Preço da carne aumenta 8,02% em novembro e pressiona IPCA
Inflação: Tendência de superação da meta inflacionária do Banco Central indica nova alta dos juros nesta quarta-feira
A divulgação, nesta terça-feira (10.12), do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de novembro, pelo IBGE, mostrou desaceleração em relação a outubro, mas não trouxe tranquilidade na véspera da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. A inflação de novembro no país foi de 0,39%, 0,17 ponto porcentual abaixo do registrado em outubro (0,56%). No acumulado em 12 meses, porém, o indicador subiu para 4,87%. Até outubro, o acumulado já era de 4,76%.
Os números estão acima da meta de inflação perseguida pelo BC, que é de 3% ao ano, com margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos. Isso torna inevitável um novo aumento dos juros a partir desta quarta e, no mercado financeiro, há quem considere um aumento de 0,75 ponto para a taxa básica de juros insuficiente. As apostas são de que o Copom pode anunciar hoje um aperto ainda maior da política monetária.
De acordo com o próprio IBGE, o IPCA de dezembro precisaria ser de no máximo 0,20% para que a meta deste ano não fosse superada, no entanto, a expectativa do mercado é de uma alta três vezes superior para o mês, com o IPCA fechando o ano em 5%.
“Por conta da recente desvalorização cambial, elevamos nossa projeção para o IPCA de dezembro de 0,59% para 0,68%, bem como a do ano de 2024 passou de 4,8% para 5%. Sobre 2025, a maior inércia que será herdada do ano anterior nos fez elevar a projeção do IPCA de 4,4% para 4,5%”, projetou Fábio Romão, da LCA Consultores, em relatório citado pelo ‘O Estado de S. Paulo’.
Alimentação
Em novembro, houve forte pressão inflacionária dos preços dos alimentos, o que torna a inflação ainda mais dolorosa para as famílias de baixa renda. Os alimentos para consumo no domicílio aumentaram 1,81% em novembro, terceiro mês seguido de avanços de preços. Com alta geral de 8,02%, carnes tiveram os maiores porcentuais; os principais reajustes ocorreram nos cortes alcatra (9,31%), chã de dentro (8,57%), contrafilé (7,83%) e costela (7,83%). Houve elevações também no óleo de soja (11,00%) e no café moído (2,33%).
O chamado índice de difusão, que mostra o porcentual de itens com aumentos de preços, passou de 62%, em outubro, para 58% em novembro. No caso dos itens alimentícios, o índice diminuiu de 67% para 65%; em não alimentícios, de 57% para 52%.
“A alta de preços foi observada numa menor quantidade de subitens. A inflação foi menos espalhada do que no mês anterior”, ressaltou André Almeida, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE. De acordo com ele, houve forte pressão sobre os preços dos alimentos, passagens aéreas, serviços turísticos e cigarro. A passagem aérea subiu 22,65%, liderando o ranking de pressões individuais sobre a inflação do mês. O cigarro ficou 14,91% mais caro em novembro, segundo maior impacto sobre o IPCA, em decorrência do aumento da alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
Por outro lado, seis dos nove grupos de despesas registraram quedas de preços em novembro. O maior alívio foi encontrado em habitação (-1,53%), com forte contribuição da energia elétrica (recuo de 6,27%). Novembro marcou a substituição da bandeira tarifária vermelha patamar 2 pela amarela, com corte na taxa extra embutida nas contas de luz. As famílias também gastaram menos com artigos de residência (-0,31%), vestuário (-0,12%), saúde (-0,06%), educação (-0,04%) e comunicação (-0,10%).
Carnes
O terceiro mês consecutivo de aumento da carne pelo IPCA do IBGE ocorre após um ano e meio de queda nos preços do produto, até a série de aumentos começar em setembro deste ano. Entre os cortes bovinos, o patinho foi o que mais encareceu no acumulado dos 12 meses, com a inflação de 19,63%. Ele é seguido do acém (18,33%), do peito (17%) e do lagarto comum (16,91%), de acordo com o portal g1. A única peça que ficou mais barata foi o fígado, com queda de 3,61%, aponta o índice.
Considerando a variação mensal, as carnes tiveram uma alta de 8,02%. É a maior elevação do item na categoria desde dezembro/2019, quando atingiu 18,06%.
Quatro fatores ajudam a explicar a alta de preços, segundo economistas consultados pelo g1: o ciclo pecuário, que faz com que após dois anos de muitos abates, a oferta de bois tenha começado a diminuir no campo; o clima seco e as queimadas, que prejudicaram a formação de pastos, principal alimento do boi; as exportações, já que hoje o Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo e vem batendo recordes de vendas; o aumento da renda, com a queda do desemprego e a valorização do salário mínimo, que estimularam a compra de carnes.
Por todos esses fatores, os economistas ouvidos pelo g1 consideram que o preço não deverá baixar em 2025 e a alta poderá se estender até 2026.
Confira os aumentos de cada corte de carne bovina
Variação da inflação em 12 meses até novembro de 2024
Agulha: 18,33%
Peito: 17%
Lagarto: 16.91%
Alcatra: 15.91%
Chã: 15,43%
Pá: 15,12%
Contrafilé: 14,41%
Costela: 14,24%
Músculo: 13,94%
Capa de filé: 10,13%
Filé mignon: 8,4%
Lagarto redondo: 8,24%
Picanha: 7,8%
Cupim: 6,57%
Fígado: 3,26%
Fonte: g1/IBGE