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Fim da safra pressiona preço da bacaba em Belém e aumenta disputa com o açaí

Com a aproximação do fim da safra, a bacaba começa a rarear nas feiras de Belém e pode encarecer nas próximas semanas. Fruto tem ganhado espaço na mesa dos paraenses como alternativa ao açaí, que segue caro.

Jéssica Nascimento

A bacaba, fruta típica da Amazônia e consumida da mesma forma que o açaí, começa a desaparecer das feiras de Belém com o fim da sua curta safra, que vai de dezembro a abril. Na Feira da 25, na Avenida Rômulo Maiorana, vendedores relatam escassez do fruto e aumento da procura, o que deve pressionar os preços nas próximas semanas. O cenário favorece a valorização da bacaba, que tem conquistado o gosto popular como opção mais acessível ao açaí, que segue com preço elevado.

image Semente da bacaba. (Foto: Carmem Helena)

Bacaba ganha espaço durante entressafra do açaí

A presença da bacaba nas feiras de Belém coincide com o fim da produção de açaí do verão amazônico. Isso torna o fruto roxo, de sabor mais adocicado e leve, uma alternativa cada vez mais buscada por consumidores. 

Para Eron Tenório, vendedor da Feira da 25, a bacaba já representa 40% das vendas diárias, número expressivo considerando o histórico do produto. “Hoje, se eu não tenho bacaba, até minha venda de açaí cai. Um consumo puxa o outro”, explica.

image Eron Tenório. (Foto: Carmem Helena)

Lays Sampaio, também vendedora na mesma feira, afirma que quando começou a vender, comercializava apenas um "tico" de bacaba. Hoje, o crescimento da procura é notável. 

image Lays Sampaio. (Foto: Carmem Helena)

“Tá se popularizando. Tem gente que espera o ano todo por essa época”, conta. Para ela, a bacaba já representa 20% da movimentação diária, número que deve diminuir nas próximas semanas com o fim da safra.

Preços contrastam: bacaba mais barata que o açaí

A diferença de preço entre os dois frutos tem influenciado a escolha dos consumidores. O litro da bacaba é vendido entre R$ 20 e R$ 24, enquanto o açaí pode ultrapassar os R$ 60 o litro na versão grossa. Mesmo o açaí popular, mais diluído, parte de R$ 30 a R$ 36.

“Tem gente que consome a bacaba porque não tem dinheiro pra pagar o preço do açaí. Isso ajuda a gente a não parar de trabalhar”, comenta Lays. A lata de bacaba, que rende cerca de 8 litros, custa atualmente entre R$ 60 a R$ 80, contra os R$ 150 a R$ 200 de uma lata de açaí, que rende em média 5 litros.

image (Foto: Carmem Helena)

Clima prejudicou a safra: “cadê as águas de março?”

O ano de 2025 trouxe um desafio extra para os produtores de bacaba: a falta de chuva. A fruta, que depende de um inverno amazônico regular para se desenvolver, sentiu os efeitos da estiagem fora de época. “Esse inverno foi um ‘inverno verão’”, desabafa Lays. “A bacaba é do inverno, precisa de água. Cadê as águas de março?”, questiona.

A produção mais limitada, somada à alta demanda, deve resultar na elevação de preços nas próximas semanas.

“A tendência é ela encarecer e sumir. Eu vou manter meu preço, mas vai ficar mais difícil de achar”, antecipa Lays.

Expectativas: escassez à vista e alta de preços

Com o fim da safra batendo à porta, vendedores como Eron alertam que após abril, praticamente não se encontra mais bacaba fresca nas feiras. A possibilidade de se conseguir o fruto fora de época existe, mas com preços mais altos e qualidade inferior.

“Se ela for encontrada, é mais cara. Aí acontece a inversão do açaí: ele começa a ficar mais barato e a bacaba mais cara”, resume.

O cenário reforça a lógica sazonal do mercado de frutos amazônicos: enquanto o açaí se estabiliza e cai de preço com o retorno da oferta abundante, a bacaba entra em queda de produção e sobe no valor — um ciclo que define o ritmo da economia das feiras populares em Belém.

 

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Economia
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