Instituição aposta em educação financeira para melhorar índices econômicos no Norte
Região apresenta grandes índices de endividados; mudança de consciência sobre o uso do dinheiro é meta estabelecida.
A educação financeira para públicos de diversas faixas etárias é uma aposta de instituições de crédito para melhorar os índices econômicos presentes na região Norte do Brasil. No Pará, por exemplo, uma cooperativa já realizou mais de 850 ações sobre o assunto e cerca de 55 mil pessoas já foram impactadas com ensinos relacionados a controle de gastos, planejamento e investimento.
Em agosto de 2024, o estado alcançou a marca de 2.632.330 milhões de endividados, 42,55% a mais do que o registrado no mês anterior. O ticket médio dessas dívidas foi de R$ 4,163,55. De acordo com dados da Serasa, esse número vai na contramão da realidade nacional, uma vez que, no país, 200 mil nomes a menos constavam no cadastro de negativados do mesmo período.
A Sicredi é uma das instituições que realiza o trabalho de educação financeira no Norte. Tiago Schmidt, presidente da Sicredi Pioneira, localizado em Nova Petrópolis, no Rio Grande do Sul, explica que o trabalho visa gerar uma sociedade mais consciente e com maiores benefícios. “Essa é uma pauta que entrou agora na base nacional curricular e a gente entende que deveria existir antes”.
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“A gente trabalha muito forte a questão da educação financeira e entende que, quanto mais as pessoas tiverem consciência de questões relativas a dinheiro, a como funciona a geração de riquezas, os custos da família e custos adicionais, desde criança, vamos ter adultos conscientes em relação a sua remuneração e vão ter uma estrutura financeira sólida”, adiciona Tiago.
Vulnerabilidade
Recentemente, o Banco Central (BC) divulgou um estudo em que mostra que os sites de apostas receberam mais de R$ 3 bilhões de beneficiários do Bolsa Família. Tiago também destaca que a educação financeira é fundamental para que cenários como esses não aconteçam. “Quando mais educação financeira a gente distribui na sociedade, menos vulnerável a gente fica a uma série de problemas”.
“Essa pesquisa do Banco do Brasil mostra que são justamente as pessoas com menor renda que estão se comprometendo com sites de apostas e vendo essas plataformas como possibilidade de investimentos. Esse não é o propósito. Então, a educação financeira vem para trazer consciência sobre o que é o dinheiro, como eu recebo dinheiro e como posso gastar esse dinheiro”, complementa.
Na ponta do lápis
O programa desenvolvido pela cooperativa de crédito é chamado de Na Ponta do Lápis. As ações envolvem associados, pessoas que não são associadas, escolas e entidades. A programação de cada palestra é feita de acordo com a idade do público - crianças também fazem parte do projeto, uma vez que a ideia é formar adultos mais prósperos.
A exemplo do que já acontece no Rio Grande do Sul, em que as famílias criaram a cultura da poupança desde os primeiros anos de vida dos filhos, Tiago está confiante de que, na região Norte, essa mesma consciência será criada por meio do programa. “É um processo lento e silencioso. A formação cultural de um povo não é do dia da noite”, diz.
“Eu tenho certeza de que, no Norte, quando as pessoas tiverem consciência de reservar parte da sua renda para uma emergência, começar a fazer poupança para a criança, aprender a guardar o dinheiro antes de precisar consumir ele, a cultura de uma região toda vai mudar. A médio prazo, a gente já consegue enxergar mudanças significativas”, conclui o presidente.
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