Mercado de comida japonesa cresce em Belém e impulsiona negócios no setor
Empresários locais avaliam desafios e estratégias para se manter competitivos na capital paraense

Nos últimos anos, Belém acompanhou um crescimento acelerado na abertura de restaurantes de comida japonesa, consolidando alimentos como o sushi e sashimi como parte do paladar local. Porém, com a concorrência crescente e as mudanças no perfil dos consumidores, o setor enfrenta novos desafios para se manter competitivo. Nesse cenário, empresários locais de comida japonesa precisam pensar em estratégias para se destacar em um mercado tão vasto.
Com o crescimento dos restaurantes de comida japonesa e até da cultura japonesa em si, se consolida também a profissão de sushiman, um chef de cozinha especializado na culinária nipônica. Um dele é Marcelo Marques, conhecido nas redes sociais como Marcelinho Sushiman, que é proprietário de um restaurante em Belém especializado.
“Meu primeiro contato com o sushi foi em 2011, quando eu morava lá no Rio de Janeiro. Fui para lá estudar e foi a primeira vez que consumi sushi e a primeira vez que trabalhei com sushi, com um amigo que tinha um restaurante. Em 2012, voltei a morar em Belém e fiz o meu primeiro curso de sushi no Senac, e aí nasceu meu amor pela gastronomia, pela cozinha oriental”, explica Marcelo.
Segundo o sushiman, a culinária japonesa segue em expansão em Belém, muito por conta do hábito da população de comer peixe. “Eu costumo dizer que brevemente vamos ter mais sushis na cidade do que carros de lanches, pois a profissão de sushiman está muito valorizada e lucrativa”, afirma.
Entre as opções mais populares nos restaurantes japoneses de Belém, alguns clássicos continuam a conquistar o público. Além dos sushis tradicionais, outros pratos também se destacam. “Nossos pratos em destaque são os temakis, o cone japonês faz sucesso pelo seu tamanho e qualidade. Diferenciais como supertemaki ou o temaki especial maçaricado tem sido muito procurado”, explica o sushiman.
Para o empresário, abrir e manter um restaurante japonês significa enfrentar desafios como o alto custo de ingredientes frescos e de qualidade. “O peixe fresco e outros ingredientes de boa qualidade são caros e muitas vezes precisam ser importados”, explica. Além disso, ele ressalta a dificuldade em encontrar mão de obra qualificada. “Mão de obra especializada é algo difícil de se achar, e logística e fornecedores de confiança são fundamentais”, completa.
Outro fator importante é a regulamentação sanitária e a gestão financeira do restaurante. “Regulamentação sanitária em dia, controle de desperdício e precificação são alguns dos principais desafios para manter o negócio funcionando e crescendo”, pontua.
Mudanças causadas pela pandemia
A pandemia de covid 19 teve um impacto significativo em todo o mundo. Diversos segmentos foram afetados, principalmente o setor gastronômico. Empreendedores do ramo alimentício precisaram se adaptar às mudanças impostas pelas restrições.
“Uma das principais mudanças foi o fim do balcão, lugar onde as pessoas ficavam mais próximas junto ao sushi bar ou ao bartender, trocado por mesas e cadeiras mais confortáveis que deixam uma distância entre clientes maior. E, com certeza, as entregas, que vieram pra ficar e se tornaram tão importantes quanto o consumo no salão”, explica João Victor Martins, proprietário do restaurante de comida japonesa em Belém.
Fusões e identidade regional
A culinária japonesa em Belém também tem ganhado um toque regional, incorporando ingredientes amazônicos e criando fusões que encantam o paladar local.
“Nossas fusões da culinária japonesa com a paraense, onde usamos produtos da região, como geleias de manga, reduções de tucupi nas receitas, são as grandes procuras. O 'muiraquitã', nosso roll com salmão, queijo do marajó e geleia de maracujá, é sucesso de vendas, seguindo pelo novo queridinho 'joy de caranguejo', com maionese de jambu, envolto de salmão maçaricado”, conta.
O futuro do mercado
Diante da crescente popularidade da culinária japonesa e das constantes inovações no setor, o mercado segue em expansão, impulsionado tanto pela demanda dos consumidores quanto pela criatividade dos empresários. “Nunca vai existir mercado saturado para uma boa ideia. Os clientes procuram novidade sempre. Tem que estar disposto a melhorar e criar”, reforça João Victor Martins.
*(Iury Costa, estagiário de jornalismo sob supervisão de Keila Ferreira, coordenadora do Núcleo de Política e Economia)
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA