Viver sozinho em Belém exige cortes de gastos e trabalho extra para arcar com despesas
Com aluguéis elevados, moradores enfrentam desafios econômicos e buscam estratégias para manter independência
Dados do Censo Demográfico 2022 do IBGE apontam que, no Pará, mais de 300 mil pessoas moram sozinhas. Esse número representa um aumento em comparação com o censo anterior, em 2010 Demográfico 2022 do IBGE apontam que, no Pará, mais de 300 mil pessoas moram sozinhas. Esse número representa um aumento em comparação com o censo anterior, de 2010, quando eram 154 mil domicílios unipessoais no Estado.
Morar sozinho pode ser desafiador em todos os sentidos, principalmente na parte econômica. Apesar dos custos reduzidos, algumas contas como aluguel, energia e alimentação podem pesar no bolso de uma pessoa que mora sozinha.
A jornalista Érica Castro, de 28 anos, reside sozinha na capital paraense. Ela conta que paga R$ 700 de aluguel e que precisa trabalhar em dois empregos para conseguir pagar.
“Os aluguéis de Belém são extremamente caros e não acho acessíveis; não acredito que seja qualquer um que consiga morar sozinho justamente porque precisa de um emprego fixo, porque tem que ter uma garantia de que todo mês vai ter aquele dinheiro, todo mês vai ter que ralar dobrado, vai ter que dar um jeito, vai ter que se virar para poder pagar tanto aluguel quanto as outras despesas de alimentação”, afirma Erica.
Érica destaca que o corte de gastos foi uma das principais estratégias que ela precisou adotar para morar sozinha. “Eu diria que (cortar) gasto com os supérfluos, como comprar roupa toda semana, comprar sapato todo mês, essas coisas. Então, eu tive que cortar muita coisa, pensar em sair com os meus amigos, não toda semana, mas pelo menos uma vez no mês, isso quando dá. E viagem, então, tem que ser bem planejada”, explica.
Moradias compartilhadas
Uma das estratégias usadas para quem quer economizar com as contas é dividir a moradia. O assistente administrativo Charles Dias, de 25 anos, optou por dividir a residência após perceber que o custo de vida em Belém estava dificultando seu plano de morar sozinho. “Pagamos R$ 800 de aluguel, que dividido, se torna R$ 400 pra cada. Essa divisão trouxe um grande alívio financeiro para mim”, afirma Charles.
Ele ressalta que ter um colega responsável para dividir as despesas é essencial, especialmente em um cenário econômico onde um salário mínimo não é suficiente para cobrir todos os custos, como aluguel, energia, água, internet e alimentação.
Além disso, Charles enfatiza que as despesas não se limitam às contas mensais. “Temos outras responsabilidades financeiras, como compras para a casa, móveis e eletrônicos”, explica. Para ele, rachar as contas não somente facilita a administração do orçamento, mas também se revela um benefício considerável, permitindo que tanto ele quanto sua colega tenham mais qualidade de vida e um espaço confortável para viver.
Segundo o IBGE, o resultado da pesquisa reflete uma mudança cultural na população brasileira. A redução do número de filhos por mulher e a diminuição das taxas de natalidade influenciam a composição das famílias, resultando em núcleos familiares menores. Além disso, o estudo considera o fator econômico de pessoas que optam por viver com poucos gastos.
Em Belém, com uma média de 3,3 moradores por domicílio, a realidade de quem mora sozinho ou divide moradia se torna cada vez mais comum e pode ser compreendida não apenas como uma escolha pessoal, mas como um reflexo das transformações sociais atuais.
*(Iury Costa, estagiário de jornalismo sob supervisão de Keila Ferreira, coordenadora do Núcleo de Política e Economia)