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Setor industrial acredita que protagonismo da Amazônia vai possibilitar melhorias na região

Presidente-executivo da Fiepa destaca que os recentes acontecimentos no Pará devem servir para que o estado ganhe mudanças significativas

O Liberal

Com o protagonismo que tem sido dado ao Pará, em especial pela realização de eventos internacionais e nacionais, a expectativa da Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa) é que as discussões sobre os temas de relevância local sejam importantes para promover melhorias no estado. Nesse sentido, a entidade aponta que muitas mudanças precisam ser feitas, entre elas, no sistema que organiza a definição de tarifa de energia, que prejudica o setor e aumenta as despesas.

José Maria Mendonça, presidente-executivo da Fiepa, em entrevista ao Grupo Liberal, disse que o reajuste de 11,07% na conta de energia do Pará não é bem vista e que as indústrias terão dificuldades. A solução, segundo ele, seria mudar a legislação que rege o fornecimento do recurso. “Não é uma coisa boa, é uma notícia ruim, estamos lutando há muitos anos contra isso. Como um estado produtor de energia limpa e renovável pode ter sua energia como a mais cara do Brasil?”, disse.

Novo PAC

O anúncio, na última segunda-feira (14), do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), traz para o setor industrial grandes expectativas de negócios. Segundo Mendonça, a categoria acredita que projetos antigos, como o Ferrogrão, irão sair do papel e atrair cada vez mais a geração de lucros para o estado. “Apoiamos integralmente o PAC. Precisamos muito do Ferrogrão, por exemplo. O Oeste, o Pará e a Amazônia, em si, precisam”, destacou o vice-presidente da Fiepa.

“Um detalhe que nunca abordam é que o Ferrogrão vai ajudar até a Zona Franca de Manaus, pois desce de balsa até Miritituba e vai de trem ao Sudeste brasileito. A gente acha que a turma do Amazonas ainda não acordou, mas o Ferrogrão é boa até pra Zona Franca de Manaus, porque vai colocar o produto fabricado em Manaus diretamente no centro consumidor brasileiro, através de trilhos de trem, que é um transporte mais barato”, afirmou José Maria.

Os embates para a aprovação do projeto por parte das autoridades é visto pela instituição como uma falta de conhecimento sobre as necessidades da Amazônia e suas características. Os argumentos de que a construção da estrutura prejudica o meio ambiente são rebatidos pela Fiepa. “Quando eu digo que Brasília não conhece a Amazônia, eu digo com propriedade. O governo, de forma geral, Ministério Público, STF [Supremo Tribunal Federal], não conhecem, tanto que eles se prendem em questões ambientais mínimas”.

“Fizemos um parecer em que tentamos entrar como participantes da ação que estava no STF e o Alexandre de Moraes não permitiu a entrada das nossas entidades do Pará e o nosso parecer que foi feito por engenheiros e técnicos do Pará. Dissemos com propriedade que é um absurdo o que se fala. O impacto ambiental já existe, o trajeto do Ferrogrão é praticamente o mesmo da rodovia 163 e o impacto de uma ferrovia é muito pequeno. É um transporte que vai de um ponto a outro sem parar e só tem um impacto, de barreira. Mas esse é o mínimo, porque já ocorre na faixa estradal da 162. Então, entre o Ferrogrão e a tribo mais próxima existe o rio Tapajós no meio. A gente acha que essa ação foi julgada por pessoas que desconhecem a nossa realidade e isso é difícil”, acrescentou José.

Margem Equatorial

Além das chances que a Fiepa vê em tirar o Ferrogrão do planejamento, o andamento do processo que permite a exploração de petróleo na Margem Equatorial do Brasil também é esperado. “Somos totalmente favoráveis à exploração de petróleo na nossa placa continental. Como pode explorar na Guiana , Suriname, Guiana Francesa, que já está em estudo, e só o Brasil não pode? Nós precisamos lembrar que a transição energética demora no mínimo 50 anos. Então, vamos precisar desse petróleo na costa equatorial brasileira. Isso, segundo os entendidos, coloca o Brasil como a quarta reserva mundial de petróleo, o que é muito gratificante”.

Cúpula da Amazônia

O último grande evento sediado em Belém foi a Cúpula da Amazônia e, para José Maria, o encontro foi uma indefinição do que pode ser feito pela região. “Mas a gente acredita que o advento da COP vai colocar a cidade no berço das discussões até 2025. Acreditamos que, embora a reunião da Cúpula foi a própria indefinição, ninguém sabe exatamente quais os pontos aprovados, elaborados, tem relatório superficial, mas a gente acha que temos que trabalhar efetivamente para preparar Belém para o evento”, finaliza o presidente da Fiepa. Ele diz, também, que no depender do setor, estarão unidos aos governos estadual e municipal para tornar a capital do Pará uma referência.

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