Inverno amazônico e excesso de chuvas fazem preços de hortaliças dispararem em Belém
Feirantes dizem que, desde o ano passado, os custos estão mais elevados e acabam repassando a diferença aos compradores
Os fatores que influenciaram as recentes altas nos preços das hortaliças em Belém são variados e, para o economista Nélio Bordalo, o principal é a questão climática, além dos custos de produção, de transporte e logística, demanda e oferta, e impostos e taxas. Como apontado pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos do Pará (Dieese-PA), alguns produtos tiveram altas de até quase 60% no ano passado, como é o caso da abóbora (59,14%).
Atrás dela, aparecem a couve (46,78%), o jambu (38,73%), o cheiro-verde (35,50%) e o quiabo (29,98%), entre outros. Já em relação à variação mensal, que tem como referência o mês de dezembro passado, na comparação com novembro, as maiores altas foram registradas nos preços da cenoura (3,66%), abóbora (3,08%), chuchu (2,72%), maxixe (2,37%) e quiabo (2,33%).
Causas do alto preço
Na opinião de Bordalo, a Amazônia e o clima tropical úmido de Belém tornam as condições climáticas um fator crucial para o consumo de hortaliças. “O período de chuvas também reduz a oferta de hortaliças verdes, como jambu, couve e cheiro-verde, aumentando os preços. A chuva excessiva danifica plantações, afetando a produção e a qualidade. Com menos produto ofertado, os preços se elevam”, explica.
Outro fator citado pelo economista é o dos custos de transporte e logística, que, para ele, têm um impacto significativo nos preços das hortaliças em Belém, especialmente as importadas de outras regiões produtoras. “A distância e a falta de infraestrutura viária aumentam os custos, tornando-os mais altos. O custo do frete é inserido no preço do produto para o consumidor final”.
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Outra trabalhadora da área, Matilde Costa vende quase todos os tipos de hortaliças e notou que muitas estão mais caras desde o ano passado. “Esses dias aumentaram ainda mais, por causa da chuva. Para muitas, essa época não é favorável. Quando chega o inverno, aumenta muito o custo com hortaliças, praticamente todas”, enfatiza.
No verão, segundo a comerciante, os preços são bem mais em conta, a exemplo do cheiro-verde, couve e alface. “Fica mais difícil para a gente encontrar no inverno e não deixar faltar. Tem muita coisa de fora, que vem do interior, e, devido ao frete e ao trabalho de tirar algo melhor, sempre fica mais caro”. O movimento, de acordo com Matilde, caiu bastante ultimamente.
Variação do preço de hortaliças
Em 2024
- Abóbora (kg): 59,14%
- Couve (maço): 46,78%
- Jambu (maço): 38,73%
- Cheiro-verde (maço): 35,50%
- Quiabo (kg): 29,98%
- Maxixe (kg): 29,95%
- Chuchu (kg): 26,34%
- Batata (kg): 25,62%
- Chicória (maço): 25,26%
- Cebolinha (maço): 23%
- Pimentão verde (kg): 22,95%
- Batata doce branca (kg): 22,87%
- Salsa (maço): 22,81%
- Pepino (kg): 18,99%
- Alfavaca (maço): 18,48%
- Cariru (maço): 16,49%
- Feijão verde (maço): 13,75%
- Batata doce rosa (kg): 3,26%
- Repolho (kg): 0,33%
- Macaxeira (kg): 0,26%
- Beterraba (kg): -0,68%
- Alface (maço): -8,88%
- Cenoura (kg): -17,23%
- Cebola (kg): -53,24%
Em dezembro/2024
- Cenoura (kg): 3,66%
- Abóbora (kg): 3,08%
- Chuchu (kg): 2,72%
- Maxixe (kg): 2,37%
- Quiabo (kg): 2,33%
- Cebola (kg): 1,84%
- Pepino (kg): 1,66%
- Batata doce branca (kg): 1,37%
- Cebolinha (maço): 1,23%
- Batata doce rosa (kg): 1,01%
- Repolho (kg): 1%
- Jambu (maço): 0,35%
- Couve (maço): 0,29%
- Pimentão verde (kg): 0,25%
- Cheiro-verde (maço): -0,28%
- Feijão verde (maço): -0,33%
- Chicória (maço): -0,42%
- Cariru (maço): -0,45%
- Salsa (maço): -0,62%
- Alfavaca (maço): -0,91%
- Macaxeira (kg): -2,31%
- Beterraba (kg): -2,65%
- Batata (kg): -2,71%
- Alface (maço): -2,79%
Fonte: Dieese-PA