Líder de caminhoneiros avisa que categoria pode paralisar atividades novamente
Wallace Landim, conhecido como Chorão, diz que caminhoneiros não querem fazer uma greve, mas alguns já estão parando por causa da situação atual
Um dos líderes dos caminhoneiros, Wallace Landim, conhecido como Chorão, não descarta uma nova paralisação da categoria. Segundo ele, os trabalhadores não querem fazer uma greve, em razão da crise econômica vivenciada no Brasil. “Mas com a situação em que o país está, e piorando cada vez mais, somos obrigados a fazer uma paralisação”, declarou. As informações são do Correio Braziliense.
Wallace diz que parte da categoria já está parando devido à falta de condições. Porém, alguns caminhoneiros não apoiam a greve, porque evitam se posicionar contra o presidente Jair Bolsonaro. Apesar do descontentamento crescente, parte da categoria ainda apoia o chefe do Executivo.
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“A nossa luta não é contra o governo em si, eu mesmo fiz campanha para o presidente, votei nele”, declarou Chorão. “Na realidade, nós estamos cobrando que o chefe da Nação chame a responsabilidade dos preços dos combustíveis para ele mesmo”, completou.
Ele observou que, quanto era candidato, Bolsonaro tinha uma narrativa de que era realmente necessário mexer na política de preço da Petrobras. “Mas, quando ele entrou e sentou na cadeira, mudou o discurso”, afirma Chorão. “A gente vem acompanhando a transferência de responsabilidade — tirando a culpa dele e colocando no Ministro de Minas e Energia e na própria Petrobras. Enquanto isso o povo fica sofrendo”, continuou.
O líder dos caminhoneiros afirma que a categoria não está mais suportando essa situação: “O pobre está cada vez ficando mais pobre, e não tem mais o poder de compra”.
Chorão acredita que o grande vilão hoje é o preço de paridade de importação (PPI). “Nosso erro em 2018 foi não ter pedido a retirada desse PPI. Minha pauta na época foi essa, porém a força do movimento foi se perdendo. Até então a sociedade vinha junto com a esperança de a gente reduzir o preço do combustível e do gás de cozinha, que já estava sendo afetado pelo PPI”, explicou.
"A categoria vai ter que parar", diz caminhoneiro
Outro caminhoneiro, Gustavo Ávila, confirma o cenário difícil. “Os caminhoneiros têm reclamado muito dos custos. A situação está insustentável. Não tem como trabalhar assim, apenas se quiser ter prejuízo."
Ele argumenta que os custos, contando com a manutenção, cresceram muito. “Eu mesmo fiz uma entrega na semana passada, e meu lucro veio R$ 250 negativos. Mesmo fazendo uma boa negociação com as transportadoras, não dá para continuar”, lamentou.
“Independentemente se um dos líderes mandar, planejar uma greve ou não, a categoria vai ter que parar por falta de condição”, afirmou o caminhoneiro.
Para ele, porém, existe a possibilidade de uma nova paralisação, mas não de uma greve. “Hoje, a situação está muito pior do que em 2018, porém há uma parte da categoria que não para porque acha que isso seria ir contra o presidente”, pontuou.
Gustavo Ávila também classifica o PPI como o grande vilão: “Nosso prejuízo hoje é esse preço de paridade que o ex-presidente Temer colocou, pois com o dólar lá em cima, aqui o preço fica apenas subindo”.