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Artesanato de miriti de Abaetetuba gera um volume de recursos que ultrapassa R$ 1 milhão por ano

A maior parte desse valor é alcançada durante o Círio de Nazaré, em Belém

Dilson Pimentel

Estima-se que o artesanato de miriti produzido pelos artesãos de Abaetetuba, no nordeste do Pará, gera um volume de recursos que ultrapassa R$ 1 milhão por ano. A maior parte desse dinheiro é conseguida no Círio de Nazaré, em Belém, que é a principal vitrine para os artesãos daquele município, que é considerado a capital mundial do brinquedo de miriti.


Mas a confecção dos brinquedos ocorre antes, durante e depois do Círio. Abaetetuba tem em torno de dois mil artesãos de ofício - são os artesãos que literalmente cortam, que trabalham com a faca, que esculpem, que criam. Mas, incluindo todos os trabalhadores da cadeia do miriti, esse número chega a 8 mil.

De 20% a 25% dependem exclusivamente da venda do artesanato do miriti

Do universo desses artesãos de ofício, de 20% a 25% dependem exclusivamente da venda do artesanato do miriti, como estima Rivaildo Peixoto, o “Mestre Riva”, 48 anos, diretor do Instituto Multicultural Miritis da Amazônia (Imma). Os que vivem só da produção desse artesanato ganham, em média, de um a um salário mínimo e meio por mês.

Manuel Benedito Feio Sozinho, mais conhecido como Mestre Cita, 60 anos, é um desses artesãos. Ele depende exclusivamente do miriti. E faz tudo sozinho. “Tenho que cortar as peças, colocar massa, lixar, pintar e colorir. Faço tudo, graças a Deus”, contou ele, que é artesão há 46 anos. “Eu vivo do brinquedo de miriti. Eu não tenho outro ganho sem ser do brinquedo de miriti. Primeiramente, Deus. Depois, o brinquedo de miriti”, contou.

Mestre Cita produz pombinhas, barcos, casal de dançarinos, pássaros, casinhas, quadros. O casal de dançarinos custa, por exemplo, R$ 10. Barcos e canoas pequenos, R$ 20. Dependendo do tamanho, os pássaros variam de R$ 20 a R$ 100.

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Miriti tem papel fundamental na economia, diz artesão

Oriundo de uma família tradicional que, há muito tempo, produz brinquedos de miriti em Abaetetuba, Mestre Riva também explica que não há como precisar o quanto o miriti movimenta na economia local. É que a produção ocorre ao longo do ano. E os brinquedos são comercializados no Pará, no Brasil e no mundo. “Esses dias recebi várias ligações. São pessoas que ligam de Belém para decorar fachada de prédio, de empresas, famílias mesmo”, disse. “A comercialização se dá antes, durante e depois do Círio. O Círio de Belém é uma vitrine para nós”, completou. Ou seja, a produção ocorre o ano todo e alcança o auge no Círio.

Mestre Riva informou que há quatro associações de artesãos. A que ele coordena, que é o Instituto Multicultural Miritis da Amazônia IMMA, que era a antiga ASAMAB, que foi pioneira. A Miritong, ASAPAP e a AAPAM. Essas quatro entidades reúnem em torno de dois mil artesãos, mas isso foi apontado em um levantamento feito há uns quatro anos. Mas, somando todos os trabalhadores, chega a oito mil. "Isso, em uma população de 165 mil habitantes, é uma parcela demográfica considerável, promovendo o turismo. O miriti tem um papel fundamental na movimentação da economia”, afirmou.

Nessa cadeia do miriti, há os pintores, essenciais no processo de produção da peça. Há os que fazem o acabamento, a lixação e a selagem do material. Há, também, os muitos artesãos autônomos, que começaram tudo na Praça do Carmo, em Belém, e são conhecidos como “girandeiros”, profissionais que carregam as girândolas com os brinquedos.

Ainda nessa cadeia de produção, há os extrativistas, que fazem, nas ilhas, o manejo da matéria-prima, que é o miriti. “São os ribeirinhos. A extração dessa matéria-prima é feita em uma lua específica, que é a quarta crescente, uma lua escura”, disse mestre Riva.

 

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