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Ocupação de pessoas pretas e pardas no Pará foi de 32% em 2023 e salários são 57% menores, diz IBGE

Rendimento médio pode ser menor que um salário mínimo em trabalhos informais no Estado

Emilly Melo
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Nesta quarta-feira, 20 de novembro, é a primeira vez que acontece a celebração do Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, após a promulgação do decreto presidencial que ampliou o reconhecimento da data para feriado nacional em todo o Brasil. A data simboliza a luta por direitos e as conquistas da população preta no Brasil.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2023 no Pará, o percentual de pessoas que se consideram pretas e pardas no mercado de trabalho formal corresponde a 32,9%, com um rendimento médio de R$ 1.662, cerca de 57% a menos que a população branca, que possui uma taxa de ocupação de 41,8%. Quanto à taxa de desocupação, pretos e pardos correspondem a 9,4%, com um rendimento de R$ 1.156 no caso de trabalho informal no Estado.

O auditor fiscal de receitas estaduais Charles Alcântara afirma que as dificuldades enfrentadas pela população negra envolve várias esferas e estão presentes em todas as dimensões da vida em sociedade. Apesar de alcançar a estabilidade de um cargo público, o servidor reflete sobre a estrutura social, que dificulta a ocupação de postos de trabalho mais altos.

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“O fato de, pessoalmente, eu não ter enfrentado dificuldade específica para ocupar um lugar no serviço público, porque decorrente de aprovação em concurso público, não significa que não haja um imenso obstáculo estrutural - intransponível para a maioria - à presença dos negros do mercado do trabalho, principalmente em relação aos postos que exigem curso superior, que é o meu caso, uma vez que os negros ainda são a imensa minoria nas universidades, apesar de serem a maioria da população”, aponta Alcântara.

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O advogado Hugo Mercês ressalta as cobranças sociais, que, segundo ele, são diferentes. “Nós temos dificuldade em relação às cobranças, tanto internas quanto externas. Sempre nós somos demandados para sermos o melhor do melhor do melhor. E que só assim nós teríamos condições de alcançar os mesmos espaços que as pessoas que não são negras ocupam”, diz Mercês.

"Minha capacidade era subestimada"

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Suena Mourão, advogada e presidente da Comissão Nacional de Promoção da Igualdade do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (CFOAB), reconhece os desafios que as questões raciais impõem no cotidiano e acrescenta que o gênero também intensifica essas dificuldades.

“Além das barreiras comuns a muitas mulheres, lidar com preconceitos raciais estruturais que questionam a competência e o pertencimento de pessoas negras em ambientes profissionais é uma realidade, especialmente em profissões historicamente embranquecidas. Enfrentei situações em que minha capacidade era subestimada, exigindo que eu provasse constantemente meu valor. No entanto, essas dificuldades fortaleceram minha consciência e pertencimento de comunidade sobre a necessidade de lutar por um mercado de trabalho mais diverso e inclusivo”, relata a advogada.

Para Charles Alcântara, a falta de representatividade de pessoas negras em cargos de liderança também é um dos fatores que impactam as oportunidades no mercado de trabalho. “O fim do racismo passa também pelo sentido da visão: é preciso ver mais negros na medicina, na engenharia e no parlamento. Isso se faz por meio de políticas afirmativas, por exemplo, por cotas para negros em todos os concursos públicos, para falar do lugar que me encontro, ou seja, no serviço público”, pontua o auditor.

Já para o advogado, é preciso que as empresas discutam sobre a existência do racismo e em uma formação antirracista. “A gente está num ponto que não precisa falar só em promoção da igualdade étnico-racial. Nós precisamos discutir práticas antirracistas. Ações afirmativas também são fundamentais. O fortalecimento da equidade salarial é fundamental. Não podemos ter pessoas brancas fazendo o mesmo trabalho de pessoas negras sem ganhar o mesmo salário”, frisa Hugo Mercês.

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