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Novo reajuste na tarifa de energia preocupa paraenses

Aneel e Equatorial irão definir o valor do Reajuste Tarifário Anual esta semana

Kamila Murakami

Será discutida esta semana, pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), uma nova correção que vai impactar na tarifa de luz dos paraenses. A mudança acontece devido ao Reajuste Tarifário Anual, em virtude do aniversário de concessão da empresa que administra a energia no Pará, a Equatorial Energia. A previsão é que, pela primeira vez, a perspectiva possa ser positiva para os consumidores paraenses, diferente do que aconteceu em anos anteriores, quando houve aumento.

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Ao ser questionada se estava sabendo do reajuste tarifário, a aposentada exclamou: “De novo?”. Elizabete não foi a única a ser surpreendida com a notícia. Entre as cinco pessoas ouvidas pela nossa equipe de reportagem, 80% responderam que não estavam sabendo da possibilidade da mudança na conta de luz.

A doméstica Rute Moraes, 46 anos, que costuma pagar em média R$260 reais, disse que foi surpreendida com o reajuste. Ela conta que com o valor que recebe mensalmente já não está sendo fácil conciliar a tarifa com as demais despesas. “Para quem ganha mais ou menos um salário mínimo fica complicado para pagar uma energia cara, porque só aí já vai boa parte do salário”, afirma.

 

 

Pará tem a energia mais cara do país

De acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a tarifa residencial mais cara do país é a da Equatorial Pará, queaté o momento está no valor de 0,962 Kwh. Em contrapartida, o Pará é um dos estados que mais gera e exporta energia para sustentar a demanda de todas as unidades consumidoras do Brasil, por meio das usinas hidrelétricas de Tucuruí e Belo Monte, localizadas no sudeste paraense.

No entanto, conforme explicado pelo especialista Carlindo Lins, a produção não entra na composição tarifária e o estado não é compensado pelo que produz. Além disso, de toda eletricidade que é produzida no estado, apenas 28% é aproveitado pelos consumidores paraenses. Os outros 72% são enviados ao restante do país.

Os custos operacionais e os investimentos necessários para o funcionamento da rede elétrica acabam sendo cobrados na conta de energia dos consumidores paraenses, fazendo com que o valor a ser cobrado na tarifa seja suficiente para manter toda a cadeia energética. No caso do Pará, as linhas de distribuição são mais extensas para poder alcançar a população que vive nas regiões mais longínquas e o valor do investimento e dos custos operacionais acaba sendo rateado por uma média de três milhões de consumidores.

A reportagem do Grupo Liberal procurou a Equatorial Energia para mais informações e a empresa respondeu apenas, por meio de nota, que “a Aneel ainda não definiu o índice de reajuste tarifário para clientes do Pará". A equipe também tentou o contato com a Aneel, mas até o fechamento desta reportagem não obteve resposta. O espaço permanece aberto.

Tarifa social mais cara

Em junho deste ano, o Governo Federal editou uma Medida Provisória (MP) que, ao prestar auxílio à situação financeira da Amazonas Energia, responsável pela distribuição de energia no estado do Amazonas, beneficia a empresa Âmbar – de administração dos irmãos Wesley e Joesley Batista.

Acontece que a empresa distribuidora de eletricidade no estado compra energia de usinas termelétricas de propriedade dos irmãos Batista, que estavam sem receber pelo fornecimento de energia desde novembro do ano passado. A MP determinou que as dívidas da Amazonas Energia, que estava em CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), fossem transferidas para a EER (Encargo de Energia de Reserva). 

Conforme análise realizada pela TR Soluções, uma consultoria especializada em energia elétrica, a Medida Provisória (MP) que favorece os Irmãos Wesley e Joesley Batista vai elevar em quase R$6 por MWh a conta de luz das pessoas de baixa renda que possuem tarifa social. Além disso, a MP vai afetar todos os demais consumidores da região Norte e Nordeste, com o encarecimento de todas as tarifas. O impacto também deve ser negativo para a indústria, que deve repassar os custos para o preço final dos produtos.

Confira o resultado da enquete realizada em Belém

Total de participantes: cinco pessoas

Deusdato Lima, 68, lojista

Neide Santos, 56 anos, autônoma

Elizabeth Brito, 71 anos, aposentada

Rute Moraes, 46 anos, doméstica

Francimar Alves, 59 anos, trabalhador da construção civil

Pergunta 1: Quanto você paga em média na conta de energia?

Deusdato Lima: R$ 200 a 230

Neide Santos: R$ 750 a R$ 890

Elizabeth Brito: R$ 330

Rute Moraes: R$ 260

Francimar Alves: R$ 240 a R$ 260

Pergunta 2: Você já sabia do reajuste no mês de agosto?

Deusdato Lima: Não

Neide Santos: Não

Elizabeth Brito: Não

Rute Moraes: Não

Francimar Alves: Sim

Pergunta 3: Se houver um aumento na tarifa, vai impactar a tua renda?

Deusdato Lima: Acho que não vai causar tanto impacto

Neide Santos: Com certeza compromete

Elizabeth Brito: Com certeza

Rute Moraes: Bastante

Francimar Alves: Sim

Economia