Pará registra melhor desempenho em exportações dos últimos 10 anos no 1º trimestre de 2025

Estado alcançou US$ 5,06 bilhões (cerca de R$ 25,4 bilhões) em exportações, com alta na diversidade de produtos e crescimento expressivo no setor agropecuário

Gabriel da Mota
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O Pará alcançou, no primeiro trimestre de 2025, o maior volume exportado para o período nos últimos dez anos, com US$ 5,06 bilhões (aproximadamente R$ 25,4 bilhões) em vendas ao exterior. O saldo comercial também impressiona: US$ 4,45 bilhões (em torno de R$ 22,3 bilhões) de superávit, resultado da forte queda nas importações (–23,8%) e da leve alta nas exportações (+0,99%) em comparação com o mesmo período de 2024. A corrente de comércio do estado atingiu US$ 5,67 bilhões (equivalentes a R$ 28,4 bilhões) no período, mantendo o Pará na 3ª colocação nacional em saldo comercial e na 6ª posição entre os maiores exportadores do país.

Os dados, divulgados nesta semana pelo Ministério da Indústria e Comércio, também mostram que a participação do Pará nas exportações brasileiras foi de 6,99%, enquanto nas importações respondeu por apenas 0,9%, ocupando a 15ª colocação entre os estados que mais compram do exterior.

Pará diversifica produtos exportados e amplia atuação internacional

O número de produtos exportados também cresceu: foram 887 NCMs (produtos comercializados internacionalmente) entre janeiro e março, um aumento de 16,1% em relação ao mesmo período de 2024, que havia registrado 764.

Apesar da forte dependência do setor mineral — que ainda responde por 87% das exportações paraenses —, houve variação significativa nos itens comercializados. O minério de ferro, principal produto da balança do Estado, registrou queda de 26,63%, reflexo da desaceleração do mercado imobiliário chinês. Por outro lado, outros minerais cresceram com força: a alumina calcinada teve alta de 105,62%, o minério de cobre subiu 36,85% e o alumínio não ligado, 53,24%.

O município de Canaã dos Carajás apareceu entre os seis maiores exportadores do Brasil, impulsionado pelas vendas de minério de ferro e cobre. Também se destacaram Barcarena, Parauapebas, Marabá e Itaituba.

As importações, por sua vez, recuaram, totalizando US$ 611 milhões (na faixa de R$ 3,07 bilhões), o que representa uma queda de quase 24% em relação ao primeiro trimestre do ano passado. Apesar da retração, a pauta de compras externas segue revelando a dependência do Pará por insumos energéticos e industriais, com destaque para adubos ou fertilizantes químicos (17%), óleos combustíveis de petróleo (16%), equipamentos de engenharia civil (8,5%), produtos semi-acabados de ferro e aço (7,5%), elementos químicos inorgânicos (7%), gás natural (5,7%) e trigo e centeio não moídos (2,4%).

Agro paraense avança com exportações de bovinos, carne e pimenta

O setor agropecuário teve desempenho expressivo no trimestre. A exportação de bovinos vivos cresceu 174,74%, com destaque para o Egito como principal destino. Já a carne bovina registrou crescimento de 24,72%, impulsionada pela demanda da China. Outro produto em alta foi a pimenta-do-reino, que teve aumento de 53,48%, especialmente em mercados como Estados Unidos e Alemanha.

image Guilherme Minssen, diretor da Faepa, aponta qualidade e logística como fatores decisivos (Thiago Gomes / Arquivo O Liberal)

Para o diretor da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa), Guilherme Minssen, os resultados refletem um conjunto de fatores, com destaque para a qualidade dos alimentos produzidos no Estado.

“As nossas carnes são de primeira qualidade. Temos um ambiente com clima relativamente constante, que permite ao animal crescer o tempo todo, com luminosidade o ano inteiro”, explicou.

Minssen também destacou os avanços técnicos. “Hoje o fornecimento das nossas pastagens evoluiu bastante, crescemos na parte de agroecologia e genética. Quando falo em animal, falo em bubalinos, bovinos e também na piscicultura. Todos esses setores estão muito aquecidos, porque há falta de proteína animal no planeta, e aqui no Pará nós temos essa exportação tanto em boi vivo, como em carne”, acrescentou.

Segundo ele, o crescimento já vinha sendo percebido, mas superou as expectativas. “O mercado paraense vem, todos os anos, se consolidando. Mesmo que um pouco, ele sempre avançou. E junto com esses avanços vieram melhores frigoríficos, melhor logística e mais universidades no interior. O Pará se interiorizou muito”, analisou.

image Exportações de produtos não tradicionais, como o açaí, ganharam força no mercado internacional (David Alves / Agência Pará)

Sobre os produtos não tradicionais, como o açaí e a pimenta-do-reino, o diretor pontuou que há uma recuperação e fortalecimento em curso. “A pimenta-do-reino já teve outras fases boas como essa. Agora, a questão das frutas, especialmente o açaí, esse sim é um expoente. Melhoramos muito na exploração e na qualidade. Estamos colocando açaí no exterior com competência de qualidade, preço e logística”, destacou.

Minssen vê boas perspectivas para o restante do ano, independentemente da política tarifária de Donald Trump, que anunciou, no último dia 2 de abril, taxas de importação sobre 180 países de todo o mundo, incluindo o Brasil.

“Vamos aumentar nosso mercado, quer queiram ou não, pela qualidade do nosso produto e pela logística. O açaí vai ser cada vez mais exportado. Temos grandes clientes, principalmente nos Estados Unidos, e eles querem aumentar com bastante ênfase suas importações”, finalizou.

📊 Destaques do comércio exterior do Pará (1º trimestre de 2025)

Exportações totais: US$ 5,06 bilhões [R$ 25,4 bilhões] (+0,99%)  

Importações totais: US$ 611,4 milhões [R$ 3,07 bilhões] (–23,8%)  

Superávit da balança comercial: US$ 4,45 bilhões [R$ 22,3 bilhões]

Corrente de comércio: US$ 5,67 bilhões [R$ 28,4 bilhões] (–3%)

Participação nas exportações brasileiras: 6,99%  

Participação nas importações brasileiras: 0,9%  

Ranking nacional: 3º lugar em saldo comercial e 6º em exportações  

Produtos em destaque

  • Minério de ferro (–26,63%)  
  • Alumina calcinada (+105,62%)  
  • Minério de cobre (+36,85%)  
  • Alumínio não ligado (+53,24%)  
  • Bovinos vivos (+174,74%)  
  • Carne bovina (+24,72%)  
  • Pimenta-do-reino (+53,48%)  

Diversificação da pauta exportadora: 887 produtos diferentes (NCMs), crescimento de 16,1% frente a 2024.

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