Artesãos esperam fazer bons negócios durante o Círio
Feira do Artesanato do Círio deve gerar mais de R$ 600 mil em negócios, segundo o Sebrae
A economia criativa deve ser um dos setores mais beneficiados pela retomada das procissões do Círio de Nazaré. Além dos festejos religiosos e da ampla programação cultural que movimenta Belém, a quadra nazarena é uma oportunidade para fazer bons negócios. Nesse cenário, o trabalho de artesãos paraenses fica em evidência durante a realização da Feira do Artesanato do Círio (FAC), que neste ano ocorre de 5 a 11 de outubro, no Porto Futuro.
O projeto do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-PA) surgiu há mais de três décadas e nos últimos dez anos se transformou ao combinar a Feira do Miriti, específica do artesanato dessa palmeira, com a Feira do Círio, que reunia empreendedores de outros ramos, dando origem à FAC. Mesmo em períodos adversos, o evento desponta como um dos mais representativos para o setor. Somente em 2021, foram mais de R$ 490 mil em negócios e cerca de 50 mil visitantes. Neste ano, a expectativa é que R$ 600 mil sejam gerados.
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“A FAC é o maior evento de artesanato do Estado do Pará. A iniciativa promove bons negócios aos artesãos, que são empreendedores. Para alguns artesãos, a FAC representa o período de maior faturamento no ano. O evento gera negócios não apenas durante sua realização, mas pós, resultado de contatos na Feira, já que muitos artesãos recebem encomendas para o ano todo e de clientes até de fora do país”, afirma Vera Rodrigues, coordenadora da Feira.
Devido à sua importância, a participação na Feira é disputada. Neste ano, o Sebrae-PA recebeu 180 pré-inscrições de artesãos nas 13 agências de negócios da instituição no estado. Após uma fase de curadoria, que levou em consideração critérios como qualidade, inovação, originalidade, agregação de valor e acabamento, 79 profissionais de Belém, Ananindeua, Abaetetuba, Oeiras do Pará, Santarém e Salvaterra foram selecionados para expor seus trabalhos.
“A FAC será maior. Na edição passada eram 60 estandes. Entre as novidades da edição comemorativa, pois o evento completa 10 anos, estão apresentações culturais, a climatização do espaço e a setorização por tipologia – miriti, cuias, trançados, biojoias, cerâmica e Artes do Círio”, detalha Vera Rodrigues.
Entre os selecionados, a expectativa pelo evento é a melhor. O artesão Hilson Rabelo, 50 anos, que já participa das feiras do Círio há cerca de 20 anos, diz que espera ter resultados tão positivos quanto nos anos anteriores. “A nossa relação é a melhor possível e creio que esse ano vai ser melhor ainda. Ano passado nós já tivemos uma boa venda, tanto que nós chegamos a entregar o estande antes do fim porque não tínhamos mais materiais pra vender. Foram 800 peças vendidas”, relata ele que produz as peças com o apoio da esposa e dos dois filhos.
Com a projeção de que os turistas retornem à Belém para as procissões, Hilson já trabalha para alcançar a meta de 1.500 peças produzidas. No estande que vai montar, o artesão diz que deve chamar atenção dos visitantes para objetos como porta-moedas com detalhes alusivos à Nossa Senhora de Nazaré, nécessaires, bolsas de mão, ecobags e cadernos e agendas feitos com resíduos do miriti. “Essa é uma data muito importante porque, com a ajuda do Sebrae, se dá visibilidade para a nossa marca, para os nossos produtos e para a nossa cultura. É uma chance que a gente tem que pegar encomendas, vender e fidelizar os clientes”, avalia Hilson.
A Feira também é uma grande vitrine para o tradicional artesanato de miriti do município de Abaetetuba. A artesã Meriane Miranda, 30 anos, que trabalha junto com a família na produção dos brinquedos e artigos decorativos, projeta fazer boas vendas durante a quadra nazarena. “Com certeza com a abertura, todo mundo tomando vacina, a gente espera receber mais público e vender mais. O pix está facilitando muito, também já contamos a máquina (de crédito e débito). A gente está se organizando melhor para esse período”, conta.
A meta da família de Meriane é vender cerca de 6 mil objetos este ano, incluindo os artigos típicos, como promesseiros, rodas gigantes, pássaros, canoas e outros que retratam a vida do ribeirinho, mas também criações próprias, como porta-lápis e porta-caneta feitos com resíduos da casca de miriti envolvidos em latas de alumínio.
“Nós trabalhamos o ano inteiro, mas para a FAC nós começamos desde maio. Como a gente já sabe a demanda do nosso público, passamos todos esses meses nos preparando”, ressalta. Segundo a artesã, a estratégia para obter melhores resultados é apostar nos diferenciais dos produtos com aproveitamento de resíduos e montar pontos em locais estratégicos com grande fluxo de pessoas. “Vai toda a família, um fica na FAC, outro vai para o arraial, outra vai para a praça, a gente se espalha e consegue vender mais”, afirma.
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