Pará concentra 40,1% dos 5,37 milhões de endividados de setembro da região Norte

O levantamento apontou ainda mais de 2,1 milhões de inadimplentes e mais de 6 milhões de dívidas paraenses

Natalia Mello
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O Mapa de Inadimplência e Renegociação de Dívidas, divulgado em setembro pela Serasa, revelou que o Pará concentra 40,1% dos 5,37 milhões de endividados de setembro no Norte do país. Com mais de 19 milhões de dívidas na região, o valor total representa R$ 18 bilhões, uma média de R$ 941,51 por dívida. Apesar do número alto, no mês, o Norte apresentou o menor número de inadimplentes desde janeiro de 2019. No Brasil, são mais de 62 milhões de inadimplentes que enfrentam dificuldades para conseguir crédito.

O levantamento apontou ainda mais de 2,1 milhões de inadimplentes e mais de 6 milhões de dívidas paraenses, resultando em uma média de R$ 2.895 de dívida por inadimplente. A empreendedora e autônoma Bianca Ramos conta que já foi “um nome sujo no Serasa” por dívidas com operadoras de cartão de crédito e hoje, especialmente, que se sustenta sem a segurança da carteira assinada, se mantém graças a um planejamento financeiro.

“Tive que renegociar dívidas, primeiro, e depois tive que fazer um estudo financeiro da minha realidade. Sou autônoma e, com a pandemia, as coisas dificultaram muito, fora outros acontecimentos. O que aprendi é que nunca devo gastar mais de 70% do meu salário, e que devo deixar sempre 30%, como se fosse um seguro. Claro, evito usar cartão de crédito, porque foi graças ao cartão que me endividei. A dívida era de R$ 5 mil e passei mais de um ano ajustando as coisas para conseguir quitar”, relata.

A jovem de 30 anos afirma que também deixou de comprar no cartão bens materiais não duráveis, como roupas, e deixa o crédito apenas para itens mais caros. “Roupas e coisas de menor valor costumo comprar no dinheiro. Por exemplo, eu preciso trocar de ar condicionado, ainda não comprei. Deixo de me dar alguns luxos, minha TV, minha cama, que eu quero trocar, ainda não troquei porque tem que ser um de cada vez”, conclui.

O economista Rosivaldo Batista afirma que o alto endividamento das famílias no Norte e Nordeste se deve, principalmente, à baixa renda da maioria das pessoas que vivem na região, mas o que pode ajudar as pessoas a evitarem o endividamento é o bom e velho planejamento. “Tem um estudo que chama economia comportamental, um ramo das ciências econômicas que ensina as pessoas a reconhecerem o seu grau de endividamento, isso é educação financeira e deveria existir nas escolas desde o início, para que as crianças aprendessem a usar o dinheiro”, analisa.

Rosivaldo também lembra que muitos dos endividados acabam comprando produtos que não precisam com dinheiro que não têm para impressionar pessoas que nem conhecem, tudo por uma posição social. O maior vilão nisso tudo ainda é o cartão de crédito. “É um instrumento útil e prático, mas as pessoas tem que entender que o cartão de crédito é um dinheiro que não é delas, é do banco e é algo que movimenta o mercado financeiro por conta da taxa de juros. As pessoas compram sem limite e chegam no fim do mês e não tem como pagar”, explica.

Reconhecer despesas e planejar

Além de reconhecer as despesas mensais, o especialista afirma que é preciso ter cuidado com a quantidade de cartões de crédito. “Isso atiça as pessoas a quererem comprar mais. Então precisa anotar as despesas, o que se gasta, o que se recebe. Precisamos ter controle e ver se tem saldo positivo ou negativo. Se está no vermelho, tem que assumir uma postura diferente, a tal da economia comportamental. É identificar os bens necessários, como alimentação, e descartar o que é supérfluo. Outra coisa é parar de desperdiçar alimentos, energia, água. Tem que controlar”, finaliza.

O também economista Valfredo de Farias também reforça a importância de saber quais são as principais dívidas para poder planejar o recomeço do equilíbrio financeiro. “Primeiro a pessoa tem que saber o que está devendo, para quem, segundo buscar esses credores e negociar, dar preferência aos que fazem propostas para quitar a dívida, que ofereçam um bom desconto. Também ver o que pode prejudicar a vida, tem empresas que mandam seu nome para o SPC ou Serasa, que podem dificultar até de você arranjar emprego. Outra coisa, enquanto tiver pagando a negociação do cartão, não fazer mais uso dele”, conclui.

Com base no levantamento, os dados de setembro apontaram uma diferença na região com relação às demais: enquanto outras regiões do Brasil as dívidas de bancos e/ou cartões de crédito se destacam como dívidas responsáveis pela inadimplência, no Norte, o segmento de utilities (contas básicas, como água, gás e energia) sai na frente representando 29,7% delas. Na sequência, aparecem as contas de bancos e/ou cartões de crédito com 21,8% e varejo com 20,7%.

Como quitar as dívidas

Para quitar as dívidas, a empresa realiza, até o dia 5 de dezembro, o Feirão Serasa Limpa Nome, que conta com a participação de mais de 100 empresas de diversos setores. A edição desse ano oferece, além da possibilidade de renegociação das dívidas com até 99% de desconto e opções de parcelamento sem juros, o inédito auxílio dívida* criado pela empresa, que pagará R$ 50 na carteira digital da Serasa para qualquer pessoa que negociar e pagar à vista os acordos de no mínimo R$200, seja em uma ou várias dívidas somadas e negociadas através do aplicativo. Informações no site feiraolimpanome.com.br e pelos telefones 11 99575-2096 e 0800 591 1222.

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