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Pará terá que qualificar 286 mil trabalhadores até 2027 para atender setores estratégicos

Estudo do Observatório Nacional da Indústria aponta maior demanda por qualificação nas áreas de logística, construção, manutenção e metalmecânica

Amanda Engelke / Especial para O Liberal

Até 2027, o Pará terá que qualificar 286,4 mil pessoas para atender às demandas de setores industriais estratégicos. É o que aponta o Mapa do Trabalho Industrial, elaborado pelo Observatório Nacional da Indústria. Desse total, 47,6 mil trabalhadores precisarão de formação inicial — voltada a novas vagas ou reposição — e 238,7 mil de atualização e treinamento contínuo.

Os dados do estudo indicam que cinco áreas concentrarão 64% dessa demanda: Logística e Transporte (65.108 pessoas), Construção (48.419), Manutenção e Reparação (27.700), Operação Industrial (23.195) e Metalmecânica (19.974). A estimativa considera o crescimento da atividade econômica no estado, os avanços tecnológicos e as transformações nas cadeias produtivas.

Essas áreas, conforme as projeções do levantamento, também devem liderar a geração de empregos entre os anos de 2025 e 2027. A estimativa é que o setor de Logística e Transporte abra 79,4 mil postos até 2027, seguido pela Construção (70 mil), Manutenção e Reparação (39,6 mil), Operação Industrial (29,9 mil) e Metalmecânica (27,1 mil).

O estudo também aponta necessidade de qualificação em outros setores, entre eles, o de Alimentos e Bebidas (18,3 mil), Tecnologia e Engenharia (12,6 mil), Agropecuária (9,9 mil), Serviços Administrativos (9,3 mil), Serviços Gerais (7,3 mil) e Tecnologia da Informação (5,8 mil), considerando formação inicial e treinamento.

Oferta de qualificação não acompanha admissões, avalia Dieese

A análise do supervisor técnico do Dieese no Pará, Everson Costa, reforça esse diagnóstico. Ele observa que o volume de admissões no estado tem crescido e que as qualificações precisam estar no mesmo ritmo. Em 2024, segundo o Dieese, o Pará registrou mais de 460 mil contratações formais, e nos dois primeiros meses de 2025 foram mais de 119 mil admissões.

Como alerta, Everson pontua que a “metade da força de trabalho paraense hoje ocupada ganha apenas e tão somente salário mínimo”, citando que se costuma pagar essa remuneração às pessoas que, em tese, têm pouca ou quase nenhuma qualificação. Além disso, Costa observa que cerca de 60% da população ocupada está na informalidade.

Outro ponto destacado pelo supervisor técnico do Dieese é a dificuldade enfrentada por determinados grupos. Em 2024, trabalhadores com 50 anos ou mais perderam quase 4 mil postos formais no estado. A faixa entre 50 e 64 anos teve saldo negativo de 2.451 vagas, e entre os com 65 anos ou mais, a perda foi de 1.436.

Estado prevê qualificar 14 mil pessoas em 2025

A Secretaria de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda (Seaster), responsável pela política estadual de qualificação, informou que pretende formar cerca de 14 mil pessoas em 2025, com cursos de até 200 horas voltados a jovens a partir de 17 anos. As áreas prioritárias incluem infraestrutura, mobilidade urbana, turismo, hospedagem, transporte e comércio.

De 2021 a 2023, o programa “Qualifica Pará” já qualificou 31.260 pessoas em todos os municípios paraenses. “A demanda por formação profissional ainda é alta, com cerca de 50 mil pessoas cadastradas na Seaster, interessadas nos cursos do Qualifica Pará, o que reforça a importância da ampliação e continuidade dessas políticas públicas para o desenvolvimento econômico e social do estado”, destacou a secretaria, por meio de nota.

Estudo é ferramenta de antecipação, avalia SENAI

Por outro lado, o diretor regional do SENAI no Pará, Dário Lemos, destaca que o Mapa do Trabalho Industrial funciona como uma ferramenta que ajuda na preparação. “Esse trabalho todo feito pelo Observatório Nacional da Indústria é uma antecipação. O observatório enxerga dez anos à frente do que irá acontecer no Brasil todo e fazendo recorte aos estados”.

A necessidade de qualificação também não é exclusiva do Pará, segundo o levantamento. Em todo o país, serão 14 milhões de pessoas a serem preparadas até 2027, com 2,2 milhões demandando formação inicial e 11,8 milhões, atualização e aperfeiçoamento. O Pará aparece na 13ª posição entre os estados com maior demanda por qualificação.

Dário afirma que o SENAI, por exemplo, já vem se preparando para atender à demanda projetada e completa: “É um momento de reflexão para todos que querem uma nova oportunidade, geração de renda, e que procurem o SENAI para se qualificarem dentro desse projeto que o Pará hoje está disputando como um dos grandes do mundo no Brasil”.

Cenário da qualificação no Pará (2025–2027)

Total de pessoas que precisarão ser qualificadas: 286,4 mil
→ Formação inicial: 47,6 mil
→ Treinamento contínuo: 238,7 mil

5 áreas com maior demanda por qualificação:

Logística e Transporte – 65.108

Construção – 48.419

Manutenção e Reparação – 27.700

Operação Industrial – 23.195

Metalmecânica – 19.974

Geração de empregos prevista até 2027:

Logística e Transporte – 79,4 mil

Construção – 70 mil

Manutenção e Reparação – 39,6 mil

Operação Industrial – 29,9 mil

Metalmecânica – 27,1 mil

Outros destaques:
– 60% da mão de obra paraense ocupada está na informalidade
– Metade dos trabalhadores formais ganha apenas 1 salário mínimo
– Em fevereiro, o Pará teve o 10º maior saldo de empregos do país (+8.990 vagas)

Fonte: Mapa do Trabalho Industrial – Observatório Nacional da Indústria

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