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Falta de mão de obra qualificada eleva em até 4% custos de imóveis na Grande Belém

Representante dos dirigentes de empresas do setor afirma que o baixo número de trabalhadores tem pressionado o mercado imobiliário

Elisa Vaz

Os preços de novos projetos e lançamentos imobiliários na Região Metropolitana de Belém estão pressionados pela escassez de mão de obra qualificada na construção civil. De acordo com a Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Pará (Ademi-PA), as altas têm girado em torno de 3% a 4%, especialmente na capital paraense e nas cidades vizinhas, com pressão ainda maior nos bairros nobres.


Presidente da entidade, José Albino Vieira reforça que a situação vivenciada em todo o país se repete na Grande Belém. Na sua opinião, a falta de trabalhadores disponíveis para serviços operacionais se deve a novas oportunidades que têm surgido no mercado de trabalho. “Antigamente, os pedreiros, carpinteiros e serventes acabavam trazendo o filho para trabalhar, ou um sobrinho. Hoje no mercado da construção civil a pessoa trabalha seis meses, até um ano, depois compra uma moto e vai ser motoboy, tem a liberdade de escolher o que quer e sai do ramo”, explica.

Já para a diretora adjunta de relações do trabalho do Sindicato da indústria da construção do Estado do Pará (Sinduscon-PA), Lilianne Kahwage, embora haja escassez de mão de obra localmente, este cenário sempre foi observado, portanto, não é o grande motivador dos altos custos. “Por estarmos no Norte, sempre tivemos dificuldade em relação à mão de obra. Não acho que seja um ponto fundamental, isso sempre aconteceu, assim como a logística sempre dificultou e o acesso a indústrias ainda é carente”, diz.

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Apesar de concordar que os preços estão mais altos e que a falta de profissionais qualificados no setor tem pressionado os custos de produção dos projetos imobiliários no Pará, Lilianne afirma que apenas a logística representa 20%, até 30% do custo total do mercado. Fora isso, há ainda o gasto com matéria prima e com os tributos. Tudo isso, segundo ela, encarece bastante os custos na região.

Capacitações são necessárias

A diretora do sindicato ressalta que se trata de um momento atípico, principalmente por causa da alta demanda de obras criada para a COP 30, que será realizada em Belém daqui a um ano, o que deixa os prazos de entrega reduzidos, já que os projetos requerem muita mão de obra.

Para dar conta de toda a demanda, segundo Lilianne, tanto os empresários quanto as instituições estão firmando parcerias para criar cursos de capacitação que vão desde o serviço de pedreiro até especificações mais técnicas, como eletricistas. “Tem um ponto positivo: em função dessa movimentação, as capacitações estão sendo muito maiores do que antes. O Pará está com formação de mão de obra mais técnica, as entidades estão envolvidas e, do outro lado, os empresários estão em busca de capacitação e incentivam a retenção, com mais benefícios. Tem canteiros de obras com alfabetização para a equipe e interação maior com a saúde mental dos colaboradores”, menciona.

O intuito desse trabalho é reduzir os custos na ponta. O presidente da Ademi-PA, José Albino, concorda que tem havido um esforço do setor para que haja um número maior de trabalhadores na construção civil, mais especificamente no setor imobiliário. “Por causa dessa dificuldade, fizemos parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) para ter cursos de carpinteiros, instalador, eletricista, pedreiro, e foram feitos vários cursos para diminuir esse impacto, mas ele é significativo”.

O cenário futuro, de acordo com o representante dos dirigentes de empresas do mercado imobiliário local, vai depender da aceleração da economia. Com menos profissionais disponíveis, há mais dificuldade para contratar, e os preços da mão de obra mais cara são repassados para o consumidor. E com o aumento de demanda a um ano da COP 30, é possível que as circunstâncias piorem, mas, após o evento, Albino acredita que tudo deve voltar à normalidade.

Quando ao Sinduscon-PA, a diretora detalha que, hoje, as capacitações mais necessárias são para eletricista e hidráulico, assim como de marceneiro. “São qualificações que a gente sempre precisa e sempre busca pessoas muito boas”, afirma. Lilianne espera que este panorama de busca por mais treinamento continue mesmo após a COP 30 em Belém. Nas palavras dela, isso tornará o mercado mais pujante e a cidade mais propícia a receber investimentos e novas indústrias, gerando emprego e renda no Estado.

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