Índice de reajuste de aluguéis tem queda, mas acumula alta de 31,12%
Proprietários e inquilinos, no Pará, têm negociado reajuste de até 10%, afirma consultor imobiliário
As altas do Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M), que é utilizado como referência para o reajuste de contratos, como o de aluguel de imóveis, têm feito com que médios e pequenos empresários do Pará tenham buscado negociar com proprietários ou diminuído custos para não repassar os aumentos ao consumidor e prejudicar os negócios. Ainda que o índice tenha desacelerado em agosto, com a marca de 0,66%, contra a variação de 0,78% em julho, a alta acumulada em 12 meses é de 31,12%, e de 16,75% em 2021.
Em agosto de 2020, o índice havia subido 2,74% e acumulava alta de 13.02% em 12 meses. Os dados são da Fundação Getúlio Vargas. A instituição afirma que a desaceleração do índice de referência não foi maior em razão do aumento de preços de produtos agrícolas, como milho e café, que tiveram altas de 10,97% e 20,98%, respectivamente; e da conta de luz, que teve alta de 3,26%. O IGP-M é composto por subíndices, como o índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) e o INCC (Índice Nacional de Custo da Construção).
O consultor imobiliário Cristiano Mota, que é sócio de uma rede imobiliária, afirma que no Pará a maioria das empresas não aplicaram o reajuste de mais de 30% nos aluguéis, como orienta o IGP-M. “Aqui, pelo que pudemos perceber na nossa experiência e em nossas redes de contatos profissionais, os reajustes foram feitos, em média, em até 10%. Foi feita negociação na maioria dos contratos. Temos bons inquilinos e bons proprietários. Com a pandemia, foi observado que muitos comerciantes, principalmente, perderam rendimento, então era justo que o valor fosse renegociado e não apenas aplicado o índice”, afirma.
Para Cristiano, a desaceleração em agosto foi inesperada, já que em maio a alta acumulada chegou a 37%. “O que precisamos é que a sociedade discuta amplamente essa questão, que empresários, políticos, gestores, e outros membros da sociedade coloquem a questão na mesa, de forma aberta. O que queremos é que sejam estabelecidos índices justos, em que todas as partes entendam que há sentido no reajuste”, cobra.
O empresário Lukas Sampaio, proprietário de lojas dos setores de eletrônica e alimentos, atua em diversos shoppings centers de Belém e Região Metropolitana. Segundo ele, as administrações dos shoppings, atuaram de forma distinta em relação ao IGP-M. “Um shopping do centro de Belém aplicou o índice na íntegra no aluguel, não teve conversa. Outros abriram a possibilidade da negociação, chegando a fazer reajuste de 3% e 5%. A questão complicada do IGP-M é que ele tem como referência produtos e mercados muito diferentes”, avalia o empreendedor.
Para não ter que repassar o aumento do aluguel aos clientes, com o encarecimento de produtos e serviços, os pequenos e médios empresários estão diminuindo os custos em outras áreas, preocupados em não colocar em risco a venda. “Ao mesmo tempo em que temos esse aumento do nível de referência para o aluguel, estamos tendo uma retomada econômica gradativa, não é vantajoso nem repassar o valor para os clientes nem diminuir o número de lojas, para quem já está estabelecido no mercado. A melhor saída é contar em outros custos, como em gasto com energia e outras áreas”, aconselha.