Notebooks e smartphones tiveram altas de preço superiores a 39% de 30%, respectivamente, desde o início da pandemia
Mercado de manutenção cresce em Belém, como reação dos clientes para evitar novas compras
Mercado de manutenção cresce em Belém, como reação dos clientes para evitar novas compras
Os preços de notebooks e smartphones tiveram alta significativa, no Brasil, desde o início da pandemia de covid-19. Entre 2020 e 2021, de acordo com levantamento nacional, realizado pela empresa de mercado GfK, os computadores portáteis chegaram a ficar 39,5% mais caros, enquanto os celulares tiveram alta de 30,8%. As principais razões da elevação dos preços, ainda segundo a empresa pesquisadora, foram: a falta de produtos da indústria de eletroeletrônicos, como chips, e o aumento da demanda, ocasionado pelo trabalho remoto, imposto pela necessidade do isolamento social.
No caso específico do mercado brasileiro, a variação do dólar no período citado também é um fato a ser considerado, já que a moeda chegou a alcançar alta de 40% em relação ao real. Antes da chegada da covid-19 no Brasil, até março de 2020, o dólar americano valia em torno de R$ 4. No entanto, ao longo do mesmo ano, chegou a ficar acima dos R$ 5,80, o que impactou os preços de peças importadas.
Sobre o crescimento da procura dos consumidores, o jornal Valor Econômico registrou que as marcas de computadores Lenovo e Samsung tiveram alta de dois dígitos nas vendas mensais de notebooks, contribuindo para o mercado que movimenta entre R$ 6 bilhões e R$ 7 bilhões ao ano.
A gerente de uma loja especializada em computadores e smartphones, na Região Metropolitana de Belém (RMB), Roberta Henriques, afirma que o consumidor deve pesquisar bastante antes de efetuar a compra, assim como aconselha saber o máximo possível sobre o tipo de produto que precisa. “No caso dos computadores, existem as linhas básica, intermediária e avançada. O consumidor precisa saber se precisa de mais velocidade, de mais armazenamento, por exemplo. E, consequentemente, precisa pesquisar qual é o melhor processador para cumprir as obrigações do trabalho, do estudo ou do hobby”, detalha.
Roberta Henriques destaca ainda que, para além dos preços, é fundamental escolher locais de compra e máquinas que possam receber assistência técnica assim que necessário. “São muito importantes as informações que o vendedor passa, que o consultor passa, mas a presença de um técnico faz total diferença para que a pessoa possa levar a máquina certa. Muitas empresas, inclusive, montam as máquinas para os clientes. Por isso, uma dica, é buscar locais que ofereçam atendimento personalizado e procurar suprir, de forma objetiva, as necessidades maiores”, reitera.
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A artesã e pensionista Luzia do Amaral Palheta, de 71 anos, relata que há um ano comprou um smartphone “de última geração” que custou R$ 4.200. Atualmente, segundo ela, o mesmo aparelho está custando quase R$ 5 mil. “Eu acompanho bastante as novidades tecnológicas, já que preciso muito da internet para vender meus produtos de artesanato. Como tudo está muito caro, e os computadores e celulares não são diferentes, acho que o melhor é cuidar do que temos para não ter que trocar”, reflete.
“Só compra quem precisa mesmo. Eu, por exemplo, preciso comprar, quando não tiver mais jeito, porque preciso aprimorar meu trabalho. É por intermédio da internet que faço o meu trabalho circular, assim como também assisto aulas para melhorar o que já sei fazer”, conclui.
O técnico Ítalo Wanghon, de 28 anos, trabalha na área de manutenção de celulares e computadores há 7 anos, depois de ter aprendido o ofício durante a adolescência, com o pai. Segundo ele, o aumento do preço dos celulares foi notado por todos do segmento, o que foi ocasionado também por mudanças como a retirada dos carregadores da embalagem, antes incluídos na compra, e da necessidade de o consumidor adquirir acessórios de proteção, “que deixam o aparelho ainda mais caro”.
“Com os preços dos smartphones elevados, conseguimos observar um aumento da procura por manutenção e conserto. No ano passado, por exemplo, fechamos com alta de 37% da procura por nossos serviços. No mês de dezembro, quando as pessoas preferem adquirir novos aparelhos ou presentear alguém querido, houve maior procura de conserto de smartphones em nossa assistência técnica, ou seja, no mês que as pessoas costumavam comprar, preferiram consertar, seja para uso pessoal ou para presentear”, informa.
O novo cenário foi aproveitado para aumentar a lucratividade do jovem empreendedor. “Inserimos vouchers de vale-presente, com valores de R$ 50 até R$ 500, para aquelas pessoas que tinham amigos que estavam precisando de um conserto e também não podiam comprar outro aparelho. Foi um sucesso! ”, afirma.