Quase metade dos novos empregos no Pará em 2024 foi ocupado por mulheres, aponta Dieese
Setores de serviços e comércio concentraram a maior parte das contratações femininas no estado
No ano passado, mais de 46% dos novos postos de trabalho formais gerados no Pará foram ocupados por mulheres. O estado registrou um saldo positivo de 39.065 empregos, dos quais 18.005 foram preenchidos por trabalhadoras.Os dados foram divulgados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que ainda apontou que Pará foi o estado da Região Norte que mais gerou empregos formais para mulheres.
Os setores de serviços e comércio foram os principais responsáveis pela absorção dessa mão de obra, respondendo juntos por quase 87% das admissões femininas, mostra o estudo. O setor de serviços gerou 8.726 postos de trabalho, enquanto o comércio registrou um saldo positivo de 6.919 empregos. Já a indústria, embora em menor escala, também contribuiu para esse crescimento, com 1.836 novas vagas destinadas a mulheres.
VEJA MAIS
O Pará foi o estado da Região Norte que mais gerou empregos formais para mulheres, representando 32,89% do saldo positivo da região. O Amazonas ficou em segundo lugar, com 27,37%, e Rondônia em terceiro, com 10,89%.
Perfil das trabalhadoras no Pará
Entre as mulheres admitidas em 2024, 74,16% tinham entre 18 e 24 anos, faixa etária que registrou o maior saldo positivo de empregos. No outro extremo, mulheres acima de 50 anos enfrentaram mais dificuldades, registrando um saldo negativo de mais de 1.200 postos de trabalho. A escolaridade também foi um fator relevante: mais de 80% das admissões foram de mulheres com ensino médio completo. Outras faixas educacionais também tiveram participação relevante: mulheres com ensino superior completo representaram 7,61% do saldo positivo, enquanto aquelas com ensino fundamental incompleto ou completo tiveram um impacto menor, somando cerca de 1,26% das admissões.
A jovem Sofia Fraiha, de 20 anos, faz parte dessas estatísticas. Atendente de uma doceria em Belém, a estudante de biomedicina conseguiu seu primeiro emprego formal e considera o regime na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) sinônimo de segurança. "Ter a carteira assinada significa estabilidade para mim. Posso ajudar em casa e pagar minha faculdade", afirma.
Sofia ainda falou sobre a competitividade do mercado formal e as dificuldades. "Aqui foi tranquilo, fui muito bem recebida, mas antes de entrar tive dificuldades, porque nos lugares em que tentei, como mercados e outros estabelecimentos, sempre davam preferência para homens", revela. Além de serviços e comércio, a indústria gerou 1.836 vagas para mulheres, a construção civil teve um saldo positivo de 660 postos de trabalho, enquanto a agropecuária foi o único setor que registrou saldo negativo, com 136 vagas a menos.
Diante dos desafios de ingresso no mercado, a profissional aconselha persistência para as mulheres que buscam um emprego formal. "O conselho que eu dou é, primeiramente, não desistir. Ser persistente. O mercado tem muitas portas abertas para mulheres dedicadas, organizadas e persistentes", conclui.