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Sítio em Curuçá, no Pará, proporciona experiência imersiva na produção de café

Projeto capitaneado pelo chef de cozinha Léo Modesto existe há quase 10 anos e leva visitantes a conhecerem produção familiar sustentável

Gabriel da Mota

No coração do Sítio Mearim, localizado no município de Curuçá, no Pará, o chef de cozinha Léo Modesto transformou a produção familiar em uma vivência imersiva que une gastronomia e turismo de experiência. O projeto “Café Imersivo” oferece aos visitantes uma oportunidade única de se conectar com a terra, participar das colheitas e degustar receitas tradicionais, destacando-se o emblemático “Café Ferrado”. A mais recente imersão foi realizada no 46º Festival Folclórico de Curuçá, nos dias 13 e 14 de julho.

O Café Imersivo começou a ganhar forma em 2015.

“A ideia surgiu a partir do momento que a gente começou a fazer nossas produções no sítio. Ele surgiu dentro de uma roça, em um ambiente das terras da nossa família,” explica o chef.

Com o tempo, a casa de campo destinada a passar os finais de semana evoluiu para um espaço dedicado não só à produção agrícola, mas também à recepção de visitantes curiosos sobre o processo.

A vivência começa com um café da manhã, seguido pela colheita de mandiocaba — uma variedade de mandioca utilizada na produção do mingau chamado manicuera. “A vivência mostra como saímos da subsistência e transformamos em algo sustentável, não só ambientalmente, mas economicamente,” conta Léo.

Café Ferrado: uma tradição familiar

O ponto alto da vivência é o preparo do Café Ferrado, uma receita tradicional que está na família de Léo há gerações. “É um processo de ebulição que decanta o café. Encontrei relatos de práticas semelhantes fora do estado, mas aqui na nossa região é pouco conhecido”, diz.

A valorização do Café Ferrado veio a partir de uma observação de uma jornalista que participou da vivência e destacou a singularidade do produto. Desde então, Léo e sua família têm promovido essa tradição como um atrativo principal do Café Imersivo, despertando a curiosidade dos visitantes.

O projeto não se limita à produção própria. Léo Modesto estabeleceu parcerias com outras comunidades agrícolas, como a de Muriaé (formada por mais de 90 famílias curuçaenses) para garantir uma diversidade de produtos orgânicos.

“A nossa produção é orgânica, mas para o café imersivo ser sustentável, fizemos parcerias. A gente junta a produção deles e organiza no sítio”, relata o chef.

Além disso, a iniciativa tem impactado positivamente a economia local, engajando costureiras e outros produtores em atividades complementares. “A nossa ecobag é feita por uma costureira de uma comunidade próxima com retalhos, fortalecendo o trabalho comunitário”, explica.

Em paralelo ao Café Imersivo, o Sítio Mearim oferece o “Avoado Moqueado”: outra experiência gastronômica, que começa com a preparação do Café Ferrado e segue com a colheita e preparo de peixes, como pescadas, corvina, gó e bagres (a depender da disponibilidade). “É como o almoço do sítio. As atividades de colheita e preparação se complementam, proporcionando uma imersão completa,” finaliza Modesto. A próxima imersão deve ocorrer entre o final deste mês e o início de agosto.

Economia