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Economistas paraenses avaliam subida da nota de crédito do Brasil

Brasil permanece no chamado ‘grau especulativo’, espécie de terceira divisão na classificação feita pela agência de classificação de risco Fitch

Igor Wilson

A agência de classificação de risco Fitch subiu a nota de crédito do Brasil de ‘BB-’ para ‘BB’. A decisão, anunciada ontem, coloca o Brasil a duas notas do acesso ao grau de investimento com qualidade média, divisão onde estão países considerados ‘bons pagadores’. No momento, o Brasil permanece no chamado ‘grau especulativo’, espécie de terceira divisão na classificação feita pela agência, onde estão nações que estão menos vulneráveis ao risco no curto prazo, mas que seguem enfrentando incertezas em relação a condições financeiras e econômicas adversas.

A agência afirma que, apesar das persistentes tensões políticas dos anos anteriores, o Brasil alcançou "progresso em importantes reformas" para conseguir superar os desafios econômicos e fiscais, destacando o afastamento do governo Lula da agenda econômica liberal dos governos anteriores. "A elevação dos ratings do Brasil reflete o desempenho macroeconômico e fiscal acima do esperado em meio a choques sucessivos nos últimos anos, políticas proativas e reformas que apoiaram isso e a expectativa da Fitch de que o novo governo trabalhará para melhorias adicionais", afirmou a agência, durante comunicado.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se manifestou logo após a divulgação da nova nota. Em declaração à imprensa no Ministério da Fazenda, ele atribuiu o resultado ao que classificou como uma “harmonia entre os poderes” pelo fortalecimento do ambiente econômico brasileiro. Apesar disso, o ministro deixou a entender que desejava mais, ao afirmar “não ter nenhum sentido” que o Brasil não entre para a divisão dos países com grau de investimento.

“A Fitch é a segunda das grandes agências que muda a nota. Eu sempre disse, e continuo acreditando, que a harmonia entre os poderes é a saída para que nós voltemos a ter o grau de investimento. Um país do tamanho do brasil não tem sentido não ter grau de investimento [...]. Não tem cabimento o país viver o que viveu nos últimos dez anos. Fico feliz de, em seis meses de trabalho, a gente já ter conseguido sinalizar ao mundo que o Brasil é o país das oportunidades", afirmou.

Ano de Mudanças

Já existiam sinais de mudança na avaliação das agências de classificação de risco desde a mudança de governo brasileiro. Em junho, a Standard&Poor's (S&P) mudou a avaliação da nota de crédito do Brasil de estável para positiva, primeira mudança desde 2019.

O Brasil já esteve na divisão dos países com grau de investimento uma vez na história, obtendo o selo da S&P em 2008, durante o primeiro governo Lula. A subida de nota foi seguida pelas outras principais agências, entre elas a Fitch, mas a crise política que levou ao impeachmeant de Dilma Roussef fez com que as notas fossem rebaixadas a partir de 2015.

“Resultado super importante, principalmente se formos olhar para o que tivemos nos últimos anos. A agência olhou para as boas ações que o governo federal tem tomado. Para o investidor estrangeiro, isso mostra que o Brasil tem conduzido sua política preocupado com a estabilidade económica, no sentido de atingir as metas inflacionárias, inclusive obtendo deflação, além de estar priorizando reformas necessárias para o avanço e desenvolvimento, principalmente no médio longo prazo. Tivemos a aprovação do arcabouço fiscal, da reforma tributária, isso tudo cria a condicionante perfeita para que o investidor se sinta motivado a investir, mesmo que ainda tenha um ambiente de risco, isso é natural de qualquer investimento”, diz André Cutrim, professor da UFPA e Doutor em Desenvolvimento Econômico pela UNICAMP.

Corte de juros e mais dólares no país

Um investidor estrangeiro não coloca seu dinheiro em algum país sem antes estudar as avaliações destas agências de risco, portanto, desde a criação destas empresas, governos e grandes empresas passaram a priorizar as avaliações. Com o possível aumento dos investimentos, o ingresso de mais dólares no país e o possível corte da taxa básica de juros, a chamada Selic, uma das metas do novo governo. 

“Cada vez que uma agência aumenta a nota, vem mais investimento. Isso faz vim mais dólares para o país, então a tendência é que se tenham mais investimentos físicos dentro do Brasil, mas também aumento de capital externo no país, com mais dólares entrando. E quando o dólar entra, a tendência é que fique mais barato, e quando o dólar fica mais barato, a inflação diminui, surgem mais oportunidades de negócio, os juros caem, mais empresas são abertas e por aí vai, é um efeito em cascata. Por isso, essas notas são tão importantes para a economia dos países”, diz Valfredo de Farias, economista e consultor comercial.

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