Queda do dólar pode representar bom momento para comprar moeda ou investir em ativos
De toda forma, é preciso ter cautela por conta da alta volatilidade do mercado cambial, alertam especialistas
A forte queda do dólar, registrada desde o início do ano, com desvalorização acumulada de 6,9% desde janeiro, pode representar um bom sinal para quem deseja comprar a moeda ou investir em modalidades que envolvam a divisa norte-americana. Nesta sexta, 14, a moeda fechou em queda pelo terceiro dia seguido e atingiu o valor de R$ 4,92. “Para quem pensa em viajar e investir lá fora é uma ótima oportunidade para comprar a moeda americana mais barata, e, assim, conseguir mais dólares na hora de trocar. Na prática, a queda do dólar representa o aumento do poder de compra do real e do brasileiro no exterior”, explica o assessor de investimentos Idean Alves.
Segundo ele, quem estava aguardando uma correção no dólar para investir lá fora também tem uma ótima janela de oportunidade, assim como ocorreu neste mesmo período em 2022. “É um excelente momento para investir lá fora, em especial nos Estados Unidos, que representam 70% do mercado global, comprando o dólar mais barato, e com os mercados de renda fixa e ações americanas em um momento bem atrativo. A taxa de juros americanas vive o seu maior patamar dos últimos anos por conta da inflação elevada lá fora, sendo possível encontrar títulos da dívida americana pagando de 5 a 6% por ano em dólar, o que é bem acima da média histórica desses títulos”, completa Idean.
De acordo com o assessor, além disso, a Bolsa de Valores americanas, que detém as principais empresas do mundo, está bastante descontada em função da crise ocasionada pela inflação alta, o que pode mudar a medida que os juros caiam nos EUA, o que sem dúvida seria um gatilho de alta para ações lá fora. “Casando dólar barato, juros em alta nos EUA, e Bolsa descontada, o investidor internacional pode aproveitar boas oportunidades. No entanto, se olharmos para março e abril de 2022, vimos o dólar bater abaixo dos R$ 5 e voltar a negociar acima algumas semanas depois, o que pode se repetir agora, pois o consenso de mercado entende que o preço médio ou justo do dólar fique em torno de R$ 5,25. Seria ótimo poder contar com um dólar abaixo de R$ 5 por mais tempo, mas a valorização do dólar em nível global e os fundamentos da economia brasileira ainda não justificam esse nível de preço de forma perene”, acredita.
O economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia do Pará e Amapá, Sérgio Melo, também acredita que este momento pode significar uma janela de oportunidade para quem deseja adquirir dólares ou fazer investimentos em ativos cotados na moeda americana. No entanto, é preciso ter cautela. “É necessário buscar o maior número de informações possível antes de alocar seus recursos, pois a alta volatilidade do mercado cambial pode trazer prejuízos ao investidor que não possui tanto conhecimento sobre o tema ou não possui auxílio de profissionais da área de finanças.
“Se, por exemplo, o investidor espera que o dólar continue diminuindo ou se mantenha no patamar atual, há espaço para investir em ações de empresas brasileiras que dependem fortemente da importação de insumos, os quais ficam mais baratos com a queda da cotação do dólar e podem gerar benefícios para o desempenho dessas empresas. Mas, se o investidor espera uma futura alta na cotação do dólar, uma estratégia seria investir em ações de empresas no mercado internacional, as quais possuem cotação em dólar, ou mesmo comprar dólares. Ou seja, aumentar a exposição ao dólar neste momento pode trazer benefícios de valorização do patrimônio investido, caso a moeda volte a se valorizar futuramente. Contudo, se a cotação do dólar cair ainda mais após a realização dos investimentos, a estratégia de comprar dólares ou ações no mercado internacional pode trazer prejuízos”, pondera.
Para Sérgio, a diversificação de investimentos pode ser uma maneira de lidar com a incerteza e minimizar riscos. “Assim, a parcela de investimentos associados diretamente o câmbio deve ser vista como volátil e sujeita a perdas, mas pode ser importante dentro de uma carteira que possui outros ativos de menor risco. É importante, assim, analisar diversos cenários e informações antes de tomar decisões de investimento, principalmente envolvendo quantias elevadas”, orienta.
VEJA MAIS: