Well Macedo (PSTU) quer taxar empresários para garantir investimentos básicos à população de Belém
Segundo candidata à Prefeitura de Belém, entrevistada pelo Grupo Liberal, o ideal é reverter os impostos pagos por empresas, como ISS, em benefícios para a cidade
A segunda semana de entrevistas do Grupo Liberal com os candidatos à Prefeitura de Belém iniciou com Well Macedo (PSTU), que foi sabatinada na última terça-feira (3) pelos apresentadores Abner Luiz e Elisa Vaz. Ela tenta se eleger no pleito municipal deste ano e teve a oportunidade de divulgar seu plano de governo para os eleitores, respondendo também a questionamentos enviados pelos adversários, de acordo com as regras do quadro. A série vai entrevistar todos os nove candidatos à Prefeitura de Belém, sempre às terças, quartas e quintas-feiras, de 12h30 às 13h30, no programa Liberal + Notícias, até o dia 12 de setembro.
Confira um trecho da conversa e o perfil da candidata:
Pergunta: Candidata, por que a senhora deseja ser prefeita de Belém? O que motivou a sua candidatura?
Well: Eu represento um projeto político socialista que defende mudar a realidade da classe trabalhadora e do povo pobre de Belém. 35% do povo de Belém encontra-se na extrema pobreza, segundo dados da Fapespa, então é para mudar essa realidade que eu estou como candidata a prefeita de Belém pelo PSTU.
Seu programa destaca a alta taxa de jovens desempregados ou em empregos informais. Como a senhora planeja criar oportunidades de emprego para os jovens de Belém? Quais seriam as primeiras áreas a serem priorizadas?
Nós estamos defendendo no nosso plano de governo a construção de um Plano de Obras Públicas (POP) a partir da criação de uma empresa pública estatal que vai tratar de todos esses temas centrais para nós e para a vida da classe trabalhadora. Por exemplo, dados do ano passado apresentam que 60% da população encontra-se na informalidade em Belém. Parte dessa população é a juventude pobre e periférica, que não tem perspectiva de emprego. Então, para nós, discutir a questão do emprego e renda passa por esse processo do Plano de Obras Públicas, que não vai envolver só a questão do emprego e renda, mas todas as outras questões que são centrais para a vida dos trabalhadores e do povo de Belém.
Quando falamos em emprego e renda, são muitas classes, começando com o jovem aprendiz. Onde podemos crescer em Belém? Em qual campo a cidade precisa avançar?
Primeiro, Belém precisa avançar na educação, porque as escolhas profissionais partem das oportunidades que são oferecidas. O setor da construção civil emprega parte dos trabalhadores da cidade, e tem diversas profissões dentro desse setor. Mas existem outros setores. Somos uma cidade que tem no comércio uma das principais atividades, não somos uma cidade industrial. Existe, hoje, uma demanda grande do mercado, pela lógica capitalista, de que a juventude, por exemplo, precisa se especializar, precisa ter o ensino médio voltado para a área técnica. Nós achamos que é importante capacitar os profissionais, capacitar os jovens, mas nós precisamos investir em educação para que o jovem possa ter a escolha de qual profissão possa vir a ter para a sua vida sem ter a necessidade de escolher a profissão que pague mais pela lógica do capital.
A proposta de Plano de Obras Públicas (POP) visa criar empregos. No documento, a senhora diz que o desemprego deve ser combatido através do fim das terceirizações e da precarização do trabalho, com a redução das horas trabalhadas, contratação de trabalhadores com carteira assinada e todos os direitos trabalhistas garantidos. Como a Prefeitura pode fazer isso tendo o orçamento que tem hoje?
Nós queremos inverter a lógica que existe hoje, de que o orçamento é voltado para as empresas, para os empresários e não para os interesses da população e da classe trabalhadora. Nós temos um orçamento em Belém, segundo a LOA do ano passado, que gira em torno de R$ 5 bilhões e temos empresas em Belém que não pagam impostos, que têm isenções do ISS e do ICMS. Nós queremos inverter essa lógica, taxando os grandes empresários, porque esse dinheiro dos empresários que não pagam impostos precisa ser revertido para os interesses da classe trabalhadora, da população, do povo pobre, para, inclusive, a gente ter condições de garantir emprego e renda e condições melhores para também resolver outros problemas relacionados à saúde, à educação e ao transporte público.
Vivemos uma polarização hoje na política. O PSTU é um partido de esquerda. O seu plano, olhando para o que Belém faz hoje, também com um partido de esquerda, é muito distante? Como você avalia?
Nós acreditamos que não tem nada de distante. A dificuldade hoje que enfrenta a gestão atual tem a ver com as escolhas políticas e com as decisões de privilegiar alianças que a gestão atual de esquerda fez em detrimento do povo e da classe trabalhadora. Mas, nós não nos iludimos. Propomos a construção de um Plano de Obras Públicas e um governo com Conselhos Populares, ou seja, com a organização da classe trabalhadora, que vai também decidir as políticas e as necessidades que os trabalhadores que vivem. Por exemplo, a questão do transporte público, a gente está vivendo essa situação em Belém, o sucateamento, a polêmica dos ônibus elétricos que passa por essa polarização, enquanto as empresas de ônibus são isentas de impostos. Esses impostos que as empresas não pagam e ainda utilizam a história de que nós pagamos uma das passagens mais baratas, esses impostos deveriam ser revertidos em um transporte público de qualidade para a população e para os trabalhadores. Mas, a atual Prefeitura de esquerda preferiu fazer outra opção, preferiu isentar essas empresas, em vez de, desde o início, privilegiar a qualidade do transporte e o ar-condicionado, que deveria ter em toda a frota da cidade.
O POP tem como objetivo superar problemas dos serviços públicos com a construção de UBSs, creches, moradias e obras de universalização do saneamento, abrindo vagas de empregos na construção civil, na indústria de transformação, no comércio, na produção de alimentos e em outros ramos da economia. Quais as prioridades e quanto vai impactar no orçamento?
A questão da saúde, para nós, é muito cara. Temos hoje um problema sério na saúde de Belém. A população não tem déficit de médicos, segundo dados da Fapespa, mas o povo de Belém, principalmente as mulheres, têm um índice grande de mortalidade materna, índice muito maior que o do Brasil no geral. E não tem, por exemplo, maternidade pública municipal, as três maternidades são do Estado, então essa questão do orçamento para nós é importante e que esse dinheiro, arrecadando o ICMS e ISS, seja voltado para atender, por exemplo, essas mulheres, que sofrem negligência no pré-natal, é um dos problemas que causam esse grande índice de mortalidade materna. Tem outros problemas na saúde. Por exemplo, não tem falta de médico, mas não tem leito no pronto socorro, tem alguma coisa errada, porque a população sofre com a falta de leitos no PSM, a população sofre para marcar um exame no posto de saúde, sofre uma humilhação, acorda cedo, fica em uma fila absurda e nem sempre consegue aquele exame que precisa, aquele atendimento que precisa. Essa lógica está errada. Ou falta investimento ou falta dinheiro, e na verdade não falta, Belém não é uma cidade pobre, mas tem uma população pobre porque os interesses dessa população não são levados a sério.
Perfil da candidata
- Idade: 44 anos
- Gênero: Feminino
- Identidade de gênero: Cisgênero
- Cor/raça: Preta
- Estado civil: Solteira
- Formação: Ensino médio completo
- Ocupação: Jornalista e redatora
- Naturalidade: Belém
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA