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Pará fica atrás na produção de pescado no Brasil, mas lidera na exportação, segundo estudo

Conforme dados da Fapespa, o estado teve queda na participação da economia de pescado no país de 1999 a 2023, mas teve aumento na exportação de 2015 até o ano passado; Pará segue na liderança da exportação, segundo a Fiepa.

Jéssica Nascimento

Enquanto a produção do Brasil de pescados foi de 739,4 mil toneladas em 2022, a produção do Pará foi de 14,2 mil toneladas no mesmo ano. Isso representou apenas 1,9% da produção nacional e conferiu ao estado o décimo quarto resultado do ranking de maiores produções do país. As informações são de um estudo sobre pesca paraense da Fapespa (Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas).  

A partir desses números, conforme o estudo publicado em 2023, o Pará ficou atrás de 13 estados na participação nacional da produção de pescados. São eles: Paraná, Ceará, Rondônia, São Paulo, Santa Catarina, Minas Gerais, Mato Grosso, Pernambuco, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Rio Grande do Norte, Goiás e Bahia. 

Em 1999, o Pará atingiu a maior participação nacional de produção de pescado - 18% com 180 mil toneladas produzidas, segundo a Fapespa. Após esse ano, contudo, a participação do estado caiu para 7,2%, devido ao fato de que o pescado paraense cresceu a uma taxa menor que a média nacional, conforme afirma o estudo.

Por outro lado, o estudo da Fapespa revelou que, de 2015 a 2023, houve o aumento de exportação de pescado do Pará. Em 2022, por exemplo, houve o registro de cerca de 11,6 mil toneladas de pescado exportado. O número se aproximou do resultado alcançado em 2006, quando obteve o maior volume, de 11,7 mil toneladas. Conforme os dados, entre 1997 e 2022, houve um acréscimo de 155,1% no volume de pescado exportado pelo setor produtivo paraense.

O termo pescado não engloba só peixes. Também abrange crustáceos, moluscos, anfíbios, quelônios e mamíferos de água doce ou salgada, usados na alimentação humana. 

O que explica a participação baixa do Pará na produção de pescados no Brasil?

Para Marcos Brabo, engenheiro de pesca e professor da Universidade Federal do Pará (UFPA), o Pará nunca ocupou um papel de destaque na produção nacional de pescados. O professor destaca que o estado compra um volume expressivo de pescado de Rondônia, do Mato Grosso e do Maranhão, principalmente de tambaqui e tambatinga.

“O estado do Pará produz principalmente tambaqui e tambatinga, mas a baixa competitividade da cadeia produtiva lhe coloca na condição de comprador de pescado produzido em outras unidades da Federação”, afirma Brabo. 

Segundo o professor, os principais fatores responsáveis para o cenário são: 

1) elevada informalidade dos empreendimentos e baixo volume de informações em órgãos de fomento, ambientais e de assistência técnica e extensão rural; 

2) fraca organização social dos piscicultores, com escassas iniciativas de aquisição coletiva de insumos e comercialização em grupo; 

3) baixo nível de profissionalização da atividade, por vezes fruto da falta de capacitação dos piscicultores; 

4) alto custo de produção em relação aos estados vizinhos, em especial Rondônia, Mato Grosso e Maranhão;

5) ausência de assistência técnica sistemática ou assistência técnica pouco efetiva nas gestões produtiva e econômica dos empreendimentos. 

Pará lidera exportação de pescado entre estados do Brasil, apesar de queda neste ano

O Pará é o maior estado exportador de pescado do Brasil, segundo a Fiepa (Federação das Indústrias do Estado do Pará). Em 2024, o estado teve R$137 milhões em exportações, o equivalente a 23,41% no resultado nacional. Com isso, o estado ficou em 1º lugar no ranking do país, superando estados, como Paraná, Ceará, São Paulo, Santa Catarina e Bahia.

Contudo, de acordo com a Fiepa, de janeiro a junho de 2024, o cenário de exportações de pescado paraense (peixes vivos, secos, salgados ou salmoura) registrou uma variação negativa de 17,10% em comparação com o mesmo período de 2023. Os dados foram divulgados na última quinta-feira, 19, pela Fiepa, por meio do Centro Internacional de Negócios (CIN).

Para Cassandra Lobato, coordenadora da Fiepa, explica que o cenário pode melhorar, mas reforça que, para isso, é necessário ter mais incentivo para o setor. “É preciso trabalhar esse incentivo, inclusive investir na promoção comercial do setor, por meio da participação em feiras internacionais, por exemplo. Além de qualificar, cada vez mais, as indústrias paraenses”, pontua. 

Lobato afirma que “o fato de o Pará permanecer na liderança, mesmo com esse percentual de queda registrado no primeiro semestre, é uma amostra significativa do potencial do Estado para a expansão dessa cultura da exportação de pescado da Amazônia.”

Quais os países que mais compram o pescado paraense?

Conforme os dados da Fiepa, os Estados Unidos são os maiores compradores dos pescados do Pará. De janeiro a junho de 2024, o país foi responsável por mais de R$ 60 milhões em valores da exportação do pescado paraense - o que representa 43,89% na participação mundial. Hong Kong, China, Coreia do Sul e Canadá completam o ranking dos cinco maiores compradores de pescados do Pará. 

Segundo o professor Marcos Brabo, o Pará conta com o maior parque industrial dos estados amazônicos quando o assunto é processamento de pescado e um dos maiores do Brasil. “A maioria das iniciativas paraenses conta com selo de aprovação do Serviço de Inspeção Federal (SIF) e estão localizadas nos municípios de Belém, Bragança e Curuca”, destaca.

Brabo ressalta que os Estados Unidos são o principal mercado dos produtos pesqueiros paraenses, mas que “o mercado europeu continua fechado para o Brasil, que tem se esforçado para cumprir as exigências da União Europeia, visando retomar as exportações de outrora.”

Quais os pescados com mais vendas internacionais?

De acordo com a Fiepa, cabeças e caudas de peixes estão entre as partes mais comercializadas para o exterior, seguidas de outros peixes congelados, exceto filés. Também constam nesta lista o peixe pargo congelado e o filé de Garoupa congelado, seguidos de peixes ornamentais vivos, de água doce.

Essa nomenclatura é usada para nomear, segundo o professor Marcos Brabo, “a pescada amarela, a corvina, a pescada gó, a garoupa, a uritinga, o cambéua, a pescada branca, a dourada e a piramutaba.” Em termos de camarões marinhos, o camarão rosa é o protagonista. Já nas lagostas, a lagosta vermelha tem maior relevância.



 

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