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Mesmo mais caro, guaraná da Amazônia movimenta Praça Brasil, em Belém

A tradicional bebida continua atraindo moradores e turistas, com expectativas de vendas ainda maiores para a COP 30.

Amanda Engelke

Não é de hoje que os “guaranás da Amazônia” são a marca registrada da Praça Brasil, no bairro do Umarizal, em Belém. O xarope batido com ou sem fruta, leite em pó e amendoim atrai moradores e turistas para as diversas barracas que, há anos, oferecem várias combinações do produto. Atualmente, dez barracas geram um intenso movimento na praça durante o dia. Não à toa, o local é popularmente conhecido como o “point do guaraná”.

O professor Aníbal Castro, de 26 anos, conta que o consumo do guaraná faz parte da rotina da família. Ele, a esposa Taína, de 24 anos, e a filha Antonella, de 2 anos, fazem questão de ir até a praça pelo menos uma vez por semana, desde que se mudaram para perto do local. “A gente dá uma passada aqui para ela (Antonella) aproveitar esse clima. A nossa cidade é muito quente, então aproveitamos para refrescar, e o guaraná é uma opção nossa”, diz.


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Há mais de 20 anos o guaraná custava R$ 1. Agora, ele custa R$ 20, R$ 5 a mais que no ano passado. Patrícia Lima, que trabalha em uma das barracas da praça justamente esse tempo, explica que o reajuste é devido ao congelamento do preço no pós pandemia, quando as vendas despencaram. Segundo ela, todo ano costuma-se aumentar 1 ou 2 reais. “Esse ano aumentou um pouco mais devido ao tempo que passou sem aumentar o valor”, justifica.

Patrícia observa que aos poucos o movimento tem voltado ao normal. “Querendo ou não, quando a gente é obrigado a aumentar o preço do guaraná, as vendas diminuem um pouco, sim. Agora, o que observo é que está normal. É o tempo das pessoas se adaptarem também”, avalia. Apesar do ‘estranhamento’ inicial dos clientes, ela diz que a baixa não ocasionou grandes perdas. “Não a ponto de, de fato, prejudicar. É um processo natural”.

Por R$ 20, sai o guaraná tradicional, de 500 ml. Mas há outras opções, os “de sabores”, com adição de frutas como morango, abacate, bacuri, açaí e cupuaçu. Tem ainda a versão de chocolate e a “mixer”, em que se pode misturar dois sabores. Essas saem por R$ 25 o copo de 500 ml. Caso o cliente queira, essa quantidade pode ser dividida em dois copos, servindo duas pessoas. Além disso, é possível incrementar ainda mais, com caldas, e outros adicionais.

Sabores tradicional e açaí são os campeões de venda

Em meio a tantas opções, os campeões de venda são mesmo o tradicional e os de açaí e morango. O de açaí, por exemplo, é o preferido de Aníbal e sua família. “Toda vez que a gente vem aqui a gente sempre toma o açaí. É nosso preferido, sem dúvidas”, diz o professor. Segundo Patrícia, a cada 10 copos vendidos, pelo menos 3 são do sabor açaí. “Ele só perde para o tradicional, que é a preferência mesmo. O de morango também tem bastante saída”.

image O guaraná faz parte da rotina da família do professor Aníbal Castro. (Cristino Martins / O Liberal)

Há 11 anos morando fora de Belém, a autônoma Sabrina Santos, de 42 anos, fez questão de ‘matar a saudade’ na tarde desta quinta-feira (13). “Tem mais de 10 anos que eu não tomo um guaraná e vou fazer isso agora. Tive que vir por questão de família. Me deu muita vontade de tomar. Bateu mesmo a saudade mesmo porque a gente não tem essas coisas em outros locais, ainda mais fora do Brasil”, contou Sabrina, que não hesitou em pedir a versão tradicional.

Expectativa é dobrar as vendas na COP 30

A pouco mais de um ano da realização da 30ª Conferência das Nações Unidas Sobre o Clima (COP 30), em Belém, a expectativa dos vendedores no local é dobrar as vendas durante os dias do evento. Laura Lobato, proprietária de uma das barracas, tem como base a realização do Fórum Social Mundial, em 2009, na capital paraense. Naquela ocasião, estima-se que cerca de 90 mil pessoas tenham participado da marcha de abertura do Fórum.

“Lembro que foi muito bom o movimento, então estamos com uma expectativa muito grande para a COP. É um produto tradicional nosso. Inclusive, nós aqui da praça estávamos conversando sobre isso esses dias. Embora o Fórum tenha acontecido em janeiro, ou seja, durante o nosso período de chuvas, ainda sim foi muito positivo para nós. Eles (turistas) nem sentavam, ficam em pé, com o guaraná na mão admirando nossa chuva”, recorda Laura.

A estimativa oficial é de que a COP 30 reúna pelo menos 50 mil pessoas na cidade. Mas o número extraoficialmente pode ser ainda maior. E Laura diz que está se preparando para atender melhor a todos. “Todos nós estamos conversando sobre isso, em como podemos melhorar. Estamos cuidando das nossas barracas e melhorando ainda nossa infraestrutura por causa desse evento. A minha expectativa é dobrar as vendas”, diz.

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