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Moda plus size vira tendência em mercado de vestuário de Belém

Estimativa de empresários do ramo é que movimento tenha crescimento de 60% ao ano; no Brasil, a expectativa é que faturamento do setor chegue a R$ 15 bilhões até 2027

Camila Azevedo

Os negócios voltados para o segmento plus size têm tido sucesso no mercado de Belém. Com uma demanda cada vez maior, a estimativa de alguns empresários do ramo é que, por ano, a busca pelos produtos tenha um crescimento de 60%. No Brasil, a tendência é a mesma: dados mais recentes da Associação Brasil Plus Size (ABPS) mostram que o setor movimentou R$ 9,6 bilhões em 2021. Com isso, a expectativa é de alcançar os R$ 15 bilhões em faturamento até 2027.

O resultado é fruto dos debates mais frequentes sobre inclusão e aceitação aos corpos fora do “padrão”, que tem alcançado o setor de vestuários. Entretanto, ainda com o cenário favorável, esse crescimento tem sido gradual, devido aos impactos gerados pela pandemia da covid-19. De acordo com a Inteligência de Mercado (IEMI), a produção de roupas plus size registrou uma queda de 5,4% em 2022, quando comparado com o ano anterior, tendo 178,2 milhões de peças fabricadas.

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A internet também é um grande facilitador nesse processo. A empresária Melina Almeida, dona de uma loja especializada em plus size, mantém um perfil no Instagram com mais de 28 mil seguidores, o que impulsiona as vendas e atrai mais clientes. As postagens diárias buscam apresentar os produtos e divulgar as novidades. Além disso, a parceria com modelos é considerada fundamental para a marca, que está no mercado desde 2012 e confirma o aumento nas buscas pelas peças.

“Com o passar do tempo, vi que a plus size ia ganhando mais espaço, vendendo mais rápido, porque era mais escasso. Minha proposta foi ter uma loja com valores acessíveis. Na época [em que começou], só existia lojas assim no shopping, era tudo caro. Então, as pessoas não tinham condições. Hoje, temos um nome no mercado, mas não abro mão no preço bom, da qualidade e do conforto. Tem peças lindas, mas vendo a preço mais para o médio e popular, porque tem quem precisa”, afirma.

A estratégia de Melina foi preencher uma lacuna identificada dentro do mercado. A acessibilidade dos preços é facilitada pela empresária ter ponto próprio e uma base fortalecida de cliente. “Não pago aluguel e isso é uma coisa boa. Quem paga aluguel precisa cobrar mais caro, mas sempre pensei na questão da acessibilidade. No geral, a minha concorrência trabalha em ganhar muito e eu trabalho em vender muito, a gente tem um pensamento diferente”, frisa.

Por ano, empresária diz sentir aumento de 60% no movimento

Mesmo tendo bons números desde o início do empreendimento, a virada de chave no negócio de Melina foi a especialização. “Já tenho uma variedade muito grande no ramo e minha equipe, que era de duas pessoas, subiu para quatro, além de mim. Meu faturamento também tem sido uma crescente, eu invisto em propaganda e nas modelos plus size, a maioria começou junto comigo quando especializei a loja, fomos criando um nome juntas. Atribuo isso a um conjunto de fatores, bons preços e atendimento”, ressalta a empresária.

image "No geral, a minha concorrência trabalha em ganhar muito e eu trabalho em vender muito, a gente tem um pensamento diferente”, diz empresária. (Ivan Duarte / O Liberal)

“Sinto uma diferença de 60% ao ano na movimentação. Foi um grande trabalho para chegar até aqui. Eu acho que o segredo de todo negócio é não afrouxar. Se deu certo, aí mesmo que a pessoa tem que ir atrás, pensar em crescimento. Eu já penso em uma loja de departamento apenas para plus size. Sempre temos que pensar em evoluir e vender melhor. Como trabalho com moda, procuro oferecer peças confortáveis, bonitas e atuais. Vejo o que está sendo tendência em outros lugares e trago para cá”, completa Melina.

Dificuldade em encontrar roupas foi incentivo para empresária do segmento plus size

Thaís Alves, de 30 anos, também tem uma loja destinada a plus size. A ideia de abrir o empreendimento veio da própria dificuldade da empresária em encontrar roupas nos tamanhos 46 e 48. “Isso já tem cinco anos. Além de ser um setor carente, quando encontrava algo, era muito caro ou sem detalhes, era aquela coisa muito básica. Hoje, uma mulher plus size pode vestir um cropped, um biquíni e uma saia. Nós trabalhamos da moda festa à social”, relata.

No início, Thaís vendia roupas em formato de bazar, aproveitando as peças pessoais que estavam em boa qualidade. Depois, com o movimento crescendo, veio a necessidade de expandir. “A procura sempre foi boa e decidimos nos especializar em moda plus size. Ultimamente, só tem aumentado. A gente vai quebrando alguns tabus que as pessoas têm de que quem é gorda não pode usar certas roupas. Hoje, isso está sendo retirado da sociedade. Não tem mais um padrão de manequim”, destaca.

Fisioterapeuta comemora lojas especializadas

Para Karinne Andrade, fisioterapeuta de 32 anos, o surgimento de lojas específicas para plus size é motivo de comemoração. Ela conta que as dificuldades em encontrar roupas no tamanho ideal, ou no modelo que a agrade, eram frequentes. “Hoje, em Belém, a gente consegue achar um meio termo nas lojas plus size. Coisa que em cinco anos atrás, era impossível. Tínhamos uma dificuldade enorme. Agora, eu já encontro preços acessíveis. Mas algumas lojas ainda elevam esse valor por saber que o mercado é escasso”.

“Nessas lojas de departamento, que eles falam que é plus size, a gente acabava não encontrando. Quando encontrava, a forma era pequena, falavam que tinha uma numeração grande, mas não cabia: um 46 era um 42. Nunca dava, nunca era a numeração, coisa que nessas lojas especializadas a gente encontra, a forma é adequada. Eu tinha muitas dificuldades de encontrar, meu corpo é grande e eu acabava, às vezes, comprando pela internet. Quando eu achava em Belém, era só por preço absurdo”, relembra Karinne.

Karinne pontua que já consegue encontrar roupas de qualidade, com tecidos bons, bonitos e confortáveis por preços que cabem no bolso. “Um macacão eu consigo comprar por R$ 170. Acho um preço bom. Mas, em outras lojas, a gente não consegue. Como eu sou fisioterapeuta, gosto de trabalhar de macacão, elegante, e um pouco mais folgadinho para conseguir mobilidade. Tem que ser uma roupa confortável. A cada dois meses, gasto entre R$ 600 e R$ 700. Sempre gosto de ter as coleções novas”, finaliza.

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