Leque, chaveiro, enfeite: Círio 2024 impulsiona venda de artesanato religioso em Belém

Graça Rates, artesã de 57 anos, já tem o triplo de venda no negócio de artesanato do Círio de Nazaré em 2024 em relação ao ano passado. “A gente vendia na trasladação, círio fluvial e outras (procissões), mas este ano resolvemos vender somente pelo Instagram fazendo tráfego pago e está fazendo um sucesso”, conta a empreendedora. Há 7 anos vendendo os produtos pelas ruas de Belém, Rates começou um perfil do zero na rede social há dois anos e conseguiu clientes em pouco tempo com a divulgação antes do Círio. O negócio conta com guirlandas, chaveiros e leques enfeitados com a imagem de Nossa Senhora de Nazaré no centro dos produtos e o preço varia de R$ 15 a R$ 45. 

“Em relação ao ano passado, esse ano tivemos um aumento significativo de 70%, pois estamos com encomendas de clientes que ainda vão chegar em Belém que estão vindo de outros estados.” A declaração é do artesão Diego Amorim, de 37 anos. O empreendedor, que trabalha há seis anos com artesanato durante o Círio, diz usar o meio digital para as vendas, mas que a estratégia para o sucesso é ter bom acabamento nas peças, bom atendimento e muitas novidades.

Com o preço entre R$50 e R$200, os produtos mais vendidos, segundo Amorim, são a imagem de Nossa Senhora de Nazaré e os oratórios, pequeno altar onde são dispostas, para veneração, imagens de santos. “São peças exclusivas, além disso aqui em Belém tem apenas duas pessoas que trabalham com mosaico”, destaca Amorim. 

Patrícia Andrade, de 48 anos, é dona de um ateliê de roupas e objetos artesanais. Assim como Graça Rates, ela trabalha com vendas de produtos de artesanato durante o Círio de Nazaré. “Chaveiros, adornos, painéis de decoração, colar de mesa. Maioria (é) decoração”, conta a artesã, que está há dois anos no mercado criativo com a técnica de macramê - tecelagem manual que consiste em criar nós e trançados em fios para criar peças decorativas.

“A técnica em macramê é maravilhosa com ela posso expressar todo o meu carinho pelo nosso estado, usando um pouquinho de tudo,  desde o caroço do açaí até as cestaria, patchoulim e muito mais”, destaca a empreendedora. Os produtos custam R$ 15 a R$150.

Por enquanto, com vendas só para amigos e clientes próximos, Andrade revela ter uma boa expectativa de vendas durante o evento religioso deste ano. “Clientes querem deixar as casas bem decoradas para o Círio. Outros já encomendaram suas lembrancinhas”, comemora.

Assim como Graça Rates, a artesão, que é engenheira de telecomunicações, faz uso da estratégia digital para impulsionar as vendas. “Minha estratégia de venda é uma parceria também com a JVS Digital que trabalha na gestão com tráfego pago, isso aumenta minha visibilidade e engajamento”, explica. A empreendedora divulga o negócio tanto pelo Instagram quanto pelo WhatsApp. 

Sebrae realiza Feira de Artesanato do Círio 2024

O Círio de Nazaré é um período muito propício para fomentar o empreendedorismo, e um dos segmentos mais impactados de forma positiva é o de artesanato, segundo Igo Silva, coordenador da Feira de Artesanato do Círio (FAC).

“O grande fluxo de turistas em Belém gera interesse maior pelo trabalho dos artesãos, pois eles querem levar um pouco da nossa cultura como lembrança da experiência que tiveram aqui, assim como levam para dar de presente”, explica o coordenador, o qual também é gerente da Agência do Sebrae da região Metropolitana de Belém.

A 12ª edição da Feira de Artesanato do Círio (FAC) tem início dia 10 e vai até 16 de outubro. Organizada pelo Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Pará), o evento vai ocorrer no parque urbano Porto Futuro e vai atrair, segundo estimativa, mais de 60 mil visitantes.

A feira é resultado da união, há 12 anos, de duas iniciativas: A Feira do Miriti, específica do artesanato de Miriti, atividade tradicional do município de Abaetetuba; e a Feira do Círio, reunião do artesanato de outras tipos, produzido em vários municípios paraenses. Em 2024, a Feira está em sua décima segunda edição, e terá trabalhos de mais de 100 artesãos, de 19 municípios.

Segundo Igo Silva, a Feira de Artesanato do Círio é importante para dar visibilidade ao trabalho de artesãos, que são empreendedores, e, principalmente, abrir mercado para eles, promovendo as vendas. O coordenador do evento defende que “uma das características da FAC é que ela gera negócios não apenas no período de sua realização, pois é muito comum os artesãos receberem encomendas para entregas futuras, de pessoas do Pará, de outros estados e até de fora do país.”

Para Patrícia Andrade, a feira é uma oportunidade muito importante para o negócio. “Minha expectativa esse ano é a melhor, meu segundo ano na maior feira de artesanato da região norte não podia me deixar mais feliz. Um sinal que estou no caminho certo”, comemora a artesã.

O empreendedor Diego Amorim também destaca o evento como impulsionador de vendas. “Minha expectativa para esse ano estão bem altas, iremos participar da FAC (Feira de Artesanato do Círio), pelo terceiro ano, com o apoio do Sebrae e lá sempre fazemos bons negócios", afirma.