Costureiras e cozinheiras se animam com volta das festas juninas

Microempreendedores estimam altas de até 70% nos pedidos

O Liberal

Com as festas juninas chegando, muitos microempreendedores veem as oportunidades de bons ganhos financeiros ressurgirem após dois anos sem arraiais e festas típicas. Uma delas é Ivaneide Bentes, que costura desde os 14 anos e fica abarrotada de pedidos sempre que o mês de junho chega. Ela conta que este ano vai tentar selecionar mais os pedidos, evitando trajes típicos complexos e sem deixar a fila de clientes ficar muito grande. "Não aprendi com ninguém. Vejo como um dom. Comecei com roupas de boneca e fui começando a fazer as minhas próprias e gostaram. Já me pediram, já fiz vestido de noiva, não aprendi com ninguém. Eu olho e dou meu jeito", conta ela, que tem 69 anos.

As roupas e reparos feitos por Bentes são a principal fonte de renda dela. No mês de junho, a expectativa é de que o faturamento aumente 70%, com peças que variam de preço, entre R$50 e R$80.

image Ainda é maio, mas Ivaneide já recebeu pedidos (Cristino Martins/O Liberal)

"Caiu muito durante a pandemia. Já tenho uma clientela que sempre pede e eu adoro costurar. Já estou com três encomendas e não é nem a última semana de maio. Eu estava meio adoentada mas agora já retomei, já tem pedidos de colégio, vizinhos que pedem. Meu preço depende do trabalho da roupa, não dou um preço X. Mas eu não sou careira porque não pago aluguel e trabalho na minha sala mesmo", afirma ela, que além da força de trabalho também fornece as linhas. Todos os enfeites, tecidos e demais adereços juninos ficam por conta dos clientes. "Estive no armarinho essa semana e está tudo muito caro. Subiu muito o material. É ruim porque essa flutuação do preço faz a gente dar o preço de uma roupa e quando vê, cobra errado", alerta.

Para Marielza Cunha, que também trabalha com costuras, a inflação encarece o preço de tudo. Ela conta que roupas que considera mais simples e que ela fazia por R$80 em 2019 agora já estão custando R$100. Mas, até agora, nenhum cliente questionou o preço. "Não sei também se é por conta de estar há tanto tempo sem, né? Queira ou não faz parte da nossa cultura, é uma época divertida, animada. Quem tem filho sempre quer participar, bater foto, dançar quadrilha. Não tem jeito", conta ela, que espera que a demanda dobre ao longo do mês. Cunha fornece adereços e possui um estoque grande de enfeites que é utilizado de acordo com o gosto do cliente. "Mas infelizmente ficou tudo mais caro mesmo. O próprio tecido aumentou mais de 30% nesse período, no mínimo. O segredo é pechinchar e comprar em quantidade, mas mesmo assim o impacto é grande", lamenta ela, que ainda emprega uma assistente de costura.

Pâmela Freitas tem três filhos e todos participarão das festas escolares de São João. Para ela, a época é sinônimo de despesas, mas vale a pena. Ela sempre adorou festas juninas e está animada com para as primeiras comemorações após a pandemia de covid-19. "Eu e o pai deles sempre gostamos, pois a gente também gosta de se fantasiar e ir na festa da escola. Depois, a gente usa tudo de novo na festinha que tem no salão de recepção do prédio. Acho que da última vez gastamos uns R$400 com roupas para os três e mais os endereços para mim e o Breno [o pai]. É só uma vez no ano, então não gosto de ficar pensando nos gastos. Sei que quando eles crescerem, não vão querer mais", conta. 

Quem cozinha também costuma ter agenda cheia nessa época do ano. Célia da Silva e a filha Mariana são cozinheiras todos os meses do ano, mas em junho precisam arregaçar as mangas para garantir que os pedidos de comidas típicas sejam entregues. Boa parte da clientela delas parte de festas de prédios e condomínios e pequenas reuniões familiares.

"Até agora não recebemos pedido nenhum, mas quando chegar na primeira semana de junho já enche. Estamos na fase de orçar preços porque queremos nos preparar com antecedência", conta a mãe. Mariana afirma que um dos itens que mais devem encarecer é o bolo de macaxeira. "O grandão vai sair por R$120. Até o cuscuz que a gente faz o mini está mais caro também, por causa do milho. Mas estamos tentando focar em preços justos. A verdade é que estamos felizes também com essa volta, retorno de tudo. O que a gente puder fazer para os clientes voltarem a comemorar, a gente faz", afirma. 

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