Paraenses rebatem ideia de Zema, que quer criar consórcio entre estados do Sul e Sudeste
A ideia seria suprir perdas econômicas nas regiões. Prefeito de Belém e representante da indústria criticam a iniciativa.
A fala do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), defendendo um consórcio de estados do Sul e Sudeste por conta de possíveis perdas econômicas frente aos das regiões Norte e Nordeste, não agradou representantes políticos e econômicos do Pará. Com o nome “Cossud - Consórcio Sul-Sudeste” e a presidência de Ratinho Júnior (PSD), o bloco é visto de forma negativa localmente.
Em sua fala, Zema destacou que a atuação do Cossud se daria em prol do combate aos prejuízos às unidades da federação no Congresso. “Outras regiões do Brasil, com estados muito menores em termos de economia e população, se unem e conseguem votar e aprovar uma série de projetos em Brasília. E nós, que representamos 56% dos brasileiros, mas que sempre ficamos cada um por si, olhando só o seu quintal, perdemos. Ficou claro nessa reforma tributária que já começamos a mostrar nosso peso”, apontou.
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No setor econômico paraense, a fala não repercutiu bem. O vice-presidente da Federação das Indústrias do Pará (Fiepa), José Maria Mendonça, disse que “custa acreditar” que um consórcio como esse saia do papel.
“Na nossa leitura, a reforma tributária vai beneficiar esses estados do sul e do sudeste. Ele está defendendo o seu estado, onde teve voto, mas não cabe, porque a reforma não trouxe o dado que deveria trazer, de reduzir a diferença entre os estados do Brasil. A reforma não beneficiou a gente, queria saber de onde ele tirou essa informação. Acho que isso é só um balão de ensaio, uma falácia, uma conversa de bastidor que não vai dar em nada porque não cabe. A reforma, na minha leitura, beneficia os estados mais ricos”, avaliou Mendonça.
O prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues (Psol), cobra respeito por parte do governador com a população do Norte e Nordeste. “Ele está fazendo manobras políticas para tentar conquistar os eleitores do ex-presidente Bolsonaro (PL), que está inelegível. Só que ele está cometendo um ato de violência contra o povo nortista, nordestino e do Centro-Oeste. Ele deve respeito”, pontuou.
“Eu queria que fosse apenas ignorância, ia ter pena do povo mineiro. Mas, como eu sei que é má fé, tenho pena de todo o povo brasileiro, que precisa aperfeiçoar a democracia para que não tenhamos pessoas tão pobres de espírito e tão fracas moralmente e com caráter tão espúrio a ponto de achar que tem o direito de violentar a dignidade da maior parte da população brasileira”, concluiu Edmilson.
O grupo Cossud deve se concentrar nas implicações da reforma tributária, aprovada pela Câmara, mas que ainda precisa da análise do Senado. O governador de Minas entende que os estados do Sudeste ficam em desvantagem.