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Meios de hospedagem e restaurantes devem faturar menos que o normal no Círio

Com a ausência da procissão e de turistas, os empresários têm expectativas baixas para a festa religiosa

Elisa Vaz

O Círio de Nazaré, celebrado neste domingo (10), costuma ser uma das datas mais importantes para os empresários belenenses, já que milhões de turistas visitam a capital paraense durante a festa religiosa. Neste ano, no entanto, com as restrições da pandemia da covid-19 e a não realização da tradicional procissão, os setores econômicos não devem ter muitos ganhos no próximo final de semana.

De acordo com o assessor jurídico do Sindicato, Fernando Soares, a expectativa é de que cheguem cerca de 30 mil turistas para o Círio, vindos de fora do Estado. “Este é um dado do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese. Não acho que será um movimento tão grande, mas eles têm mais fontes e mais base para saber isso. Alguns meios de hospedagem devem estar com algum movimento, mas não deve ultrapassar aqueles 30% previstos pela categoria. Não vejo possibilidade de mudar esse cenário agora, tão perto da data. Ano que vem deve ser o ‘Círio da redenção’”, avalia Fernando.

Proprietário de um hostel, meio de hospedagem que se caracteriza por baixos preços e a socialização dos hóspedes, o administrador Fernando Mendes, de 37 anos, conta que seu estabelecimento, o Belém Hostel, já existe há sete anos e sempre teve um bom movimento. Com a pandemia e as medidas de isolamento social, porém, houve queda na procura por parte dos clientes.

“Normalmente, temos uma ocupação muito boa, principalmente no segundo semestre do ano. As vagas para o período do Círio de Nazaré nós vendemos até fevereiro, sempre. Mas, no ano passado, praticamente não teve ninguém, e nesse ano ainda está baixa a ocupação, em cerca de 30%. Acho que ainda conseguimos chegar a 70% ou 80%, mas o público do Círio é bem específico, eles se programam desde cedo. Como anunciaram agora a programação, ninguém se preparou. A procura nem se compara ao cenário antes da pandemia”, comenta o empresário.

Já os ganhos para os restaurantes, durante o Círio, devem ser superiores ao que tem sido observado normalmente, com crescimento entre 20% e 25%, de acordo com o Sindicato. As vendas, no entanto, nem se comparam a outras celebrações da festa religiosa. Nesse período, a lotação costuma ser máxima na maioria dos estabelecimentos de alimentação fora do lar, já que a cidade fica cheia de turistas.

O assessor jurídico Fernando Soares afirma que o cenário será diferente. “Não vão ter muitos romeiros de fora do Estado em Belém, que geralmente são cerca de 100 mil, eles davam um reforço ainda maior na alimentação fora do lar. Os 30 mil esperados este ano vão dar reforço, com certeza, mas muita gente vem para confraternizar com a família e amigos na capital paraense, se hospedam na casa de parentes e comem lá. Claro que eles vão movimentar a parte de alimentação, bares e boates, vai ter um aquecimento, mas não vai ser igual”, adianta.

Paraense, a vendedora Patrícia Donner hoje mora na França, na fronteira com a Alemanha, junto com o marido e um dos filhos – o mais velho já não mora com os pais. Quase todos os anos, ela viaja a Belém com a família para participar do Círio de Nazaré. Com a pandemia, em 2020, ela não conseguiu vir à capital paraense, e nem tinha planos de vir este ano, mas conseguiu uma passagem barata e não pensou duas vezes.

“Eu tinha férias, olhei a passagem, achei hotel. Vim sem pensar, sozinha, sem o marido e os filhos. Aqui tenho mãe, pai, tios, primos, todo mundo. Mas decidi não ficar na casa deles por conta da pandemia, minha mãe ainda está em isolamento, tem medo, sai cheia de receios”, conta. No hotel onde está hospedada, Patrícia afirma que há poucas pessoas circulando nos espaços comuns. “Consegui reservar o hotel há duas semanas, isso nunca aconteceu, sempre deixava reservado com um ano de antecedência e mesmo assim não tinha mais hotel nem quarto bom, e ainda era muito caro”, diz. Quanto à alimentação, ela tem se dividido: em alguns momentos come junto à família, em outros faz as refeições na rua ou pede delivery. O “almoço” de Círio, para Patrícia, será jantar, porque a família vai se dividir em duas refeições para evitar aglomerações.

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