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Lojistas de Belém sentem aumento de até 80% no preço dos materiais de construção

Mesmo com o cenário, expectativa é que o setor tenha crescimento de 1% a 3% nas vendas de 2023, conforme levantamento da Anamaco

Camila Azevedo

Quem deseja construir ou reformar casas em Belém vai encontrar uma série de produtos com preços elevados. Cimento, pisos e tintas estão entre os mais caros nos estabelecimentos. Isso porque, de acordo com lojistas do ramo, alguns materiais de construção alcançaram alta de até 80% neste início de 2023, fator determinante para diminuir a movimentação dos clientes. Entretanto, a expectativa para o setor é de crescimento: a previsão da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco) é que haja um saldo positivo de 1% a 3% no faturamento do ano.

Vicente Grisólia, dono de uma loja de materiais de construção localizada no bairro de Fátima, afirma que uma série de fatores foram determinantes para a alta nos preços, afetando o dia a dia das vendas no comércio. “A pandemia, a guerra da Ucrânia, que fez a matéria prima aumentar, o dólar também, já que muitos produtos dependem desse valor. Além disso, o poder aquisitivo diminuiu bastante. São vários os motivos. Alguns produtos aumentaram de 60% a 80% agora, quando comparados com os anos de antes da pandemia”, lista o empresário.

Lojista tenta não repassar tanto os reajustes

Entre os itens que mais passaram por um aumento, Vicente aponta que os porcelanatos, tintas e o ferro para construção protagonizam o cenário. “As cerâmicas também aumentaram muito, as louças. Foi um verdadeiro aumento generalizado. Junto a eles, o cimento. Espero que isso não continue, porque não tem condições. Acredito que possa haver alta ainda, mas não tão significativa. Temos produtos que deveriam estar com preços altos e eu não aumento com medo de cair mais ainda as vendas. Acabo absorvendo alguns desses aumentos”, lamenta.

Com isso, a movimentação tende a diminuir e cada vez mais é preciso oferecer promoções para atrair os consumidores. “No início do ano, principalmente em janeiro e fevereiro, caíram bastante as vendas. Esse mês [março] está sendo um pouco melhor em relação aos outros. O cliente está indo às lojas, mas tem pesquisado mais. Dificilmente ele compra na primeira loja em que entra. E a gente faz promoções, viu? Tem produtos que deveriam ser mais caros, o que a gente pode fazer é negociar, dar descontos. Só não podemos ter prejuízos, mas tentamos vender. Temos custos, boletos para pagar, então tem que vender”.

Materiais de construção aumentam constantemente, diz dono de loja

Para Marcos Daniel, dono de uma loja que oferece soluções para construção, a realidade é a mesma. Ele diz que os aumentos nos preços são constantes e ficaram mais intensos em 2023. “Os produtos que estão subindo muito são os que levam cimento. Ele aumenta todo mês, na média de R$ 2 por saca. Então, as telhas, areia, seixo, tudo tem acompanhado esse crescimento. Os impermeabilizantes também, que são itens para solucionar infiltrações. Com isso, vemos lojas parceiras no mercado e tentamos baixar o preço, sempre mais barato, para continuar vendendo. Não podemos repassar tudo, se não, não vendemos”, conta.

Expectativa

Apesar do cenário, Marcos não desanima. A expectativa é que a movimentação na loja, localizada no bairro da Sacramenta, melhore nos próximos meses. “Depois do carnaval, teve uma baixa. Março foi bem ruim de venda. Acredito que, agora em abril, deve voltar o movimento. Acredito que está assim para todos os locais, vários parceiros passaram pra gente que as vendas despencaram bastante. Em janeiro e fevereiro, geralmente, é bem fraco. Mas, não foi, foi normal, quase indo para bom. Só no final que ficou ruim”, relembra o empresário.

A solução para tentar atrair a clientela passa por uma estratégia que o lojista adotou: das descontos em produtos considerados principais para um obra, e manter o preço nos materiais usados para a instalação.

“Na verdade, a gente disponibiliza os descontos nos ‘produtos chama’. Alguns produtos colocamos com preços mais baixos e outros, que são complementos, deixamos no preço normal, para poder compensar. Vamos vendo por orçamento. Mas, a margem de lucro do material de construção é apertada mesmo, nesse sentido de materiais básicos, como o seixo”, completa Marcos.

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