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Pacote a R$ 15: mesmo com alta do café em Belém, consumidores não abrem mão da bebida

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o café comprado pelos belenenses subiu quase 50% no intervalo de um ano

Elisa Vaz

O preço do café comprado pelos belenenses subiu quase 50% no intervalo de um ano, de janeiro do ano passado até janeiro deste ano, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mesmo assim, os consumidores não abrem mão da bebida, cujo pacote de 250 gramas está custando cerca de R$ 15 nos supermercados.


Em entrevista à reportagem do Grupo Liberal, na manhã desta terça-feira (18), o engenheiro Antônio Ricardo Mussi, de 59 anos, disse que os saltos são sempre elevados no valor. Ele chegou a comprar o pacote de café por R$ 4 tempos atrás, e hoje encontra a R$ 15 ou R$ 16, dependendo do local e da marca. Esse reajuste, segundo o consumidor, se intensificou nos últimos oito meses, em média.

“Eu observo que as marcas, mesmo sendo concorrentes, praticam valores semelhantes, eu acho que são amigos, um sobe, o outro sobe, e a gente não sabe o que fazer. Eu acho que vou plantar café, vou criar boi, vou ter que criar galinha para dar conta”, ironizou. Antônio mencionou que é difícil entender os motivos para as altas recentes, e também questionou quem a população deve pressionar por custos melhores.

Em relação a alternativas, o consumidor não troca o café. Em sua casa, onde moram quatro pessoas, o consumo é diário, mas apenas pela manhã, então ainda dá para comprar. “O café é o café, eu acho que é uma cultura. Eu peço a Deus que a gente sempre possa comprar, mas acho que tem muita gente que não está podendo comprar”, lamentou.

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Da mesma forma, a médica pediatra Lívia Aguiar, de 29 anos, não vai parar de tomar café. Como ela trabalha na área da saúde, em esquema de plantão, acha indispensável ter a bebida no dia a dia. Porém, tem sentido a alta de preços no supermercado e, para driblar esse cenário, faz pesquisas de preços em diferentes lugares.

“Absurdo! Está difícil. A gente precisa às vezes abrir mão da marca que a gente gostaria de comprar, e a gente procura o que está mais barato, com certeza, senão não tem como. Tomo bastante! Como trabalho na área da saúde, em geral, o dia inteiro a gente é movida a café. E substituir eu acho um pouco difícil pela questão do hábito. A gente acaba precisando, ou se sentindo melhor com o efeito”, comentou.

Aposentado fez trocas

O aposentado Bolivar Moreira, de 86 anos, não tem conseguido manter o consumo. Ele contou ao Grupo Liberal que sua remuneração está defasada e por isso não está conseguindo contornar a inflação dos alimentos. Em vez de tomar o café convencional, ele tem optado pelo solúvel, que custa em torno de R$ 5, ou por chás, cuja caixa fica entre R$ 3 e R$ 5, dependendo do sabor e marca.

“Está caríssimo. Não tem condição de consumir, para quem ganha salário baixo, como nós ganhamos,”, criticou. As altas foram notadas por ele, principalmente, no mês passado, quando houve bastante reajuste, de acordo com o consumidor. O IBGE aponta que, apenas em janeiro, o café ficou 9,25% mais caro em Belém.

“O único que dá para consumir é esse solúvel, o que é coado está caro. Chá tomo esse de camomila, é o que eu ainda compro, dá para quebrar o galho. Agora, eu queria saber por que está caríssimo assim. Ninguém sabe”, disse. Em sua casa, além dele e da esposa, também mora a filha do casal.

Vendas no setor

Presidente da Associação Paraense de Supermercados (Aspas), Jorge Portugal confirmou que o preço do café continua subindo e que, em fevereiro, já houve nova alta, sem perspectiva de redução em breve. “Os cafés mais tradicionais, mais vendidos, estavam variando entre R$ 14 e R$ 15, hoje já está entre R$ 16 e R$ 17”, afirmou.

Nas vendas, já é possível sentir uma mudança, porque as pessoas passaram a reduzir um pouco a quantidade de compra. Porém, Portugal ressaltou que não está havendo crescimento nas vendas de substitutos, como achocolatados ou chás. “O café não tem jeito, o brasileiro não fica sem, não consegue substituir, diferente de alguns outros produtos. É tipo o feijão, baixa, sobe e continua sendo consumido”.

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