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Litro da gasolina pode ultrapassar os R$ 6 em Belém

Petrobras estima aumento de 15 centavos. Dono de posto projeta até 30 centavos a mais

Amanda Engelke

A Petrobras anunciou nesta segunda-feira (8) um aumento de 7,12% no preço da gasolina para as distribuidoras. Com o reajuste, o preço de venda da gasolina A passará a ser de R$ 3,01 por litro. De acordo com a Petrobras, o impacto no preço da gasolina vendida ao consumidor final, que tem 27% de etanol em sua composição, deverá ser de 15 centavos por litro. Em Belém, contudo, o aumento pode ser ainda maior, e o preço médio do litro pode ultrapassar os R$ 6.

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Chermont aponta que este “é um ramo onde a concorrência é muito acirrada”. Além disso, alega “que quase toda semana o valor da gasolina que chega aos pontos aumenta”. Por isso, o litro que saia R$ 5,59 em um dos seus postos, agora custa R$ 5,79. O aumento foi implementado no início do mês. “São sucessivos aumentos. Pra nós, é quase toda semana. Se o aumento é grande, isso tem impacto no preço porque não temos como segurar. Cada centavo pesa muito”, diz.

Consumidores projetam impactos

Wesley Santana, 34, que trabalha como motorista de aplicativo, já contabiliza os impactos. “Hoje eu coloco (de gasolina) cerca de R$ 20 a R$ 30 por dia. Isso deve passar para R$ 30 ou R$ 40. Com certeza pesa e muito, porque se botar na ponta do lápis é uma diferença de R$ 10 por dia”, diz, acrescentando que, usualmente, os repasses dos aplicativos não acompanham os aumentos, o que gera mais prejuízos ainda. “O que resta é escolher ainda mais qual corrida fazer”, diz.

Paulino Dantas, taxista, também projeta que terá que abastecer cerca de R$ 50 a mais por dia. “Esse ajuste não é bom para ninguém, as coisas estão infladas demais. Infelizmente não temos para onde correr porque temos que abastecer, dependemos disso para trabalhar”, diz, alegando que “antigamente se abastecia R$ 100 para rodar o dia todo, entrando pela noite”. Hoje, ele diz que esse valor já é “inviável”.

Pará tem a 10ª gasolina mais cara do país

Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Pará (Dieese Pará), na semana passada, entre os dias 23 a 29 de junho, os preços nos postos variaram entre R$ 5,39 a R$ 6,95. Na análise do órgão, naquele período, o estado do Pará já ocupava a 10ª posição no ranking nacional e a 5ª na Região Norte em termos de preços mais altos de gasolina. O primeiro lugar é do estado do Acre, onde o preço médio do litro da gasolina era de R$ 7,04.

O estudo do Dieese Pará divulgado na segunda-feira, logo após o anúncio da Petrobras, destaca ainda que a última alteração no preço da gasolina havia sido em agosto de 2023, quando houve uma alta de 16,3%. Este aumento atual de 7,12% é o primeiro reajuste do ano de 2024. O estudo também aponta que, com o fim da Paridade de Preços de Importação (PPI), a Petrobras agora determina os preços com base em estratégias de comercialização internas.

Precificação dos combustíveis é livre, aponta Sindicombustíveis

Pietro Gasparetto, advogado do Sindicombustíveis Pará, diz que a Petrobras não autoriza ou veda aumentos, pois a precificação dos combustíveis é livre desde 2002. “A Petrobras influencia o mercado por ser a maior refinaria do país, mas o preço que ela pratica reflete apenas o preço nas suas refinarias”, explica. Ele acrescenta que as distribuidoras compram o combustível das refinarias, adicionam biocombustíveis e depois vendem aos postos, que são o último elo da cadeia.

Gasparetto também ressalta que não existe correlação obrigatória entre os preços da refinaria e dos postos. “O impacto estimado de R$ 0,15 por litro pode variar para cada empresa, podendo ser maior ou menor, de acordo com o preço de compra, custos e estratégia comercial de cada uma”, afirma. Ele destaca ainda que a precificação nos postos depende do custo de reposição de estoque, tornando difícil prever exatamente o momento do repasse ao consumidor final.

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