MENU

BUSCA

Paraenses investem na energia solar para diminuir gastos com a conta de luz

O Pará é o segundo estado que mais produz energia solar na região norte

Kamila Murakami

Apesar de ser um dos maiores produtores e exportadores de energia elétrica do país, a tarifa de luz no Pará é a mais cara do Brasil, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Esse é um dos fatores que tem levado os paraenses a buscarem cada vez mais por opções mais econômicas à longo prazo, como é o caso da energia solar.

VEJA MAIS 

Cresce a procura por energia solar em Castanhal
Consumidores buscam por economia e conforto dentro de lares e empresas

Financiamento para energia solar está em alta no Pará
A procura por crédito para esta finalidade é crescente em todo o país e recentemente o Sicredi superou a marca de R$ 1 bilhão de saldo em carteira nos estados do Pará

Em todo Brasil, o ritmo de adesão à energia solar alcançou um número histórico em 2024. De acordo com dados da Associação Brasileira de Energia Fotovoltaica (Absolar), em março deste ano foram registrados 40 gigawatts (GW) de potência instalada operacional oriunda das usinas. Na região norte - conforme aponta um levantamento feito pela Aneel - o Pará ocupa o segundo lugar em energia produzida a partir da radiação da luz do sol, com a marca de 16.000 Kwz.

O clima no Pará é totalmente favorável ao potencial energético das usinas fotovoltaicas, por conta dos elevados índices de radiação solar. Atualmente, o estado já tem mais de 40 usinas desse modelo espalhadas na região metropolitana de Belém e em municípios do interior. O engenheiro eletrecista Vanderson Souza, 34, explica que a regularização tardia da modalidade de produção de energia no Brasil, que aconteceu em 2012, fez com que os brasileiros demorassem a aderir ao uso dos painéis solares. Entretanto, a recente diminuição dos preços contribuiu para a popularização do serviço. 

"[energia solar] Está mais barata e, consequentemente, a tarifa está mais cara. Isso está diretamente relacionado à procura por parte dos consumidores”, aponta o especialista. 

Moradora de Ananindeua, na Grande Belém, a aposentada Zilmar Oliveira, de 69 anos, aderiu ao uso do equipamento solar há cerca de um ano. Segundo ela, durante esse tempo já foi possível notar uma grande diferença nas despesas mensais da casa. “Em média são R$400 que a gente deixa de gastar todo mês e isso já faz muita diferença se você for fazer as contas”, conta.

Zilmar Oliveira cita que, embora não seja um investimento que considera “barato”, ela não se arrepende da adesão ao sistema. “Não é baixo, mas vale a pena. Nós precisamos abrir uma linha de crédito e tudo foi financiado em cinco anos. Ainda assim, valeu muito. Quem puder fazer, faça que não vai se arrepender”, afirma a aposentada.

Os custos com o financiamento da energia solar podem variar de acordo com fatores como a complexidade e o tamanho da instalação. No geral, em casos de propriedades pequenas, o valor pode ficar em uma média de R$12 a R$15 mil. “Em cerca de quatro anos o consumidor consegue recuperar o valor investido. É o que nós chamamos de ‘payback’”, completa Vanderson. 

Ainda de acordo com o especialista, o negócio se torna muito positivo ao levar em consideração, também, a garantia dos equipamentos e o tempo que eles podem ficar em funcionamento. “A vida útil de um painel solar é de 25 a 30 anos. Ou seja, o cliente faz o investimento em um conjunto que pode ter condições de uns 20 anos de operação”, diz.

Tipos de instalação

Existem dois modelos de instalação no mercado atualmente: o On Grid e o Off Grid. A principal diferença entre os dois está relacionada ao limite de armazenamento. O mais usado é o On Grid, que fica conectado à rede pública de distribuição elétrica. Quando a quantidade de energia produzida pelas placas solares não é suficiente, o consumidor pode optar por fazer uso da rede pública para complementar.

Já quem opta pelo Off Grid tem um sistema auto suficiente, sem a necessidade de se conectar a outras redes. A energia produzida fica armazenado em baterias que abastecem a propriedade de modo permanente. O custo para a instalação, no entanto, pode ser quatro vezes maior.

Sustentabilidade

Além de pesar menos no bolso, o uso da energia solar impacta diretamente na sustentabilidade. As usinas fotovoltaicas são consideradas como fontes de energia limpa, porque não emitem gases que poluem o meio ambiente. Além disso, diferente das matrizes termelétricas - que utilizam o carvão mineral - e as das hidrelétricas, a energia produzida por meio das usinas fotovoltaicas é renovável, já que o sol é uma fonte inesgotável de energia.

Vanderson Souza destaca que a modalidade de geração de energia está no centro das discussões ambientais. “A energia solar é o principal vetor de mudança nesse processo de transição energética. Até 2050 a projeção é que a gente saia da dependência do petróleo, dos seus derivados, para a energia solar”, frisa. 

Economia