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Reajuste dos combustíveis pesa no bolso do consumidor

Motoristas de táxi e de aplicativo relatam que tem sido difícil aguentar os aumentos

Elisa Vaz

A nova alta no preço dos combustíveis, anunciada pela Petrobras e que entra em vigor neste sábado (18), vai impactar as finanças de motoristas particulares e profissionais. É o terceiro reajuste da gasolina apenas este ano, agora de 5,18%, e mesmo antes disso, na semana passada, o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostrou, com base em dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP), que o litro do produto custava uma média de R$ 7,25 nos postos do Pará. Já o diesel, que foi reajustado em 14,26%, foi vendido a um preço médio de R$ 7,2 no Estado durante a última semana.

Os pesquisadores do Dieese, Roberto Sena e Everson Costa, apontam que, com estes novos aumentos no preço dos combustíveis, “a tendência geral é de um efeito dominó nos preços de produtos, bens e serviços na economia como um todo”. No Pará, segundo eles, os reajustes sequenciais nos preços dos combustíveis têm se refletido fortemente em altas generalizadas e, consequentemente, aumento de inflação e perda de poder aquisitivo.

Taxista, Paulo Almeida tem achado “absurdo” o preço da gasolina. Ele trabalha usando o combustível e conta que tem sido difícil. “Tá demais, aumentando todo dia, o pai de família não tá aguentando, tá desistindo. É muito alto o preço e cada posto aumenta mais um pouquinho, enquanto o salário continua igual”, opina. Segundo ele, o novo reajuste vai impactar ainda mais em sua rotina, até porque paga o financiamento do seu carro, no valor de R$ 1.790 por mês. Paulo ainda reclama de que tudo está muito caro, não apenas o combustível, mas também a cesta básica. “Tá tudo caro para uma família de quatro pessoas. O cara tem que correr atrás de muito dinheiro mesmo porque tá difícil”, relata.

Em nota enviada à reportagem, o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Estado do Pará (Sindicombustíveis-PA) informa que a elevação do valor na refinaria é um reflexo da política de preços da Petrobras, que acompanha também a cotagem do petróleo no mercado internacional, mas que, não necessariamente, o mesmo percentual será repassado ao consumidor final.

“O anúncio de elevação diz respeito ao combustível puro, na refinaria, que não é o mesmo vendido nos postos. Não existe correlação obrigatória entre os preços da refinaria e o preço dos combustíveis nos postos. O combustível da refinaria é vendido para as distribuidoras, que adicionam os biocombustíveis e depois vendem aos postos. Os postos atuam no último elo da cadeia, comprando combustível das distribuidoras. Portanto, dependem do preço praticado por essas para formar seu preço de venda aos consumidores”, explica a entidade.

Mas, em clima de expectativa de redução dos preços dos combustíveis, diante das ações que estão ocorrendo no âmbito da Presidência da República e no Congresso Nacional (PLP 18), o Sindicato repudia as altas, dizendo que o país foi “surpreendido com grande aumento de preços pela Petrobras”. “O Sindicombustíveis-PA reconhece a metodologia usada pela Petrobras, mas considera inoportuno tais reajustes, especialmente quando se observa a possibilidade do impacto nos preços das alterações das legislações tributárias já aprovadas pelo Congresso Nacional e a recente queda da cotação do petróleo”.

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