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Mesmo com valores mais altos, busca por seguros de carros cresceu em 2021

Sem o produto, motoristas podem pagar consertos mais elevados em casos de acidentes

Elisa Vaz

A procura pelos seguros de automóveis tem crescido no Pará. Um levantamento da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), com base em dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep), mostra que, em 2021, o setor arrecadou R$ 366,5 milhões no Estado, crescimento de 22,26% sobre o ano anterior, quando foi arrecadado R$ 299,7 milhões. Em 2019, o recolhimento registrado havia sido de R$ 300,7 milhões em prêmios. A queda entre esses dois anos foi de 0,31%.

Na comparação com a região Norte, o Pará teve desempenho positivo, superior à média de crescimento de todos os Estados: em 2020, a região teve variação de -3,44% e, em 2021, de 19,65%. A participação de mercado do Pará em relação à região Norte, em relação ao seguro auto, fechou 2021 em 42,57%. Ela vem crescendo: em 2020 era 41,66% e em 2019, 40,35%. As informações também são da FenSeg.

O mercado de Belém teve comportamento parecido. Sócio-proprietário da empresa Carro e Casa Corretora de Seguros, o corretor pleno Davi Jaccoud, de 43 anos, trabalha com todos os tipos de seguros e está há 12 anos no mercado. Ele notou queda na procura pelos seguros de automóveis em 2020, mas apenas nos primeiros meses da pandemia, quando as pessoas ainda estavam com muito medo – depois de um semestre, diz ele, o mercado se estabilizou e os clientes se adaptaram.

Em 2021, ele diz que a busca pelo seguro de carros se manteve em crescimento. “Entre as coberturas, a principal é o seguro compreensível, que cobre o carro e terceiros; tem o só para roubo do seu bem, que é muito procurado por motoristas de Uber; e seguro só para terceiros, mais popular em países de primeiro mundo. O completo tem mais procura aqui”, afirma. Para 2022, Davi vê a adesão ao produto como uma tendência, ainda mais crescente com a flexibilização da pandemia. Ele acredita que outros seguros também terão mais procura, como o de vida, empresarial e de residência, que podem ser combinados com o de automóvel.

Preços ficaram mais elevados

A escalada da inflação tem uma série de efeitos no mercado. Entre janeiro e abril, o reajuste geral em Belém foi de 4,37%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sendo que o grupo de transportes ficou com alta de 5,02%, puxado, entre outros produtos e serviços, pelo seguro de carros (11,33%).

O corretor pleno diz que o preço dos seguros acompanhou o reajuste do valor dos carros. “Hoje não temos mais carros populares de R$ 50 mil, só de R$ 80 mil a R$ 100 mil, e o seguro acompanha. O público não nos deixa, mas as seguradoras têm criado formas de manter esse cliente, melhorando alguns produtos mais leves, deixando mais em conta e com a cara desse público”, explica.

Mas Davi não precisou exatamente quanto um segurado pode pagar pelo produto, porque esse preço segue diversas variantes, como sexo, faixa etária, profissão e até a região da cidade onde a pessoa mora, entre outros. Mas, em geral, ele diz que o seguro custa, em média, de 2% a 3% do valor do bem, então se o carro custou R$ 100 mil, o segurado deve pagar entre R$ 2 mil e R$ 3 mil em um seguro novo, sendo que na renovação fica mais barato.

“O seguro protege um patrimônio seu que está sendo colocado em risco a qualquer momento. Ligou o carro e saiu de casa já corre risco, por culpa sua ou de terceiros. Esse valor, de 2% a 3% do que custa o bem, é muito menor que o risco de perder. Então é muito mais interessante fazer seguro. Vai desembolsar um valor muito menor e ter o bem de volta em caso de roubo, por exemplo. É fundamental se proteger”, opina Davi.

Motoristas aderiram ao seguro após acidentes

Embora o valor do seguro de automóvel possa ser alto, dependendo do veículo, pode ser mais vantajoso do que dirigir sem a proteção e correr o risco de sofrer um acidente e gastar um valor mais alto. Fisioterapeuta, Jefferson Dias, de 29 anos, precisou passar por uma situação parecida para aderir ao seguro. Ele e a esposa sofreram um acidente em fevereiro deste ano, quando um motorista de Uber atingiu o carro, que tinha apenas um ano de uso.

“Infelizmente, não tínhamos seguro e nem o outro carro que me atingiu, o homem era Uber e o carro que ele dirigia era alugado de um conhecido. Eu estava em uma via e a preferencial era minha, mas fomos surpreendidos por um carro vindo de outra rua em alta velocidade, ele ia atingir a porta da minha esposa em cheio, mas quando ela gritou a minha reação foi acelerar para que não pegasse. Mesmo assim, ele bateu no carro e giramos umas três vezes, graças a Deus não capotamos”, lembra.

Jefferson afirma que, com a batida, estourou o airbag lateral do carro todo, que tinha apenas 10 mil quilômetros rodados. Também ficou com a lataria danificada, além do bico do eixo traseiro, roda, lanterna traseira, houve uma pane no sistema elétrico e ainda foram acionados os airbags laterais do carro, o que deu o maior prejuízo. O casal não conseguiu fazer o conserto do automóvel por conta do valor. As cotações variaram entre R$ 4 mil em uma oficina e R$ 20 mil em uma concessionária. No final, os dois optaram por dar o carro como entrada em um novo e acabaram perdendo cerca de R$ 30 mil.

Olhando agora, o fisioterapeuta se arrepende de não ter usado seguro antes, porque teria evitado o prejuízo e economizado dinheiro. “Depois do acidente ficamos um bom tempo pensando para encontrar uma solução porque não tinha nenhum dinheiro para fazer o conserto e o carro estava com a pane elétrica. A saída foi dar entrada e pegar um carro 0km. Como tem pouco tempo que trocamos o carro, fizemos cotação de seguro e essa semana fechamos - saiu em torno de R$ 3.900, justamente para não sermos surpreendidos novamente e não termos outra dor de cabeça”, adianta Jefferson.

A dentista Tainá Nunes, de 31 anos, também sofreu algo parecido, mas o prejuízo foi menor, de cerca de R$ 1.500. Ela não tinha seguro porque estava na faculdade e já tinha altos custos com a compra de material e o pagamento de mensalidade. Em 2013, passando próximo ao shopping Castanheira, fez um retorno errado e foi atingida por um ônibus.

O carro era novo, tinha apenas alguns meses. “O impacto foi todo no lado do motorista, o pára-choque entrou, a roda empenou, perdi a calota. Para o carro andar em linha reta o volante precisava girar todo para um lado. Consegui mandar consertar, mas foi por partes. Na concessionária era impossível, o serviço saia o triplo do valor de uma oficina. Então fiz a parte da lataria por fora. Fui nesses martelinhos, ele desamassou tudo e pintou porque meu carro ficou todo amarelo do ônibus. E na concessionária eu fui pra fazer alinhamento, balanceamento e comprar a calota. Gastei cerca de R$ 1.500, incluindo um valor para o motorista do ônibus”, lembra. Como ela só ficou dois dias sem carro e não achou o valor tão alto, acha que o seguro não fez tanta falta. Mas, hoje em dia, ainda usa carro e é segurada. 

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