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Taxas futuras de juros caem com exterior em dia de ruídos sobre entrevista de Lula

Declarações do presidente sobre metas fiscais foram mal recebidas pelo mercado

Reuters

 Após duas sessões em alta, as taxas dos DIs fecharam a terça-feira (16/07) em queda sob influência do recuo dos rendimentos dos Treasuries no exterior, apesar de ruídos provocados por entrevista na qual o presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou sobre o ajuste fiscal, em declarações mal recebidas pelo mercado em um primeiro momento.

No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 -- que reflete a política monetária no curtíssimo prazo -- estava em 10,575%, ante 10,587% do ajuste anterior. Já a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 11,09%, ante 11,176% do ajuste anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,355%, ante 11,432%

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 11,84%, ante 11,872%, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 11,86%, ante 11,877%.

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As taxas futuras exibiram perdas firmes durante a manhã, em sintonia com a queda dos yields no exterior, onde investidores seguiram elevando as apostas de que o Federal Reserve começará o processo de cortes de juros em setembro.

Às 11h44 a taxa do DI para janeiro de 2026 -- um dos contratos mais líquidos -- atingiu a mínima de 11,05%, em baixa de 13 pontos-base ante o ajuste da véspera.

Perto das 12h20, no entanto, começaram a circular pelas mesas de operação no Brasil informações de que Lula, em entrevista à TV Record gravada pela manhã, teria dito que será preciso convencê-lo de que será mesmo necessário contingenciar entre 15 bilhões e 20 bilhões de reais do Orçamento deste ano. A íntegra da entrevista está programada para veiculação às 19h55.

Os comentários de Lula -- que circularam sem o contexto da pergunta e sem os detalhes da resposta completa -- estressaram os mercados e fizeram o dólar virar do negativo para o positivo ante o real. Na renda fixa, as taxas dos DIs zeraram as perdas. Às 12h58, a taxa do contrato para janeiro de 2026 estava em 11,18%, praticamente estável ante o ajuste anterior.

Após as 14h a Record publicou um trecho em vídeo da entrevista de Lula, no qual o presidente é questionado sobre se está disposto a contingenciar o valor de 15 bilhões a 20 bilhões de reais para equilibrar as contas públicas.

“Primeiro eu tenho que estar convencido se há ou não a necessidade de cortar”, disse o presidente na prévia da entrevista. "Tenho uma divergência histórica e uma divergência de conceito com o pessoal do mercado. É que nem tudo que eles tratam como gasto eu trato como gasto", acrescentou.

O trecho do vídeo, apesar de confirmar a ideia de que Lula precisaria ser “convencido” do contingenciamento, esclareceu o contexto do comentário, reduzindo os ruídos de mais cedo.

“Chegou a ter uma volatilidade (na curva de juros)”, confirmou Rafael Sueishi, head de renda fixa da Manchester Investimentos, ao avaliar os impactos dos ruídos do início da tarde sobre os ativos.

“Mas o mercado chegou a um ponto em que entendeu o que é discurso político e o que é política econômica. Todos estão em compasso de espera para as propostas para cortar gastos”, acrescentou.

Segundo ele, passado o período de maior estresse desta terça-feira, as taxas voltaram a ceder na esteira do recuo dos yields no exterior e da expectativa de que o governo anuncie até 22 de julho medidas para equilibrar as contas públicas.

No meio da tarde o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse a jornalistas que declaração do presidente Lula à TV Record sobre o governo não ser obrigado a cumprir a meta fiscal está fora de contexto.

"O problema é que, quando você solta uma fala descontextualizada, você gera desnecessariamente uma especulação em torno do assunto", disse Haddad na saída do ministério, acrescentando que outros trechos da entrevista de Lula mostram o compromisso do governo com o arcabouço fiscal e destacam a confiança do presidente em sua experiência em gerir as contas públicas.

No fim da tarde as taxas futuras estavam novamente em queda firme, embora em patamares não tão baixos quanto os vistos pela manhã.

Perto do fechamento a curva a termo precificava 85% de chances de manutenção da taxa Selic em 10,50% ao ano no fim deste mês e 15% de possibilidade de alta de 25 pontos-base. Na segunda-feira os percentuais eram os mesmos.

Às 16h36, o rendimento do Treasury de dez anos -- referência global para decisões de investimento -- caía 6 pontos-base, a 4,167%.

Economia