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Mais de 77% das famílias paraenses estão endividadas, aponta pesquisa da Fecomércio/PA

O levantamento também destaca que o cartão de crédito é o principal vilão das finanças no Pará. De acordo com a pesquisa, 83,7% das dívidas contraídas pelos consumidores são referentes a parcelamentos no cartão de crédito.

Gabi Gutierrez

A realidade financeira das famílias paraenses está cada vez mais apertada. Uma pesquisa recente da Fecomércio/PA, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), revelou que o número de famílias endividadas no Estado subiu de 65,2% em março do ano passado para alarmantes 77,1% neste ano. Um dado ainda mais preocupante é que 28,6% dessas famílias afirmam não ter condições de quitar suas dívidas, o que representa um aumento em relação aos 25,9% de 2024.

O levantamento também destaca que o cartão de crédito é o principal vilão das finanças no Pará. De acordo com a pesquisa, 83,7% das dívidas contraídas pelos consumidores são referentes a parcelamentos no cartão de crédito. Essa realidade reflete um cenário em que, muitas vezes, o limite do cartão é confundido com a renda disponível, levando a um uso desenfreado e a um acúmulo de dívidas.

Cartão de crédito e o impacto das finanças 

Em entrevista ao Grupo Liberal, Lúcia Cristina de Andrade, assessora econômica da Fecomércio/PA, analisou as causas desse aumento do endividamento. Ela afirmou que a falta de controle no uso do cartão de crédito é a principal responsável pela escalada das dívidas. “Muitas pessoas não têm noção exata de quanto estão comprometendo do seu orçamento mensal ao utilizar o cartão. A sensação de que o limite disponível é um ‘extra’ acaba criando um ciclo de endividamento difícil de quebrar”, explicou Lúcia.

Além disso, a especialista alertou para a confusão comum entre o limite do cartão e a capacidade real de pagamento. “O cartão de crédito não é uma extensão da renda. Quando a pessoa começa a parcelar de forma excessiva, a dívida acaba se tornando impagável, com o acúmulo de juros e encargos”.

O que fazer para regularizar a situação financeira?

A situação financeira de grande parte das famílias do Pará é preocupante, mas ainda há espaço para ações que possam evitar que o quadro se agrave ainda mais. Lúcia recomenda, em primeiro lugar, que as pessoas busquem negociar suas dívidas o mais rápido possível. "O primeiro passo é interromper o ciclo de juros compostos. A negociação de parcelamentos pode ajudar a reduzir o impacto das dívidas a longo prazo", explicou a assessora.

Ela também sugeriu a consolidação de dívidas, ou seja, reunir todas as pendências em um único banco ou instituição financeira. “Isso facilita a negociação e torna o controle mais simples. Além disso, é importante pesquisar as taxas de juros cobradas, para escolher a melhor opção de pagamento”, orientou Lúcia.

As Consequências do Endividamento Elevado para a Economia Local

O elevado índice de endividamento no Estado pode ter repercussões significativas para a economia local. Embora o endividamento não seja, por si só, um fator negativo — afinal, muitas compras parceladas são necessárias — o comprometimento excessivo da renda pode prejudicar a capacidade de consumo das famílias. Quando mais de 30% da renda está comprometida com dívidas, a inadimplência tende a aumentar, o que impede novas compras e diminui a circulação de dinheiro, prejudicando a economia em geral.

No caso do Pará, 29,9% da renda mensal das famílias endividadas está comprometida com dívidas. Além disso, a taxa de inadimplência também é preocupante, atingindo 28,6%. Segundo a pesquisa, as famílias paraenses que estão endividadas têm um tempo médio de 7 meses para regularizar suas pendências, o que torna essencial o planejamento financeiro.

Prevenção: Como Evitar o Endividamento no Futuro

Para quem deseja evitar cair no ciclo de endividamento novamente, Lúcia sugere algumas práticas essenciais de controle financeiro:

Planejamento de Compras: Antes de realizar qualquer compra, é crucial que as famílias planejem e analisem se a compra realmente cabe no orçamento mensal.

Controle das Dívidas: É importante registrar o valor total das dívidas no cartão de crédito, entender quanto cada parcela representa no orçamento e avaliar o impacto de cada nova compra.

Evitar Confundir Limite de Crédito com Renda: O limite do cartão de crédito não deve ser visto como uma extensão da renda. Consumir de acordo com o que se pode pagar é essencial para evitar surpresas no final do mês.

Optar por Compras à Vista ou Parcelamentos Curtos: Sempre que possível, o ideal é evitar parcelamentos longos. Optar por compras à vista ou no máximo em uma única parcela pode ser uma forma de evitar o acúmulo de dívidas.

Economia