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Dia das Mulheres: Pará tem saldo positivo de 9% na criação de postos de trabalho para mulheres

Apesar dos avanços, o mercado de trabalho ainda não é igualitário entre homens e mulheres, aponta pesquisa

Amanda Engelke

Aos 22 anos e prestes a se formar em Publicidade e Propaganda pela Universidade Federal do Pará (UFPA), Elma Negrão sabe que o mercado de trabalho não é igualitário para homens e mulheres. Ela, que ingressou no mercado em 2018, conta que este tempo foi o suficiente para perceber disparidade de salário e também de oportunidades. “Isso é muito real e, infelizmente, muito imerso no nosso cotidiano. A gente consegue ver que posições hierárquicas maiores são muito mais ocupadas por homens”, conta.

Elma não está sozinha nesta percepção. A cirurgiã dentista Lorena Costa, de 28 anos, afirma que, quando se trata de avanço e oportunidades de carreiras, “infelizmente, ainda se tem muita preferência pelo gênero masculino”. Lorena, que conquistou seu primeiro emprego em 2023, compartilha que já enfrentou desafios relacionados à questão de gênero nas atividades ligadas a sua profissão. “As pessoas ainda subestimam muito a nossa capacidade, apenas por sermos mulher”, observa.

“Muitas vezes acontece de dizerem que um homem faz uma extração melhor porque ele tem mais força, quando, na verdade, não tem a ver com isso, e sim a aplicação da técnica correta. São comentários como este que estão enraizados no nosso dia a dia, e que desencadeiam nessa questão de oportunidades. O salário é até igual, até porque agora é lei, mas a gente ainda tem muito mais homens no mercado e com muito mais acesso a posições melhores”, acrescenta Lorena.

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Entre as estratégias que podem ser adotadas pelas empresas, Iza cita vagas exclusivas, campanhas de atração, planos de desenvolvimento internos e recrutamento direcionado. Contudo, para ela, o mercado ainda padece de resistência cultural e falta de conscientização. “Há uma necessidade urgente de superar preconceitos enraizados. É importante preparar o ambiente para receber as mulheres, em todos os lugares e posições, inclusive em cargos de chefia e liderança”, defende.

Empreendedorismo e protagonismo feminino na Amazônia

Jana Borghi, 39 anos, mentora e empreendedora social, com foco em projetos de empoderamento na Amazônia, compartilha que os desafios atravessam sua jornada, desde que decidiu empreender. “Na questão de gênero, muitas vezes me vejo como uma mulher sozinha à frente do meu negócio, sem uma rede de apoio para trocar experiências e percepções, e com falta de apoio institucional para gerar visibilidade, acesso a oportunidades, recursos e articulações”, conta.

Jana trabalha há sete anos pela autonomia financeira feminina, especialmente em bairros periféricos. Ela diz que os desafios de gênero, especialmente na Amazônia, poderiam ser superados mais facilmente com rede de apoio, políticas públicas e acesso a crédito justo. E defende que o apoio às mulheres que são mães é essencial, já que muitas vezes as mulheres precisam empreender no próprio lar por falta de opções de cuidado para os filhos.

Jana relata que, especificamente em Belém, as mulheres empreendedoras enfrentam o desafio de fortalecer sua própria rede e lógica empresarial. Por isso, a mentora defende mais eventos e oportunidades de conexão para o fortalecimento em rede. “Os desafios incluem tanto o acesso e visibilidade dos negócios locais em um nível macro, quanto o fortalecimento e conexão da comunidade empreendedora feminina em nível local”, afirma Borghi.

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