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Preço da gasolina em Belém segue instável; Dieese estima fim da deflação na capital

Altos custos no combustível podem impactar outros segmentos, como o de produtos, bens e serviços

Camila Azevedo

O preço da gasolina em Belém está instável desde o último reajuste no valor do litro, anunciado recentemente pela Petrobras, o que tem levado consumidores a buscar novas formas de economizar. Uma análise feita pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra que o produto teve variação média de 7% entre a semana que corresponde aos dias 13 e 19 de agosto e a dos dias 20 e 26 do mesmo mês. Com isso, a instituição estima que o cenário de deflação que vinha sendo visto na capital pode chegar ao fim, uma vez que todos os outros setores são afetados.


O preço médio da gasolina em Belém, na primeira semana pesquisada, era R$ 5,32. Já na segunda, subiu para R$ 5,69. Quando comparado com os estados da região Norte, o Pará ocupa a 6ª posição entre os que estão com o combustível mais caro no levantamento. A cidade paraense que desponta como a que possui o litro mais elevado é Xinguara, com R$ 6,85 de preço médio. A capital ficou em 16º. Os dados foram analisados com base nas informações mais recentes disponibilizadas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

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Uma apuração feita pela reportagem do Grupo Liberal pelos postos de combustível de Belém, nesta segunda-feira (28), identificou que os preços da gasolina estão variando entre R$ 5,54 e R$ 5,69, dependendo do local escolhido. Segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo, Gás Natural, Biocombustíveis e Lojas de Conveniência do Estado do Pará (Sindicombustíveis-PA), os valores divulgados pela ANP não refletem a integridade de cada região. “Normalmente, apenas 10% dos postos de Belém, por exemplo, são consultados”.

Porém, as altas foram sentidas, de fato, no bolso da nutricionista Lorena Neri. Ela conta que tem gastado cerca de R$ 350 por semana e busca reduzir os caminhos que precisa fazer no dia a dia como forma de economizar o combustível. “A manobra que a gente está fazendo é tentar encurtar os caminhos e se organizar melhor na logística. Eu tenho filha na escola e tenho que levar, tem que buscar, dou suporte para os meus pais, tento minimizar dessa forma. Agora, a gasolina todo o tempo subindo impactou muito, principalmente para quem se desloca bastante”, lamenta.

Lorena também tenta pesquisar os postos que vendem gasolina mais conta, tentando aliar qualidade com economia. “Até mesmo porque a gente fica naquela avaliação: o etanol é mais barato, mas será que está compensando com a quilometragem? Esse deslocamento tem mais trânsito, eu vou pegar engarrafamento… Então, assim, em relação aos postos mesmo, tem que pesquisar, mas não dá pra gente pesquisar muito longe, tem que ser de acordo com o nosso caminho. Nisso, meu lazer fica prejudicado. A gente já procura fazer mais em casa ou lugares muito próximos para que a gente possa ir andando”, completa.

Deflação pode chegar ao fim em Belém

O aumento no preço dos combustíveis vai repercutir em diversos outros segmentos da economia. O supervisor técnico do Dieese, Everson Costa, afirma que o cenário de deflação, que vinha sendo visto em Belém, vai acabar. “O aumento no preço dos combustíveis, principalmente do diesel, já vai trazer um impacto em relação ao custo do frete e, consequentemente, desdobramentos na formação de preços de bens, produtos e serviços para nós. É imediato, não tem jeito. As nossas distâncias cobram caro. Toda vez que a gente tem alta no preço dos combustíveis, o desdobramento disso é praticamente imediato”.

“Esse crescimento dos combustíveis, esses reajustes que aconteceram na gasolina e no preço do diesel já começaram a chegar nos preços de bens, produtos e serviços por todo o Pará. A gente não deve ter mais o cenário de deflação que nós vivemos pelo menos até o mês passado. O reajuste no preço dos combustíveis no Brasil foi de 0,46 e em Belém, a média foi de 1,78. Então, nós já estamos visualizando essas altas de preços, não só nos postos de combustíveis, mas também na própria medição da inflação. Essa prévia já dá esse recado, resta saber o comportamento disso nas gôndolas de supermercados”, acrescenta.

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