Escolas de dança vivem novo boom no Pará
Para empresários e professores, após a pandemia de covid-19, muita gente começou a atentar para os benefícios da dança
O mercado das escolas de dança, especialmente da dança de salão, tem crescido significativamente nos últimos anos, no Brasil. O esforço dos profissionais da área para mostrar os benefícios da prática da dança, aliado a uma maior consciência da população na busca por uma vida mais ativa e saudável são alguns dos fatores apontados pelo segmento para esse novo boom pelo qual a dança está passando, inclusive aqui no Pará.
Segundo a bailarina e empresária do ramo Ana Unger, esse movimento começou ainda nos anos 90, quando professores e diretores de escolas se emprenharam na ampla divulgação dos benefícios da dança, inclusive com a promoção de debates e eventos nacionais e internacionais. “Um bom exemplo foi o Encontro Internacional de Dança do Pará. Junto disso, também passamos a apresentar espetáculos com temáticas educativas, sensibilizando o público sobre a importância dessa arte para o aprimoramento de crianças, jovens e adultos, além de conscientizar e fortalecer os profissionais e o setor”, pontua.
Para ela, especialmente depois da pandemia de covid-19, a sociedade de modo geral percebeu o poder da dança enquanto elemento de aprimoramento físico, social e psíquico. “Sem dúvida, a dança passou a ser uma forma de proporcionar saúde e bem estar para quem a pratica de forma segura, em instituições que mantém a qualidade do ensino com um quadro de professores formados em metodologias reconhecidas”, completa.
Escolas de dança vivem o melhor momento, diz empresário
A mesma visão tem o professor e empresário Pedro Queiroz que, depois de ministrar aulas em vários lugares, decidiu fundar, em 2013, sua própria escola. Ele acredita que as escolas de dança nunca viveram melhor momento do que agora, pois a Internet e as mídias sociais ajudaram a levar a dança para quem, muitas vezes, nunca pensou em dançar.
“Antigamente, era normal ver 30 mulheres em uma aula de dança de salão e apenas dez homens. Hoje, o público de homens nas aulas de dança tem crescido muito. As pessoas não querem mais ficar paradas nas festas só olhando para o salão, elas querem participar. É importante lembrar também que muitos médicos recomendam as aulas de dança para ajudar a combater crises de ansiedade e depressão”, ressalta.
Lugar pode servir como acolhimento após auge da pandemia
A turismóloga Antônia Bernardes, de 58 anos, é uma das alunas de Pedro. Ela conta que sempre teve vontade de dançar, mas, devido ao ritmo de trabalho intenso - ela trabalhou a vida inteira na área da aviação -, sempre deixou o sonho pra lá. Um dia, depois de participar de um baile de salão, decidiu que era a hora. Assim, há cerca de cinco anos procurou a escola e hoje é uma das alunas mais assíduas. “Por coincidência eu morava perto da escola do Pedro, aí eu fui lá. Foi difícil no início porque a minha família não gostava muito, mas enfrentei e fiquei. Dança, pra mim, é vida, é terapia, é bom para o coração, eu amo dançar”, reforça.
O contador Abelardo Marques Junior, de 44 anos, abriu sua escola de dança em Belém, em novembro do ano passado, embora a ideia já viesse de antes da pandemia de covid-19. Mas, com o isolamento social forçado, o projeto só pode ser colocado em prática agora.
“Inicialmente, a ideia era fazer um evento que duraria uma semana, para o qual convidaríamos as pessoas para participar. No final, a gente apresentava uma oferta para que a pessoa participasse de uma turma regular. Assim, em uma semana, conseguimos fazer mais de 40 matrículas. Ou seja, para mim, ainda existe em Belém um mercado pouco explorado na dança. Antes da pandemia, a maioria realmente queria aprender a dançar. Hoje, eu vejo que as pessoas não procuram o nosso espaço apenas para aprender a dançar. Elas buscam acolhimento, mesmo porque a gente passou por um período de muitas perdas”, avalia ele, que pretende abrir mais uma filial da escola até o final deste ano.
Para professor, o brega foi uma dos principais responsáveis pelo crescimento da dança
O professor Linekee Ayres, de 32 anos, atua profissionalmente na dança há dez anos. A dança surgiu para ele ainda na adolescência, quando era aluno de uma escola pública do bairro do Guamá. Lá, participou de um projeto e tomou gosto pela dança folclórica e, mais tarde, pela dança de salão. Começou a dar aulas em várias escolas, até abrir o próprio espaço, em 2012.
Para ele, o mercado, hoje, de fato, está bastante aquecido e isso se deve ao destaque que o ritmo brega, principalmente, vem obtendo, tanto na música quanto na dança. “Com isso, a gente acabou atraindo automaticamente mais alunos, muito mais gente interessada em aprender a dançar o brega. Todo mundo quer aprender a dançar o brega da saudade, o tecnobrega, o brega pop. E, como muitas escolas de dança fecharam na pandemia, a procura ficou bem maior e as escolas tiveram que se adaptar. Hoje, a escola só sobrevive se ela tiver aula de brega no seu cronograma”, acredita.
Linekee argumenta ainda que o povo paraense é um povo naturalmente dançante. “A gente dança forró, brega em suas vertentes, merengue, lambada, entre outros estilos. Acho que as redes sociais hoje em dia também ajudam muito a divulgar esses estilos todos. Ali, você atinge todos os públicos possíveis e encontra muitas pessoas interessadas em aprender a dançar”, finaliza.
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