Maioria das hortaliças, legumes e verduras ficou mais cara em Belém; veja quais aumentaram
Em alguns casos, o aumento ultrapassa a inflação do período; outros produtos, porém, recuaram de preço.


Segundo pesquisa divulgada nesta segunda (18/03) pelo Dieese/Pa (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), a maioria das hortaliças, verduras e legumes vendidos em feiras livres e supermercados de Belém seguem com o preço em alta – em alguns casos com aumentos que superam a inflação do período.
No mês de fevereiro em relação a janeiro, os produtos com variação mais expressiva foram o maço de alface, com alta de 6,58%, seguida do maço de cheiro-verde, com alta de 5,29%, maxixe com alta de 4,11%, chuchu e cenoura, ambos com alta de 3,87%. No entanto, alguns produtos recuaram de preço no mês passado. Os destaques são a batata lavada, com queda de 16,57%; a cebola, com queda de 8,07%; a batata doce rosa, com queda de 7,39%; a batata doce branca, com queda de 3,58%; o pimentão verde, com queda 3,41% e a macaxeira, com queda de 2,50%.
De janeiro para fevereiro, o preço médio do maço de alface passou de R$ 3,95 para R$ 4,21; do cheiro-verde, de R$ 3,59 para R$ 3,78; do quilo do maxixe de R$ 16,29 para R$ 16,96; do chuchu de R$ 5,68 para R$ 5,90; e da cenoura, de R$ 6,98 para R$ 7,25. No mesmo período, o preço médio do quilo de seis produtos tiveram queda. A batata lavada recuou de R$ 7,24 para R$ 6,04; a cebola, de R$ 4,46 para R$ 4,10; a batata doce rosa, de R$ 6,63 para R$ 6,14; a batata doce branca, de R$ 10,88 para R$ 10,49; o pimentão verde, de R$ 12,30 para R$ 11,88; e a macaxeira, de R$ 10,81 para R$ 10,54.
Já no acumulado dos últimos 12 meses, a alta chegou a 54,27% no preço da abóbora, 32,82% na couve e 28,97% no maxixe. Outros sete produtos também registraram alta, que supera os 20%, enquanto a inflação do período ficou em 5%, segundo o Dieese. Por outro lado, oito itens tiveram redução de preços nos últimos 12 meses, com destaque para a cebola (-43,37%), batata (-41,47) e cenoura (-38,77).
Custo de produção afeta encarecimento, aponta Dieese
Para Everson Costa, supervisor técnico do Dieese/Pa, o custo de produção neste início de 2025 está bem mais elevado do que em relação ao ano passado.
“Isso quer dizer o seguinte: a gente está falando aí de uma inflação maior este ano, porque os custos também se elevaram, seja de frete, de combustíveis, de insumos agrícolas e o reflexo disso é direto percebido na formação do preço”, explicou.
Além disso, Costa menciona a questão climática como fator determinante na formação dos preços dos alimentos nos últimos três anos.
“Lá atrás, você tinha perda às vezes de safra, você tinha um calor ou um frio moderado. Só que nos últimos tempos, essa previsibilidade diminuiu muito. Então o que que acontece? Tá cada vez mais difícil você prever se determinadas produções agrícolas terão o impacto maior ou menor em relação à variação climática”, avalia Costa.
Feirantes apontam aumento devido às chuvas
Walber Noronha, feirante que trabalha no Complexo do Ver-O-Peso, explicou que os preços das hortaliças não aumentaram tanto quanto os dos supermercados. "Eu acho que não aumentou nada não do preço não, porque aqui o preço sempre tá embaixo. É em supermercado que tá caro. Porque lá eles seguram o preço e aqui nós não", afirmou ele.
Segundo Walber, o comércio local tenta manter os preços justos e, em alguns casos, vender até mais barato. "Aqui a gente compra ela por preço justo e a gente vende às vezes até mais barato, porque a gente não tem para que vender. Entendeu?"
No entanto, o feirante reconheceu que os preços de alguns produtos subiram de fevereiro para março.
"Os legumes já aumentaram o preço sim. Teve uma altazinha no preço. Por aqui, batata, macaxeira e pimentão se mantiveram estáveis no preço", contou Walber.
Ele ainda destacou que os itens que mais vende são tomate, cebola, batata, cenoura, pimentão e pimentinha.
Mudança nos hábitos de consumo das famílias
Do lado dos consumidores, Marlene Lopes, autônoma e dona de casa, percebeu um aumento considerável no preço das hortaliças. Ela relatou que a cenoura, por exemplo, teve uma alta nos últimos três meses. "A cenoura tá mais ou menos três meses que está em alta. Tô comprando a R$ 6 o quilo e costumava comprar a R$ 4, R$ 5", revelou Marlene.
Para tentar equilibrar o orçamento, ela precisou adaptar suas compras.
"Para tentar manter o que a gente sempre compra, tem que comprar menos, diminuir mais o uso na comida", disse a dona de casa. Ela também substitui alguns produtos mais caros por opções mais baratas, como o chuchu, a batata e o repolho.
Marlene acredita que o aumento nos preços está relacionado, em parte, com as condições climáticas. "Eu considero que esses reajustes tem relação com as chuvas, que dificultam o tráfego das hortaliças para a cidade também. A chuva acaba destruindo parte dessas plantações e é o que favorece o aumento das hortaliças", explicou.
Chuvas afetam produção e transporte
Edna Guimarães, outra feirante, também atribui o aumento no preço das hortaliças às chuvas intensas que atingiram a região.
"Eu creio que o aumento do preço das hortaliças ocorre devido às chuvas. Muitos não têm a horta coberta e aí essa é uma mercadoria muito frágil. É rápido que ela se apodrece, entendeu?", disse Edna.
Segundo ela, as hortas não podem ser expostas a grandes volumes de água, pois isso pode prejudicar a produção. "Com muita água tem que ter água, mas não tem que ser em muita quantidade", completou.
Edna ainda apontou que alguns produtos, como a macaxeira, tiveram aumentos devido ao transporte e ao custo do frete. "A macaxeira teve um aumento de preço, mas a batata já baixou. O pimentão também já teve um aumentozinho", afirmou.
A feirante explicou que o aumento de preços se deve ao fato de a macaxeira vir de regiões mais distantes, o que eleva os custos com frete e transporte.
Variação de preços em Belém, segundo Dieese/Pa
Produto // Preço médio (fev. 2025) // variação no mês (fev.) // variação no ano (acumulado jan. e fev.) // variação em 12 meses
- Abóbora (kg) // R$ 6,68 // 1,83% // -0,30% // 54,27%
- Alface (maço) // R$ 4,21 // 6,58% // 20,63% // 27,19%
- Alfavaca (maço) // R$ 2,24 // 2,28% 2,75% // 21,74%
- Batata (kg) // R$ 6,04 // -16,57% // -30,01% // -41,47%
- Batata doce (branca) (kg) // R$ 10,49 // -3,58% // -5,67% // 22,26%
- Batata doce (rosa) (kg) // R$ 6,14 // -7,39% // -11,91% // -7,53
- Beterraba (kg) // R$ 6,15 // 1,82% // 4,77% // -15,06%
- Cariru (maço) // R$ 2,29 // 2,23% // 4,57% // 25,82
- Cebola (kg) // R$ 4,10 // -8,07% // 23,49% // -43,37
- Cebolinha (maço) // R$ 2,55 // 0,39% // 3,66% // 13,84%
- Cenoura (kg) // R$ 7,25 // 3,87% // 34,76% // -38,77%
- Cheiro-verde (maço) // R$ 3,78 // 5,29% // 6,48% // 27,27%
- Chicória (maço) // R$ 2,46 // 1,23% // 3,36% // 14,95%
- Chuchu (kg) // R$ 5,90 // 3,87% // 4,24% // -15,71%
- Couve (maço) // R$ 3,48 // 0,58% // 1,75% // 32,82%
- Feijão verde (maço) // R$ 3,14 // 2,28% // 2,61% // 9,41%
- Jambu (maço) // R$ 2,91 // 3,19% // 2,83% // 21,76%
- Macaxeira (kg) // R$ 10,54 // -2,50% // -7,62% // -9,76%
- Maxixe (kg) // R$ 16,96 // 4,11% // 5,93% // 28,97%
- Pepino (kg) // R$ 6,35 // 1,44% // 3,42% // 4,96%
- Pimentão verde (kg) // R$ 11,88 // -3,41% // 0,34% // 1,97%
- Quiabo (kg) // R$ 16,71 // 0,78% // 2,77% // 25,26%
- Repolho (kg) // R$ 6,22 // 1,63% // 2,47% // -25,86%
- Salsa (maço) // R$ 3,31 // 1,85% // 2,48% // 19,06%
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