chocolates importados, como o belga, ao nacional, que não pode faltar. Um dos exemplos é um recheio especial feito com o nosso cacau paraense”, explica.
Também há demanda por ovos voltados a quem prefere opções mais saudáveis nesta Páscoa, como os ovos “fitness” e sem glúten. “Neste caso, recheios feitos com chocolates com maior porcentagem de cacau (70%, 80%) ou com cacau em pó, que utilizo bastante, também são uma opção mais saudável para o público que busca esse diferencial”, conta Cristina.
“Não vejo essa preferência como uma tendência passageira. Hoje, as pessoas buscam mais qualidade e saúde, especialmente pelo crescimento do número de pessoas com intolerância à lactose, restrições alimentares ou que fazem essa escolha por opção e qualidade de vida”, explica a chefe.
“Com todo esse aumento nos preços, as confeiteiras tentam criar recheios que utilizem menos chocolate, como os à base de castanhas ou bolos, criando alternativas que satisfaçam e encantem seus clientes sem perder a qualidade, preservando um símbolo tradicional: o ato de presentear pessoas especiais em um momento de grande significado, que é a Páscoa”, finaliza a chefe chocolatier.
Principais preferências dos consumidores
Apesar da instabilidade econômica que afeta o país e, consequentemente, do aumento dos preços de determinados produtos, há quem não hesite em gastar um pouco mais para aproveitar a data ou até mesmo presentear alguém. Isso beneficia empreendedores que aproveitam o período para gerar uma renda extra.
“Neste ano, confesso que achava que a procura fosse cair um pouco. Estamos passando por mais uma crise do cacau, e o chocolate teve um aumento de valor bem expressivo. Para manter a qualidade dos produtos, também tivemos que reajustar os preços conforme o mercado de insumos. Porém, a procura está sendo muito satisfatória. A demanda por doces sem açúcar tem sido grande, já que boa parte da população busca manter um estilo de vida mais saudável – embora muitos ainda se permitam comer um docinho com açúcar na Páscoa”, conta Bianca Alejandra Alves, que, com a mãe, Carla Alejandra, trabalha na produção de doces.
Bianca explica que as demandas por doces com pouco açúcar estão em crescimento e acredita que não se trata apenas de uma moda passageira. “Acho que é uma linha de produtos que veio para ficar, pois cada vez mais a geração adulta inclui esse cuidado na alimentação dos filhos. Hoje, muitas crianças já estão acostumadas a não consumir tanto açúcar, e isso, com certeza, será passado de geração em geração”, afirma.
Os empreendedores do setor de chocolates estão otimistas com as vendas nesta Páscoa. “A expectativa é que mais pessoas passem a consumir produtos de pequenos empreendedores e valorizem o trabalho artesanal, que, além de feito com muita qualidade, é preparado com amor e carinho”, finaliza.
*(Iury Costa, estagiário de jornalismo sob supervisão de Keila Ferreira, coordenadora do Núcleo de Política e Economia)
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