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Interdição de ponte no Maranhão pode encarecer alguns alimentos no Pará, segundo Ceasa

Outras entidades, no entanto, não indicam aumento no custo de produtos nem previsão de desabastecimento imediato.

Jéssica Nascimento

A interdição da ponte sobre o Rio Pindaré, na BR-316, que liga o Maranhão ao Pará, pode gerar impactos no preço de alimentos em Belém, especialmente produtos originários da região Nordeste. A medida foi tomada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), nesta segunda (3/03), devido a riscos estruturais na ponte, mas, apesar de não haver desabastecimento imediato, o aumento nos custos de frete pode refletir no aumento de preços.

De acordo com entidades ouvidas pelo Grupo Liberal, o impacto sobre o abastecimento de alimentos e insumos no Pará não será imediato, mas o encarecimento de produtos como cebola, tomate e banana já é esperado. Atrasos no transporte e o aumento da distância de até 300 km podem elevar os custos do frete e, consequentemente, dos preços no mercado.

Aumento no custo do transporte pode afetar o preço de alimentos

Denivaldo Pinheiro, diretor técnico da Ceasa (Central de Abastecimento do Pará), explica que, embora ainda não sejam perceptíveis os efeitos da interdição, o aumento no percurso de caminhões pode resultar em uma alta nos preços de alguns produtos

Ele alerta que, devido ao bloqueio da ponte, os caminhoneiros terão que buscar alternativas, o que deve aumentar em até 300 km a distância percorrida até chegar a Belém. O impacto nos preços pode chegar a 10%, especialmente para alimentos como cebola, tomate e banana, que vêm de estados como Bahia, Pernambuco e Ceará.

Pinheiro destaca, no entanto, que não há risco de desabastecimento. O problema maior é o custo extra do transporte, que pode pressionar os preços dos produtos.

“Não acreditamos que haverá desabastecimento, mas o aumento no custo do frete certamente será repassado aos consumidores”, afirmou.

Supermercados não veem risco imediato de desabastecimento

Por outro lado, Jorge Portugal, presidente da Aspas (Associação Paraense de Supermercados), tem uma visão mais otimista sobre os efeitos da interdição. 

Para ele, o impacto será mínimo. Ele acredita que o aumento no trajeto será de apenas 50 km e que o tempo extra no percurso não será suficiente para causar um grande transtorno na distribuição de alimentos. 

“Acho que não haverá problema no abastecimento. O atraso é de apenas uma hora, em média, e o impacto na distribuição será muito pequeno”, disse Portugal.

Indústria de panificação vê riscos limitados em insumos específicos

André Carvalho, presidente do Sindipan (Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria do Pará), também avalia que a interdição não trará grandes problemas para a indústria de panificação

Ele destaca que o trigo, um dos principais insumos da área, chega pelo porto, sem passar pela BR-316. No entanto, ele aponta que produtos como manteiga, fermento e laticínios, que são mais dependentes do transporte rodoviário, podem sofrer pequenas variações de preço

“O impacto será pequeno, mas é algo que pode influenciar, dependendo do grau de desabastecimento. Mesmo assim, precisamos ter cuidado com essa informação, pois ela pode ser usada para justificar aumentos de preços sem que haja, de fato, desabastecimento”, alertou Carvalho.

Embora a interdição da ponte sobre o Rio Pindaré não deva causar desabastecimento imediato no Pará, a possibilidade de aumento no custo de produtos alimentícios devido ao aumento do frete e dos trajetos rodoviários é real. 

O impacto nos preços, contudo, ainda é incerto, com entidades divididas sobre a magnitude do problema.

Procurado pelo Grupo Liberal, o DNIT informou que realiza o monitoramento da estrutura e realiza nesta quarta-feira (5/03) uma avaliação mais detalhada para propor as medidas de recuperação.

A autarquia ressalta que ainda não é possível definir um prazo para a liberação do tráfego no local.



 

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