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Saque-aniversário do FGTS cresce no Brasil; saiba os benefícios e desvantagens da modalidade

No ano passado, segundo dados da Caixa Econômica Federal, 29,2 milhões de trabalhadores aderiram ao regime, e foram pagos a eles R$ 43,3 bilhões

Elisa Vaz

O número de trabalhadores que aderiram à modalidade saque-aniversário do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) no Brasil chegou aos 29,2 milhões no ano passado, o que representa uma alta de 17,74% em relação à quantidade de 2023, de 24,8 milhões. Em relação ao valor, foram pagos, no total, R$ 43,3 bilhões aos trabalhadores em 2024, ante os R$ 38,1 bilhões do ano anterior, resultando em um reajuste de 13,66% nesse intervalo. Os dados são da Caixa Econômica Federal, que não dispõe de números do Pará ou do Norte.

A modalidade foi criada em 2019, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), e permite que os trabalhadores retirem anualmente uma parte do saldo de sua conta do FGTS no mês de seu aniversário. A adesão ao saque-aniversário é opcional e aqueles que não solicitarem continuam no regime padrão, conhecido como saque-rescisão.

Para o economista Genardo de Oliveira, alguns fatores contribuíram para o crescimento na adesão ao saque-aniversário do FGTS em 2024. Entre eles está a necessidade de liquidez, já que muitos trabalhadores optaram pela modalidade para quitar dívidas de curto prazo ou evitar o uso de crédito rotativo com juros elevados. Além disso, ele diz que a flexibilidade financeira também pode ser um motivo: a possibilidade de acessar uma parte do saldo do FGTS anualmente oferece maior autonomia financeira, segundo Genardo.

“Outro fator é a elevação das taxas de juros. Com as altas taxas de juros dos cartões de crédito, o saque-aniversário se tornou uma alternativa mais acessível para obter recursos. E ainda a conscientização e facilidade de acesso. O aumento da conscientização sobre o benefício e a facilidade de adesão através do aplicativo ou site da Caixa Econômica Federal pode ter influenciado”, detalha.

Impacto no consumo

Ao acessar o recurso extra, que antes só podia ser sacado em casos específicos, como compra de imóvel ou doença grave, as famílias ganham mais potencial de consumo, o que pode ter um impacto positivo na economia brasileira. “Ao receber uma parte do saldo do FGTS anualmente, os trabalhadores têm mais recursos disponíveis para gastar, e isso pode estimular o consumo e, consequentemente, a demanda por bens e serviços. Pode ajudar também a impulsionar a economia, especialmente em setores como o varejo e o comércio”, adianta.

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Em relação a outras modalidades, o economista aponta que o saque-aniversário oferece a vantagem de permitir que os trabalhadores acessem uma parte do saldo do FGTS anualmente. Isso pode ser útil para quitar dívidas ou cobrir despesas inesperadas. Porém, ele também tem desvantagens, na opinião de Genardo, como a perda do direito ao saque-rescisão por até 24 meses em caso de demissão sem justa causa. O saque-rescisão oferece um valor maior em caso de demissão sem justa causa, mas é acessado apenas em situações específicas.

Para o profissional, o saque-aniversário pode ser prejudicial em situações de desemprego ou emergência financeira, pois quem adere a essa modalidade perde o direito ao saque-rescisão por até 24 meses. Isso significa que, em caso de demissão sem justa causa, o trabalhador terá acesso apenas à multa rescisória de 40% sobre os valores depositados pelo empregador, o que pode não ser suficiente para cobrir despesas urgentes.

Saque-aniversário em 2025

Neste ano, a primeira parcela do saque-aniversário do FGTS foi liberada no dia 2 de janeiro para os trabalhadores nascidos neste mês. Os valores podem ser sacados até o último dia útil do segundo mês após o mês de aniversário. Se não forem retirados dentro desse prazo, os montantes retornam para a conta do FGTS do trabalhador. Pelo calendário, os últimos trabalhadores são os nascidos em dezembro, que receberão a partir do dia 1º daquele mês. Confira as datas no infográfico.

Mês de nascimento | Data de saque

  • Janeiro: De 2/1 a 313
  • Fevereiro: De 3/2 a 30/4
  • Março: De 3/3 a 30/5
  • Abril: De 1º/4 a 30/6
  • Maio: De 2/5 a 31/7
  • Junho: De 2/6 a 29/8
  • Julho: De 1º/7 a 30/9
  • Agosto: De 1º/8 a 31/10
  • Setembro: De 1º/9 a 28/11
  • Outubro: De 1º/10 a 30/12
  • Novembro: De 3/11 a 30/1
  • Dezembro: De 1º/12 a 27/2

Valores sacados anualmente pelos trabalhadores na modalidade:

  • 2020: R$ 9.839.917.819,55 para cerca de 5,4 milhões de trabalhadores
  • 2021: R$ 18.091.715.604,54 para cerca de 11,7 milhões de trabalhadores
  • 2022: R$ 28.376.454.895,09 para cerca de 18,8 milhões de trabalhadores
  • 2023: R$ 38.125.640.819,60 para cerca de 24,8 milhões de trabalhadores
  • 2024: R$ 43.337.094.208,24 para cerca de 29,2 milhões de trabalhadores

Total: R$ 137.770.823.347,02

Fonte: Caixa Econômica Federal

Economia