Mesmo em meio aos cancelamentos, Carnaval deve movimentar R$ 6,45 bilhões em 2022
Serão 33,7% de recuo comparado ao período antes do início da pandemia da covid-19, aponta a Confederação. Em 2019, o aquecimento na economia durante o período momesco foi de R$ 9,39 bilhões
Ana Paula Rabelo, 34, é dona de uma hostel no centro da cidade de Bragança, nordeste do Pará. Ela mantém o serviço desde 2020, ano do início da pandemia e agora tenta gerenciar um novo impacto em seu negócio por conta do cancelamento do carnaval. A realidade da empresária na perspectiva traçada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), é um bom exemplo da menor movimentação em 2022, quando comparado com 2019. Serão 33,7% de recuo comparado ao período antes do início da pandemia da covid-19, aponta o estudo. Contudo, o aquecimento na economia provocado pelo carnaval, projetado pela Confederação será da ordem de R$ 6,45 bilhões, um avanço de 21% no comparativo com o período de festas de 2021.
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“Temos um bom movimento semanal, mas certamente o cancelamento do carnaval aqui na cidade, vai ocasionar perda de hóspedes, provavelmente teríamos um maior movimento”, opina Ana Paula, que mantém nove quartos e 41 leitos. Na capital e em muitas cidades do interior, a decisão do cancelamento das festas carnavalescas foram anunciadas no final do ano passado.
Diante do impacto do cancelamento, sobretudo das festas de rua, o diretor de relações com os lojistas do Sindicato dos Lojistas do Estado do Pará (Sindlojas), Muzaffar Douraid Said reforçou os efeitos da decisão oficializada na Convenção Coletiva 2019-2021. “Os lojistas vão poder abrir para minimizar as perdas, muitos lojistas passaram esses dois anos, arcaram com muitos prejuízos. Então qualquer forma de recuperar, ou meios de mais vendas para minimizar esse prejuízo que tiveram, a gente está correndo atrás”, ressalta o diretor. Em Belém, no mês de fevereiro, dia 28 será ponto facultativo, enquanto em março, dia 1º, Carnaval, e ponto facultativo. Dia 2 de março, Quarta-feira de Cinzas, também ponto facultado, até 12h.
A decisão de cancelar o carnaval, segundo o economista Nélio Bordalo, inevitavelmente deve gerar prejuízos ao comércio e outros setores. “É prejuízo para os lojistas, só não será maior, pois eles souberam, com antecedência, que as programações do carnaval foram canceladas. Dessa forma, eles não realizaram compras volumosas de produtos voltados para o carnaval, e certamente irão expor nas lojas o que possuem de estoque em seus depósitos”, considera.
“Vale ressaltar, que além do comercio ser prejudicado, o setor de turismo também terá serios prejuízos em função dos cancelamentos do carnaval em muitas cidades do estado do Pará, que possuem tradição em receber turistas para brincarem carnaval de rua”, acrescenta. Em seus números relacionados ao turismo no período, a CNC projeta um volume financeiro de R$ 6,45 bilhões para 2022, abaixo do registrado em 2019, R$ 9,39 bilhões, porém maior do que 2021, que foi de R$ 5,31 bilhões.
Enquanto, no ano passado, 20 governos estaduais optaram pelo cancelamento do feriado e dos pontos facultativos, este ano, 11 das 26 capitais já confirmaram que manterão o calendário. O presidente da CNC, José Roberto Tadros, lembra que, apesar de o carnaval não ser feriado nacional, é o principal evento da agenda do turismo brasileiro. “Independentemente das festas que, em sua maioria, foram adiadas ou canceladas neste ano, a decretação de feriado ou ponto facultativo, em níveis regionais, acaba movimentando o setor de forma significativa