Reajuste no preço das frutas fica acima da inflação em Belém, diz Dieese
No comparativo entre os meses de abril de 2023 e deste ano, o abacaxi, por exemplo, ficou 52% mais caro. Inflação calculada para o mesmo período ficou em 3%.
No comparativo entre os meses de abril de 2023 e deste ano, o abacaxi, por exemplo, ficou 52% mais caro. Inflação calculada para o mesmo período ficou em 3%.
O último balanço de preços divulgado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) no Pará aponta que, em 12 meses, a maioria das frutas comercializadas nas feiras de Belém ficou bem mais cara, com reajuste muito acima da inflação do período, calculada em 3,23%. O aumento do abacaxi foi de 52% em abril deste ano (na comparação com abril do ano passado), enquanto o reajuste da goiaba foi de 25%. Feirantes do Mercado de São Brás, no bairro homônimo, dizem que a laranja também subiu de preço.
O vendedor de frutas João Silva, 63, trabalha há mais de 40 anos com o comércio de frutas. Permissionário do Mercado de São Brás, ele diz que, do ano passado pra cá, a laranja regional, a goiaba e o abacaxi subiram bastante de preço. “Nesse mês do ano passado, a laranja na tela era R$ 35/40 e, hoje, está a R$ 65”, disse o comerciante, sobre o valor gasto por ele ao adquirir o fruto. Por isso, ele precisou ajustar o preço dos pacotes: antes, eram seis unidades de laranja por R$ 5; agora, são quatro unidades pelo mesmo valor. “A goiaba era R$ 6 o quilo; hoje, está R$ 10. O abacaxi que era R$ 6/7, agora está R$ 10 [a unidade]”, acrescentou.
A missionária Rosângela Ramos, 41, costuma comprar tangerina e pitaya com frequência, por gosto pessoal, e diz que ambas estão muito caras. “Eu conseguia comprar antigamente por um quilo [da pitaya] por R$ 15 e, agora, tá R$ 26. A tangerina tá saindo a R$ 2 a unidade; antes, eu comprava um quilo por R$ 10”, compara. Por questões de saúde, ela tem levado menos, mas continua comprando a pitaya: “É uma fruta muito boa pra anemia. Como eu tenho essa dificuldade com a anemia, estou sempre comendo. Toda semana eu compro”, acrescentou.
Na comparação com o início do ano, no entanto, o limão está bem mais barato. A vendedora de legumes, Suzilene Costa, 54, também vende limões e diz que chegou a comprar uma saca de aproximadamente 140 limões por R$ 60 no início deste ano — época em que chegou a comercializar um quilo da fruta por R$ 6. Neste mês de maio, com a saca custando R$ 10, o quilo do limão está sendo repassado a R$ 2 aos consumidores. Apesar da baixa, Suzilene diz que a fruta deve encarecer no mês de julho por conta das férias escolares: “Na época de praias, vai tudo pra lá. Aqui na cidade, fica caro. Agora, tá R$ 10 [a saca], mas em julho vai ficar entre R$ 40/50”, finalizou.
O balanço mais recente do Dieese sobre o preço das frutas comercializadas em feiras livres e supermercados de Belém foi divulgado no último dia 17 de maio. Segundo a entidade, desde o início do ano, apenas o limão (-29,92%) e a melancia (0,48%) recuaram de preço. Seguindo a tendência de alta desde abril de 2023, só este ano, o abacaxi ficou 22,29% mais caro, enquanto a goiaba encareceu 23,44%. A laranja regional, comumente vendida nas feiras da capital paraense (como a visitada pela reportagem) não integra as pesquisas do Dieese.