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Farinha está mais cara em Belém, e preço deve continuar subindo nos próximos meses, aponta Dieese

Entre os motivos, período de entressafra, variação do clima e atuação dos intermediários entre os produtores e os comerciantes

Johann Sampaio / Especial para O Libera

O paraense que gosta de farinha vai ter que pensar em estratégias para economizar nos primeiros meses de 2024. Isso porque o produto apresentou alta novamente em janeiro, seguindo tendência que vem desde 2023. De acordo com uma pesquisa divulgada nesta sexta-feira (23), pelo Departamento de Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese/PA), em dezembro do ano passado, o consumidor podia encontrar o quilo a R$ 10,39. Agora, o valor chega a R$ 10,46, quase dez centavos mais caro.

Os números estão acima da inflação e representam um aumento mensal de 0,67% e anual de 12,97%, valor calculado quando se compara o aumento em relação ao mesmo mês no ano anterior. Em janeiro de 2023, o quilo da farinha estava custando R$ 9,26, um real a menos do que está sendo encontrado nas principais feiras de Belém atualmente. A farinha ocupa a segunda maior alta anual de preço, ficando atrás apenas do arroz.

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Farinha não pode faltar no prato de Aline Santos. A professora de química diz que consome o produto regularmente e afirma que sentiu a diferença quando fez a comparação. “A gente não sente uma diferença tão grande no dia a dia porque o preço vai aumentando devagar, mas eu já cheguei a comprar o mesmo quilo por R$ 7 ou R$ 8 e, agora, estou comprando por R$ 12”, relata.

A coordenadora comercial Luana Noronha não diminuiu a quantidade que come, mas adotou medidas para não sair no prejuízo. “Parar de comer farinha não dá, né? Somos paraenses. Ainda mais com açaí. Então, eu sempre venho no mesmo lugar, que já conheço os preços e procuro sempre ir nas feiras ver qual barraca está vendendo mais em conta”, explica.

O alta reflete não apenas nos consumidores. Raimundo Lima trabalha na Feira da 25, no bairro do Marco, em Belém, há 34 anos. Ele afirma que o preço foi sentido e não só pelos consumidores. “De janeiro para cá, o aumento foi baixo, com exceção da farinha lavada de Bragança, que aumentou cerca de 30%. Já a comum, o valor não foi tão alto e, por isso, os clientes optam pela comum na hora de comprar”.

Ele afirma, também, que o comerciante tenta evitar repassar o valor da alta para o consumidor, mas com a farinha mais escassa, não há saída. “As vendas não diminuíram tanto, mas, com o aumento, infelizmente, precisamos repassar, se não, o nosso lucro fica prejudicado e para alguns de nós essa é a única renda. Mas enquanto tiver o açaí, que só vai com farinha, nós vamos continuar vendendo”, observa.

Alta nos preços deve continuar nos próximos meses

Segundo o levantamento divulgado pelo Dieese, o aumento foi acumulado ao longo de 2023. A pesquisa também aponta que o consumidor deve estar preparado, pois a tendência é de que a alta continue nos próximos meses. Alguns fatores têm influenciado para a inflação da farinha, como a entressafra, que deve acabar em maio; as variações do clima do inverno amazônico; e os “atravessadores”, intermediários que fazem vendas entre os fornecedores e os comerciantes.

Economia